terça-feira, 17 de abril de 2007

Chavez, Econ Brasil, Relatório Onu Aquec Global IPCC, Rondônia

08/03/2007 - 14h48

Espectro de Chávez ronda viagem de Bush
DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil , em Brasília

Embora o governo brasileiro negue um papel mais ativo na relação entre Estados Unidos e Venezuela, o "fantasma" do presidente Hugo Chávez permeia a viagem que o presidente americano, George W. Bush, faz a partir desta quinta-feira por cinco países da América Latina.

A própria viagem foi decidida a partir da percepção da Casa Branca de que era preciso se reaproximar da região, depois do foco total no Oriente Médio a partir de 2001.

Mas a crescente influência de Chávez --com presidentes aliados vencendo eleições no ano passado na Bolívia, Nicarágua e Equador-- tornou o assunto mais urgente.

Como disse o subsecretário de Estado de Assuntos Políticos ao anunciá-la, Nicholas Burns, a viagem se concentraria "numa agenda positiva com países amigos". Por isso, além de Brasil, Bush visita o Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. E deixa de fora Argentina, Bolívia e Equador, países mais alinhados com Chávez.

Em resposta, Chávez visita a partir desta quinta-feira a Argentina e depois vai à Bolívia.

Ajuda

A iniciativa do governo americano de anunciar um pacote de medidas assistencialistas foi recebida com ironia por vários analistas, que consideram os planos americanos ultrapassados em estilo e pouco ambiciosos em valores para contrapor a influência chavista.

O presidente venezuelano usou nos últimos anos seus petrodólares para implantar generosos projetos de ajuda aos países mais pobres da região.

Se há alguns anos as diferenças entre Estados Unidos e Venezuela se resumiam à linguagem forte do presidente venezuelano, às vezes respondida por algum funcionário de segundo escalão do Departamento de Estado, a partir de sua reeleição Chávez começou a colocar o discurso em prática.

Nos últimos meses, o presidente venezuelano anunciou a nacionalização de empresas estrangeiras e ameaçou confiscar ou fechar empresas que não cumprirem o tabelamento de preços determinado pelo governo, além de medidas de restrição à liberdade de imprensa.

Tanto a Casa Branca quando o Planalto afirmam que a Venezuela não é o ponto central do encontro entre Lula e Bush. O assunto mais importante, para os dois países, é uma parceria na área de etanol, para criar um mercado internacional para o combustível. Os dois respondem por 72% da produção mundial.

O governo brasileiro não critica publicamente Chávez, mas de vez em quando manda recados e faz o possível para se diferenciar do vizinho bolivariano.

Na cerimônia de lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em janeiro, o presidente Lula disse que o crescimento não pode acontecer às custas da democracia. "Assim como não adianta crescer sem distribuir, não adianta crescer sem democratizar", afirmou, no que foi interpretado como um claro recado ao país de Hugo Chávez, um dos que mais cresce na região.

Exemplo

Quando foi questionado sobre o que o Brasil tinha a oferecer aos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim disse que o país podia oferecer o próprio exemplo.

"Uma postura de forte apoio à democracia, de forte cunho social. Uma influência positiva na região, não uma influência de hegemonia. Uma influência por contato", afirmou o ministro.

Nesta quarta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, disse que o governo não considerava que tinha que escolher entre os dois parceiros porque relações externas do Brasil "não são excludentes".

Por outro lado, o Brasil não se recusou a vender equipamentos militares para a Venezuela, que está reequipamento suas Forças Armadas e vem sendo acusada por Washington de querer comprar armamentos "acima da sua necessidade".

O negócio para a venda de aviões Super Tucano da Embraer só não saiu em 2005 porque foi vetado pelo governo americano, já que os aviões têm componentes produzidos naquele país.

O colunista do jornal americano "Miami Herald" Andrés Oppenheimer, autor de uma coluna sobre América Latina, escreveu sobre o encontro dos dois presidentes que Lula "vai ficar um pouco mais perto de Washington, mas não o vejo e tornando um muro de contenção contra Chávez".

Ele lembra que Lula não pode antagonizar seus eleitores de esquerda e criticar Chávez publicamente, e portanto deve continuar fazendo o que já faz: "criticar Chávez em privado (e permitir que seus comentários sejam vazados para a imprensa), enquanto o elogia em público".

Como resultado dos dois encontros este mês entre Lula e Bush, Oppenheimer diz que no máximo as críticas vão aumentar e os elogios diminuir.

