terça-feira, 17 de abril de 2007

Ataques PCC

RETROSPECTIVA 2006: SÃO PAULO TEM ANO DE ATAQUES

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Do G1, em São Paulo
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Ônibus foram incendiados e prédios e repartições públicas foram atacados

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11 de maio - Por causa de informações obtidas por escuta telefônica que indicavam que o crime organizado estaria planejando uma série de rebeliões para o Dia das Mães (no domingo seguinte, dia 13), a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo transfere 765 presos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

12 de maio - Às 16h30, em Avaré, começa o primeiro motim em penitenciárias do estado, após a transferência do chefe da quadrilha que atua nos presídios, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. A ordem para que se realizem motins em todo o estado parte dos próprios presos que, por meio de telefones celulares, articulam as ações nos presídios e também os ataques contra agentes da segurança pública.

Ainda na sexta-feira, São Paulo começa a sofrer a primeira – e maior – onda de ataques a policiais, guardas municipais e agentes penitenciários do ano. A ação contra a força de segurança do estado deixa, entre a noite de sexta e a madrugada de sábado, 21 mortos e 15 feridos.

13 de maio - A onda de ataques é intensificada, e em 69 atentados, 27 policiais e 1 civil são mortos. Os ataques ultrapassam os limites da Grande São Paulo e atingem postos da polícia no litoral e no interior do estado. Mesmo fora de serviço, integrantes das forças de segurança são assassinados.

14 de maio - O comando do crime organizado muda os alvos dos ataques. Agências bancárias são atingidas por tiros e bombas caseiras. Criminosos atiram três granadas contra o Fórum Regional de Santana. A partir do início da tarde de domingo, dezenas de ônibus são incendiados – ao menos 50 carros são destruídos. No total, mais de 25 mil detentos de 73 unidades prisionais – de um total de 107 em todo o estado, entre presídios e Centros de Detenção Provisória (CDPs) – se rebelaram durante o fim de semana.

15 de maio - No mesmo dia que a organização criminosa determina o fim das rebeliões e a suspensão dos atentados, a cidade de São Paulo vive horas de caos. Por conta do medo e de boatos que davam conta de que haveria ataques a pontos de ônibus, lojas, escolas e shopping centers, a cidade pára. O transporte público deixa de funcionar e o comércio fecha as portas.

O clima de medo e a ausência de ônibus nas ruas fazem com que as empresas liberem seus funcionários mais cedo, o que provoca um "horário de rush" antecipado na cidade. O congestionamento começa por volta das 15h30. Às 18h, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registra 212 km de vias paradas, contra média de 58 km, recorde para o horário. São Paulo vai dormir mais cedo, e nem mesmo restaurantes, farmácias e padarias 24h ficam abertas após 20h.

16 de maio - Chega ao final a primeira onda de ataques a alvos policiais e civis em São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) anuncia os números finais da crise: foram 251 ataques, com 115 mortos e 115 suspeitos presos. Entre os mortos estão 32 policiais (civis e militares), 8 carcereiros, 4 civis e 71 suspeitos de fazerem parte da organização dos ataques.

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12 de julho - Dois meses após a primeira série de ataques, São Paulo volta a enfrentar o clima de tensão por conta de novos enfrentamentos nas ruas. Na quarta-feira, o estado é palco de 72 ataques contra alvos militares e civis – incluindo supermercados, agências bancárias, concessionárias de automóveis e sindicatos. Trinta ônibus foram queimados. Nas primeiras horas do dia, a Polícia Militar registra 48 ataques, com quatro mortos e um PM ferido.

13 de julho - A nova onda de insegurança provocou nova crise nos transportes públicos. Por causa dos incêndios em ônibus, diversas companhias optaram por manter os veículos recolhidos nas garagens na quinta-feira. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) cancelou o rodízio municipal. O número total de ataques chega a 102, com oito mortos. Uma bomba-relógio explode no estacionamento do Shopping Aricanduva, na Zona Leste de São Paulo. O ataque, no entanto, não deixa vítimas.

14 de julho - O governo federal acerta o repasse de R$ 100 milhões para a construção de presídios e a compra de equipamentos de segurança em São Paulo. No final do dia, a SSP anuncia a prisão de 61 suspeitos de participação nos ataques.