14/03/2007

Por quê? Porque Lula quis
Os cidadãos, mesmo os leigos em economia, sempre se perguntam quem, como, onde e por que os governantes tomaram tal ou qual decisão que afeta milhões de vidas. Com base em que regra científica? Com que parâmetros? As respostas demoram anos e costumam ser surpreendentes -- ou assustadoras.

Quando Fernando Collor de Melo assumiu a Presidência, em 1990, com aquele caminhão de votos e aquela ousadia desabalada, escolheu a economista Zélia Cardoso de Melo (que não é sua parente) para o Ministério da Economia e, juntos, decretaram o confisco da poupança do brasileiro.

Na época, o teto para manter o suado e não necessariamente rico dinheirinho era de 50 mil cruzados novos, que viraram 50 mil cruzeiros (ou seria o contrário? Nem importa mais). E por que não 40 mil, ou 60 mil, ou 100 mil?

A resposta, aflita, nervosa, só veio muito tempo depois: porque, numa reunião dos poderosos da época, quando se fechou o pacote do confisco, ninguém tinha idéia de um valor razoável e Zélia simplesmente chutou 50 mil. Chutou e emplacou. Regra científica zero. Parâmetro zero.

Já no governo Luiz Inácio Lula da Silva, as perguntas que martelam corações, mentes e bolsos é por que a meta de inflação foi fixada em 4,5%, por que o superávit primário pulou para massacrantes 4,25% e por que, como resultado disso tudo, os juros são os maiores do planeta?

São perguntas de leigos, como nós, meros assalariados, de experts, como economistas, empresários, banqueiros, e de "gente do ramo" -- oportunistas e apostadores em geral.

Só agora as respostas chegam, pelo livro "Sobre Formigas e Cigarras" (Editora Objetiva), do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci Filho, agora de volta à Câmara dos Deputados. Por que a meta de inflação foi de 4,5% e não de 5% ou de 5,5%, que daria mais flexibilidade à política econômica? Porque... Lula quis.

Conforme registro da imprensa sobre o livro, estavam todos lá reunidos na piscina do Alvorada com Lula: Palocci, Dirceu e Gushiken (o "núcleo duro", lembra?) e mais Luiz Dulci e o vice José Alencar. Palocci queria 5%, Dirceu tentou 5,5%. Mas Lula é quem manda e não foi nada "Paz e Amor". Bateu o martelo e pronto.

A alegação do presidente para sua equipe foi a de que ele fora líder sindical durante anos, tinha combatido a inflação alta metade da vida e que 4,5% como meta estava bom demais. Regra científica zero. Parâmetros zero.

E assim vai caminhando a Humanidade, ou melhor, o Brasil. O presidente não precisa entender nada de economia, nem dar explicações. Usa o faro, a intuição, o poder. E manda bala.

Depois, quando os juros na estratosfera empurram o Brasil para o penúltimo lugar das Américas em índice de crescimento (só melhor do que o Haiti), basta jogar a culpa na "herança maldita" e dizer que, em compensação, as reservas internacionais bateram em US$ 100 bilhões.

E, quando a pressão aumenta, o presidente não se aflige. Chama Dilma Rousseff e lança o PAC. Com que regra e critério científico? Com que parâmetros? Bem, isso a gente deixa prá lá. Um dia desses, alguém escreve um livro e "explica tudo". Se é que há de fato algo para explicar, ou para entender.


Eliane Cantanhêde é colunista da Folha e assina a coluna "Brasília" aos domingos, terças, quintas e sextas. Formada pela UnB, foi diretora das sucursais de "O Globo", "Gazeta Mercantil" e da Folha em Brasília. Escreve para a Folha Online às quartas.





São Paulo, sábado, 07 de abril de 2007











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Pobres já pagam conta do clima, diz painel

África, Ártico e deltas asiáticos são as regiões mais sensíveis ao aquecimento

Segunda parte do esperado quarto relatório do IPCC prevê extinção de espécies, falta d'água e inundações antes do final deste século

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

A combinação das mudanças climáticas e seus efeitos com a destrutiva presença humana deve vencer a capacidade dos ecossistemas de absorverem os impactos -e a conta, como de costume, será cobrada das populações mais pobres.
A falta d'água em regiões já secas, como o sertão nordestino e partes da África, e o excesso dela em áreas sujeitas a inundações, como os superpopulosos deltas de rios asiáticos, porão em risco "muitos milhões de pessoas" até 2080.
Esses cenários, medidos com um grau inédito de especificidade, foram apresentados ontem em Bruxelas (Bélgica) pelos cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática). Eles se apóiam em 29 mil séries de dados de observações, contidas em 75 estudos científicos.
Depois de demonstrar a culpa da ação humana nas mudanças climáticas em fevereiro, na primeira parte de seu Quarto Relatório de Avaliação (AR4), o IPCC agora fechou o elo comprovando a ligação entre tais alterações de temperatura e os impactos já observados nos ecossistemas da Terra.
A constatação mais trágica é que as regiões mais impactadas são justamente as mais pobres, "onde as pessoas são menos capazes de se adaptar à mudança climática", como disse o indiano Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.
"É exatamente o que nós não gostaríamos que acontecesse: o aquecimento tornando um mundo desigual ainda mais desigual", declarou o britânico Martin Parry, co-presidente do grupo de trabalho que apresentou ontem o sumário executivo da segunda parte do AR4.
O texto, direcionado aos formuladores de políticas públicas, aponta que, até 2020, uma população de até 250 milhões de pessoas vai ser exposta à falta de água na África, com uma redução de até 50% na produção agrícola em alguns países.
O cenário é semelhante em diversas partes superpovoadas da Ásia, onde "mais de um bilhão de pessoas" podem ser afetadas até 2050. Na América Latina, é esperado que o aquecimento leve "à salinização e desertificação das terras cultiváveis" nas regiões mais secas.
A apresentação destacou o nordeste brasileiro, onde a recarga de aqüíferos pode cair 70% até a década de 2050.
A lista de ecossistemas já afetados é vasta: recifes de corais, o Ártico, florestas boreais, montanhas, regiões mediterrâneas e costeiras, manguezais.

Adaptação
O relatório tratou ainda das medidas de adaptação às mudanças climáticas que já são necessárias, uma vez que os impactos futuros são "inevitáveis devido às emissões [de gases-estufa] do passado".
"Apesar de toda a conversa sobre mitigação, nos próximos dez a 50 anos as estratégias de adaptação serão vitais e quanto antes começarmos a adotá-las, melhor", disse Parry.
"Mesmo que chegássemos a um consenso sobre mitigação, e progredimos pouco na última década, seus efeitos só seriam sentidos a longo prazo, por isso vamos ter de nos adaptar."
Alguns esforços adaptativos já estão ocorrendo, segundo o texto, mas ainda é preciso mais investimento nessa área, que tem "alguns limites e custos" que não foram totalmente compreendidos.
O clima da apresentação de ontem foi, como de praxe, sombrio, dadas as previsões e dados apresentados. Ainda assim, os cientistas evitaram a pecha de pessimistas ou catastrofistas.
"Não acho que as previsões sejam aterrorizantes, elas são sérias. Acima de tudo, não acho que estejamos exagerando. Pelo contrário, o IPCC tende a reduzir o impacto das informações, porque elas são revisadas", disse Parry.
Segundo o britânico, quem exagera a partir dos dados apresentados é a imprensa e a população que recebe as notícias.
"Acho que o público e a imprensa já estão à frente da ciência em termos de previsões catastróficas, fazendo conexões que ainda não estão nos dados."
O otimismo torto do IPCC foi bem traduzido pelo outro co-presidente do atual grupo de trabalho, o argentino Osvaldo Canziani. "Algum dia aprenderemos, as pessoas aprendem quando apanham."
A surra climática, nitidamente, já começou. Resta acudir quem está sentindo.




Mundo | 06.04.2007
Novo relatório da ONU avalia impacto social e ecológico do clima

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Gelo no Ártico e nos Alpes derrete em ritmo acelerado



Após noite de discussões, a ONU divulga a segunda parte de um amplo relatório sobre o clima, no qual avalia o impacto social e ecológico do aquecimento global. EUA, China, Rússia e Arábia Saudita suavizam texto final.
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta sexta-feira (06/04) a segunda parte de um amplo relatório sobre o aquecimento global, na qual peritos de mais de uma centena de países envolvidos no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, segundo a sigla em inglês) avaliaram a vulnerabilidade das diversas regiões do globo e o impacto a que estarão expostas com o aumento da temperatura.



Após uma reunião em Bruxelas que durou a noite toda e a manhã da sexta-feira, a versão final do relatório Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade , de cerca de 1400 páginas, foi divulgada com algumas horas de atraso, devido principalmente a contestações feitas por Rússia, China, Arábia Saudita e Estados Unidos e que dificultaram a concretização do acordo.