15 de julho - Criminosos retomam os ataques a ônibus, e três veículos são incendiados na Grande São Paulo. Por causa dos atentados, uma das empresas de lixo que operam em São Paulo passou a fazer o serviço com escolta da Guarda Civil Metropolitana. Um tenente reformado da Polícia Militar é executado em Praia Grande, no litoral de São Paulo.

16 de julho - Os últimos atentados da segunda série são registrados na noite de domingo, mas sem gravidade. O número de agentes de segurança mortos na segunda onda de ataques chega a sete.

7 de agosto - A quadrilha retoma os ataques na capital durante a madrugada. Uma bomba é atirada na sede do Ministério Público, no centro de São Paulo, e destrói a porta e a recepção do prédio. A Secretaria da Fazenda, também no centro, é atingida por três bombas. Os criminosos atacam diversos supermercados, agências bancárias e postos de gasolina em toda a cidade. Cinco viaturas do Deic são incendiadas na Zona Norte.

Tiros atingem um vagão vazio do metrô no Tucuruvi. No interior de São Paulo, são registrados ataques em oito cidades e, no litoral sul, três delegacias viram alvos. Um vagão de trem da CPTM é incendiado na estação do Itaim Paulista. Levantamento divulgado pela SSP apontou 78 locais de ataque, com 93 alvos, em todo estado. Pelos dados da polícia, 22 ônibus foram incendiados e 32 postos ou agências bancárias e 12 postos de gasolina, atacados.

8 de agosto - Os ataques continuam em agências bancárias, ônibus e postos policiais, mas em menor intensidade. Bandidos tentam incendiar a garagem da Secretaria Estadual de Justiça, no centro. Dos vinte carros, apenas um é danificado. Uma granada de uso exclusivo do Exército é encontrada em um chafariz ao lado do túnel Nove de Julho. Um quarteirão da Avenida Paulista é interditado por causa da suspeita de uma bomba em uma mala abandonada próxima à Consolação.

9 de agosto - A SSP anuncia a prisão de 33 pessoas suspeitas de ligação com os ataques em São Paulo. O número de ocorrências chega a 167. Justiça decide permitir a saída dos presos do regime semi-aberto no Dia dos Pais. O Ministério Público havia pedido a suspensão do benefício por causa dos recentes ataques.

12 de agosto - Integrantes da quadrilha responsável pelos ataques seqüestram o auxiliar-técnico Alexandre Calado e o repórter Guilherme Portanova, da TV Globo. Calado é libertado no mesmo dia, e entrega à emissora um vídeo, que deveria ser exibido pela TV como condição para que o repórter fosse solto. Portanova é libertado na manhã seguinte, após a exibição do vídeo.

31 de outubro - Uma "gato" em uma linha de um orelhão desativado para um barraco no Morro da Vila Baiana no Guarujá, a 87 km da capital, leva a Polícia Civil a prender quatro traficantes, entre eles Sérgio Machado, o Borega, foragido da Penitenciária de Marília e ligado à quadrilha que atua nos presídios.

6 de novembro - Detentos submetidos ao chamado Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) - incluindo Marcola -, iniciam greve de fome contra as mudanças feitas nas celas depois das obras de reforma do presídio, em agosto. Dos 61 presos em Presidente Bernardes, 40 se recusaram a tomar o café da manhã e somente 13 aceitaram as marmitas do almoço. No jantar, o quadro se repetiu. Após 12 dias, em 18 de novembro, os detentos encerram a greve.

12 de dezembro - É anunciada a prisão de Sidney Rogério de Moraes, de 39 anos, conhecido como Lacraia ou Nei, apontado como o maior arrecadador em São Paulo e na Baixada Santista da quadrilha que age nos presídios paulistas. Todos os meses, Moraes arrecadaria de R$ 400 mil a R$ 500 mil para repassar aos chefes do bando. São indiciados também três supostos diretores da escola de samba Império da Casa Verde, bicampeã do Carnaval de São Paulo. De acordo com a polícia, os alegados diretores têm uma ligação "estreita" com Lacraia.

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