Bildunterschrift: Imagens de satélite 1979 e 2005 ilustram derretimento do gelo da calota polar Enquanto os EUA reivindicaram e obtiveram a eliminação de um parágrafo que alertava para perigosos efeitos na América do Norte, a China criticou a formulação que advertia para "riscos muito elevados", questionando os critérios científicos empregados. Especialistas criticaram esta resistência como "vandalismo" da política perante a ciência.



Futuro nefasto



Cientistas avaliam que 30% do total de espécies vegetais e animais poderia desaparecer da face do planeta se a temperatura subisse entre 1,5ºC e 2,5 ºC. Os seres humanos, aliás, respondem por 90% da culpa pelo aquecimento do globo.



Entre os efeitos previstos, estão a proliferação de doenças, a redução dos rendimentos agrícolas, aumento de tempestades tropicais e secas, degelo da calota polar e de picos nevados e o conseqüente aumento do nível do mar.



Países mais pobres são ao mesmo tempo os menos culpados e os mais afetados. Por isso, a ministra alemã de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, pede que países industrializados façam mais para conter o aquecimento terrestre. Ela sugere também que países que possuem florestas tropicais recebam ajuda financeira, já que 20 a 25% do aquecimento pode ser causado pela destruição florestal.



Europa sofrerá impacto variado



Só na Europa, cerca de 30 mil dados científicos compilados alertam para expressivas alterações na fauna e na flora. "As plantas florescem mais cedo e espécies adaptadas ao calor migram para novas regiões", alerta o pesquisador Hans-Martin Füssel, da Universidade de Potsdam. Segundo ele, a onda de calor de 2003, que causou a morte de muitas pessoas no continente, pode ser considerada conseqüência indireta da mudança climática.



Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Negociações em Bruxelas duraram uma noite inteiraEle adverte que a população européia terá que se preparar cada vez mais para variações extremas de temperatura. "Em todo o continente, aumentarão as ondas de calor e as inundações. Na Europa Central e no Norte Europeu, haverá mais enchentes nos períodos de degelo, e o sul da Europa sofrerá ainda mais com secas e incêndios florestais". Além disso, o aumento do nível do mar pode levar a cheias na costa, tempestades e enchentes fluviais.



Especialmente ameaçados estão plantas e animais de regiões serranas, que só em parte poderão escapar para regiões ainda mais altas. "Se a emissão de gases poluentes não for contida, mais da metade dessas espécies estará desprovida da base de sua existência", explica.



Conseqüências positivas?



Mas Füssel também lembra que determinadas regiões poderão sofrer conseqüências positivas do aquecimento. Uma delas é a diminuição de doenças relacionadas ao frio, como gripes e congelamentos. Além do turismo nas regiões costeiras, outra atividade que poderia lucrar com o aumento da temperatura é a agricultura. "Especialmente no norte da Europa pode-se esperar um aumento do potencial de cultivo agrícola."



Ele adverte, entretanto, que os efeitos negativos serão sempre mais numerosos que os positivos: "Não há nenhuma região em que sejam esperados apenas efeitos positivos".



(rr)

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10/04/2007 - 14h50

Mudança climática ameaça patrimônios da humanidade, diz Unesco
da France Presse, em Paris

As variações climáticas ameaçam os 830 locais inscritos na lista do Patrimônio Mundial da Unesco, segundo um relatório que estuda os efeitos em 26 locais, entre eles a região arqueológica de Chan Chan no Peru, a Grande Barreira de Corais da Austrália e o Parque Nacional do Kilimanjaro, na Tanzânia.

"Hoje em dia, a comunidade internacional está amplamente de acordo em estimar que a mudança climática constituirá um dos maiores desafios do século 21", lembrou o diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuura, no relatório, intitulado "Estudos de Caso em Mudança Climática e Patrimônios Mundiais".




21.mar.2007/Reuters



vista do monte Kilimanjaro, um dos patrimônios ameaçados pelo aquecimento global

A publicação está dividida em cinco capítulos: geleiras, biodiversidade marinha, biodiversidade terrestre, sítios arqueológicos e cidades e assentamentos humanos históricos.

No caso das geleiras, além de alterar a beleza destes locais e provocar inundações perigosas, a mudança climática põe em risco várias espécies selvagens, como o leopardo-das-neves, que vive no Parque Nacional de Sagarmatha, no Nepal.

No que diz respeito à biodiversidade marinha, a Unesco prevê que, até 2100, 70% dos corais de águas profundas serão afetados pelas alterações climáticas. Calcula-se que 58% dos corais no mundo estão em perigo.




9.abr.2007/Reuters



Inundações ameaçam construções históricas como as do centro de Praga, capital tcheca

Quanto à biodiversidade terrestre, a Unesco estuda, sobretudo, todas as áreas protegidas da Região Floral do Cabo, na África do Sul, e recomenda a criação de zonas protegidas e o deslocamento para outros locais das espécies que estão especialmente em perigo.

No que diz respeito aos tesouros arqueológicos, a organização citou como exemplo a cidadela de Chan Chan, no Peru.

Segundo a Unesco, as chuvas causadas pelo fenômeno El Niño afetam as frágeis construções de barro de Chan Chan, a antiga capital do reino Chimu, uma das mais importantes cidades pré-hispânicas da América, com arquitetura de adobe.

Por último, a elevação do nível do mar e as inundações podem ter efeitos devastadores nas construções e no tecido social das cidades e assentamentos humanos históricos. A Unesco citou o bairro financeiro da City, em Londres, Praga, na República Tcheca, a cidade de Timbuctu, no Mali, e o Bosque dos Cedros de Deus, no Líbano.
10/04/2007 - 12h48

Brasileiros culpam EUA e Brasil pelo aquecimento global
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online , em Brasília

Pesquisa CNT Sensus divulgada nesta terça-feira (10) mostra que 70,9% da população brasileira tem acompanhado ou ouviu falar sobre o aquecimento global e os efeitos que ele pode causar sobre o clima do planeta.

Deste total, 67,1% demonstrou muito interesse sobre o assunto enquanto 31,2% disse manifestar pouco ou nenhum interesse sobre o tema. A maioria dos entrevistados, 25,5% do total, responsabilizou os EUA pelo aquecimento global.

O Brasil foi apontado em segundo lugar como país responsável pelo aquecimento global, com 5,8% do total dos entrevistados, atrás de países como a China, Japão e a União Européia.

06/04/2007 - 09h43

Aquecimento global pode provocar extinção de 30% das espécies, diz painel
da Folha Online

Uma conferência internacional de aquecimento global aprovou nesta sexta-feira uma relatório que alerta contra ameaças diretas ao planeta Terra e à sobrevivência da humanidade a não ser que o mundo se adapte às mudanças climáticas e aja para interrompê-las. As ameaças vão do aumento vertiginoso da fome no mundo à extinção de até 30% das espécies do planeta.

De acordo com relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na siga em inglês --considerado a maior liderança mundial em mudança climática), até 30% das espécies do planeta enfrentam um risco crescente de desaparecerem se a temperatura global aumentar 2ºC acima da média dos anos 1980 e 1990.




22.mar.2007/AP



Hindu bebe água poluída do rio Ganges em Allahabad, Índia; IPCC aponta risco de seca

Para este século, a previsão do relatório é que as temperaturas aumentarão entre 1,8ºC e 4ºC.

Áreas que atualmente sofrem com a falta de chuvas se tornarão ainda mais secas, aumentando o risco de fome e doenças no mundo, diz o relatório. O mundo enfrentará também ameaças crescentes de enchentes, tempestades e erosão.

"É uma pequena visão de um futuro apocalíptico", afirmou o grupo ambientalista Greenpeace sobre o relatório final.

O relatório afirma que a África será o continente mais atingido pela mudança climática. Até 2020, prevê o texto, até 250 milhões de pessoas poderão ser expostas à falta de água. Em alguns países, a produção alimentícia cairá pela metade.

A América do Norte deverá experienciar tempestades mais severas, com perdas humanas e econômicas, ondas de calor e incêndios selvagens.

Partes da Ásia estão sob ameaça de grandes enchentes e avalanches devido ao derretimento das geleiras do Himalaia. A Europa também verá o desaparecimento das geleiras dos Alpes, diz o texto.

A Grande Barreira de Corais da Austrália perderá muitos de seus corais mesmo em aumentos moderados da temperatura do mar.

A série de relatórios do IPCC de 2007 é a primeira em seis anos do corpo de 2.500 cientistas formado em 1988. A conscientização do público sobre mudanças climáticas deu ao IPCC importância vital e alimentou a intensidade das negociações --a portas fechadas-- durante a conferência de cinco dias desse ano.

Acordo

Um acordo sobre o relatório final foi alcançado após uma sessão que durou toda a noite de quinta para sexta-feira, na qual capítulos-chave foram simplesmente eliminadas do texto enquanto cientistas confrontaram negociadores de diversos governos que tentavam diluir as ameaças contidas nos dados oficiais.




2.abr.2007/Reuters



Rajendra Pachauri, chefe do IPCC, discursa em abertura da conferência em Bruxelas

"Foi um exercício complexo", admitiu Rajendra Pachauri, líder do IPCC, ao falar sobre o acordo. Vários cientistas apresentaram suas objeções contra a edição final do relatório, mas no final tiveram de concordar com as concessões.

O clímax dos cinco dias de negociações foi alcançado quando delegados removeram partes de um capítulo que destacava os efeitos devastadores das mudanças climáticas, que acontecem a cada aumento de 1º C na temperatura do planeta, além de uma discussão sobre o nível de confiabilidade científica de algumas afirmações.

Objeções

Apesar das dificuldades na redação do relatório, as dúvidas sobre as descobertas científicas foram poucas. "Pela primeira vez, não estamos falando com base em modelos científicos", disse Martin Perry, que conduziu algumas das negociações. As informações foram obtidas com base em 29 mil grupos de dados coletados nos últimos cinco anos.

Os Estados Unidos, a China e a Arábia Saudita foram responsáveis pela maioria das objeções ao texto, muitas vezes buscando minimizar a certeza de algumas das previsões mais catastróficas.

O relatório final do IPCC é a mais clara e abrangente afirmação científica até o momento sobre os efeitos do aquecimento global, causado principalmente pela poluição de dióxido de carbono provocada pela ação do homem.

Políticas governamentais

Negociadores se debruçaram sobre um rascunho de 21 páginas destinado a ser um guia de políticas ambientais para governos. O relatório apresenta brevemente o texto completo, de 1.500 páginas, sobre as provas científicas de mudanças climáticas que já aconteceram e sobre o impacto que elas terão nas pessoas e ecossistemas mais vulneráveis da Terra.




27.mar.2007/Reuters



IPCC alerta para risco de derretimento de geleiras; na foto, geleira Upsala, na Argentina

Mais de 120 países compareceram à conferência. Cada palavra foi aprovada por consenso, e todas as mudanças tiveram de ser aprovadas pelos cientistas que redigiram esta parte do relatório.

Apesar de enfraquecido pela retirada de alguns elementos, o relatório final "envia um sinal muito, muito claro para os governos", disse Yvo de Boer, principal oficial que lida com o clima na ONU (Organização das Nações Unidas).

O resumo será apresentado na cúpula do G8 (grupo dos países mais ricos do mundo) em junho, quando espera-se que a União Européia renove seus apelos ao presidente dos EUA, George W. Bush, para que ele se una aos esforços internacionais para controlar as emissões de combustíveis fósseis.

Durante a sessão final, a conferência enfrentou discussões sobre uma frase que dizia que o impacto das mudanças climáticas já está sendo sentido em todos os continentes e em muitos oceanos.

"Há uma confiança muito alta de que muitos sistemas naturais estão sendo afetados por mudanças climáticas regionais, particularmente a elevação das temperaturas", afirma a primeira página do relatório.

A China insistiu em retirar a palavra "muito" da frase, de modo a introduzir alguma dúvida sobre o que os cientistas afirmam que são observações inquestionáveis. Os autores do relatório se recusaram a concordar com a mudança, e o resultado foi horas de impasse e uma concessão final dos EUA de retirar as referências sobre o nível de confiança dos dados.

Com Associated Press


05/04/2007 - 08h56

Parte da Amazônia pode virar savana, alerta WWF
da BBC

Se a floresta amazônica se tornar um ambiente mais quente e mais seco, uma área de 30% a 60% pode se converter em um tipo de savana seca, de acordo com pesquisa realizada com apoio do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e incluída em relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) divulgado nesta quinta-feira.

O relatório "Salvando as Maravilhas Naturais do Mundo de Mudanças Climáticas" foi compilado em antecipação à divulgação do segundo parecer do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Segundo o documento do WWF, modelos sugerem que até 2050 as temperaturas na Amazônia vão aumentar entre 2 e 3 graus Celsius. "Ao mesmo tempo, uma diminuição nas chuvas durante os meses secos levará à seca generalizada."

Essas mudanças trazem graves conseqüências, diz o relatório. "O aumento projetado nas temperaturas e a diminuição da precipitação nos meses já secos podem resultar em secas longas e talvez mais graves, além de mudanças substanciais na sazonalidade."

A região é considerada uma das dez "maravilhas naturais" pela WWF, que diz que "o motor hidrológico da Amazônia tem um grande papel na manutenção do clima global e regional. A água liberada por plantas na atmosfera e por rios no oceano influencia o clima mundial e a circulação das correntes oceânicas".

O aquecimento do ambiente amazônico vai afetar água disponível, biodiversidade, agricultura e saúde humana, diz o relatório. "Ao lado de mudanças de utilização do solo, podemos esperar a degradação dos sistemas hídricos, perda de solos de valor ecológico e agrícola, diminuição na produção agrícola, aumento na infestação por insetos e propagação de doenças infecciosas.'

Emissões de CO2

Há preocupação de que a região amazônica acabe se tornando uma fonte, e não um agente na absorção de dióxido de carbono (CO2), e que seria um dos principais fatores no estímulo de mudanças climáticas.

"Atualmente, as florestas da Amazônia ainda são um reservatório para o CO 2, apesar de cerca de 20% das emissões globais de CO2 partirem do desmatamento. Mas foi previsto que o aumento das temperaturas, diminuição de precipitações e a 'savanização' da Amazônia vão levar a região a se tornar uma fonte de CO 2, ao invés de um reservatório."

Outras "maravilhas naturais" enumeradas no relatório incluem a Grande Barreira de Corais da Austrália, que "está ameaçada pelo aquecimento das águas, que provoca o branqueamento dos corais".

O rio Yang Tsé, na China, "enfrenta escassez de água na medida em que as geleiras do Himalaia continuam a diminuir".

"De tartarugas a tigres --do deserto de Chihuahua ao grande Amazonas--, todas estas maravilhas da natureza correm risco com o aquecimento global", disse Lara Hansen, cientista-chefe do Programa de Mudanças Climáticas do WWF.

"A adaptação às mudanças climáticas podem salvar alguns deles, mas só ação drástica de governos para reduzir as emissões podem dar esperança para impedir sua destruição completa."
03/04/2007 - 11h21

Brasileiros são os mais preocupados com o aquecimento global
da Folha Online

Os brasileiros são o povo mais preocupado com o aquecimento global, segundo pesquisa de opinião feita para a rede de TV BBC e divulgada nesta terça-feira.

A pesquisa, que envolveu 14 mil pessoas de 21 países, mostrou também que mais de dois terços da população mundial estão preocupados com o assunto.

Os americanos, porém, estão entre os menos ansiosos, embora seu país seja a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa.

"Mais de dois terços (68%) do mundo estão preocupados com a mudança climática, com os sul-africanos (82%) e os brasileiros (87%) entre os mais apreensivos", informou um comunicado com os principais resultados.

Os menos ansiosos com o assunto são os americanos (57%) e os indianos (59%).

Americanos

A pesquisa, feita pelo grupo de pesquisa Synovate, aponta que dois terços dos entrevistados reconhecem os EUA como o maior responsável pelo problema.

"Quase quatro em cada cinco americanos, no entanto, acreditam que não há um país que seja responsável", diz o comunicado.

Os EUA são o principal emissor de gases de efeito estufa --quase um quarto do total mundial, à frente de China, Rússia e Índia. Em termos de emissão per capita, cada americano é responsável por cerca de 20 toneladas/ano, contra a média mundial de menos de 4 toneladas/ano.

Ainda assim, a pesquisa descobriu que 22% dos americanos compraram ou pretendem comprar um carro menor --mais que a média mundial, de 20%.

O presidente dos EUA, George W. Bush, retirou o país do Protocolo de Kyoto, o principal plano da ONU (Organização das Nações Unidas) para a redução de emissão de gases de efeito estufa, em 2001, alegando, entre outros motivos, que isso prejudicaria o emprego de trabalhadores americanos.

Efeitos do aquecimento

Em fevereiro, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU, divulgou um relatório em que concluía com quase toda a certeza que o comportamento humano provoca o aquecimento global.

Nesta semana, o IPCC realiza uma nova conferência em Bruxelas para debater o segundo relatório, sobre os efeitos do aquecimento global. Ele deve ser divulgado na sexta-feira (6).

Segundo esse novo relatório, mares mais quentes causarão o desaparecimento de recifes de corais e peixes que vivem neles. Milhões de pessoas em cidades costeiras e em bacias de rios sofrerão com enchentes.

Nos países latino-americanos, calcula-se que entre 100 e 400 milhões de pessoas podem ter problemas de acesso à água potável no ano 2080.

Com Reuters



Livro explica causas e efeitos do aquecimento global
da Folha Online

"O Aquecimento Global - Causas e Efeitos de um Mundo Mais Quente" , editado pela Publifolha, explica como os gases naturais criaram uma atmosfera quente o suficiente para suportar a vida, mas que está sendo desestabilizada pela atividade humana. Por meio de gráficos claros e precisos, demonstra como seria a vida em um planeta mais quente e como o clima vai mudar, além de explicar qual o efeito do aquecimento global sobre o nível dos mares e como essas transformações irão afetar a economia mundial.




Reprodução



Livro explica o aquecimento global

O livro mostra ainda o complexo funcionamento do sistema climático e aponta as previsões dos mais renomados pesquisadores, além de propor opções sérias e sensatas que devemos adotar para enfrentar o impacto do aquecimento global e manter a temperatura sob controle.

Poucos duvidam de que a temperatura da Terra esteja subindo. O último século foi o mais quente do milênio. E a última década, a mais tórrida em 100 anos. Uma das causas mais importantes do aquecimento global é o chamado efeito estufa.

O livro analisa de forma prática os problemas do aquecimento do planeta, examina o seu impacto no clima, nas paisagens e nos ecossistemas, e propõe medidas para evitar uma tragédia ambiental.

A Série Mais Ciência traz temas importantes da atualidade, explicados por especialistas em uma linguagem acessível e ilustrados com imagens vibrantes.

"O Aquecimento Global - Causas e Efeitos de um Mundo Mais Quente"
Autor: Fred Pearce
Editora: Publifolha
Páginas: 72
Quanto: R$ 16,90
Onde comprar: Nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha





São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2007











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O segundo alerta

Novo relatório sobre impactos da mudança do clima no mundo mostra inação dos governos, entre eles o do Brasil

PELA SEGUNDA vez em dois meses, cumprindo sua agenda, o IPCC -Painel Internacional sobre Mudança Climática - lança um alerta incisivo sobre o futuro do planeta. Como ocorrera em Paris, o relatório agora apresentado de Bruxelas reitera que o aquecimento global é uma realidade e vai piorar, mas acrescenta que os pobres pagarão mais pela omissão dos governos de hoje.
Futuro não muito distante, ressalte-se. Segundo o sumário de Bruxelas, já em 2020 até 250 milhões de africanos poderão enfrentar escassez de água e redução no produto agrícola. Um continente relegado à miséria produziria hordas de refugiados em proporções inauditas.
Por volta de 2050, depósitos subterrâneos de água do Nordeste brasileiro poderão receber menos 70% de recarga. O semi-árido nordestino caminharia para a desertificação. Não haveria Bolsa Família que bastasse.
A biodiversidade também marcha para uma quadra escura, constata o IPCC (órgão criado em 1988 pela ONU). Cerca de 30% das espécies da Terra correrão risco de extinguir-se se a temperatura média do globo subir de 1,5C a 2,5C -algo mais que provável. A mortandade de corais na Grande Barreira, a leste da Austrália, deve acelerar-se.
O governo brasileiro talvez comemore a retirada da menção à perda de 20% a 45% de árvores da Amazônia. Seria como regozijar-se com a omissão, pelo médico, da faixa de probabilidade de um filho morrer de inanição. Fica no relatório, porém, a previsão de que a floresta enfrentará uma "savanização", tornando-se mais parecida com o cerrado -só as cifras foram omitidas.
Os representantes de governos de novo pressionaram para suprimir ou modificar passagens do relatório. EUA, Arábia Saudita, Rússia e China, em especial, batalharam para amenizar o documento que poderá ser usado para deles cobrar compromissos mais sérios com a saúde do globo depois de 2012. Até essa data, o controle das emissões de gases que contribuem para o efeito estufa é regido pelo Protocolo de Kyoto (cidade japonesa onde foi firmado o pacto internacional).
As sessões se prolongaram madrugada adentro. Os autores cientistas protestaram. É da regra do jogo consensualista na ONU, que tem vantagens e desvantagens. O aumento da visibilidade do funcionamento do IPCC só reforça a credibilidade e o impacto de seus relatórios.
Na condição de chanceladores desses documentos, torna-se mais difícil para governos nacionais justificarem sua inação. No Brasil, por exemplo, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), esforçou-se por fazer parecer que a administração Lula não está paralisada nesse setor, em contraste com todos os outros.
A ministra revelou que o presidente encarregou-a de coordenar várias iniciativas num Plano Nacional de Enfrentamento de Mudanças Climáticas. Vem aí o PEMC, depois do PAC e do PDE, da educação. Compilam-se idéias prontas, medidas em andamento, orçamentos fantasiosos e, num passe de propaganda, o governo parece agir.
Ao menos no que respeita à mudança climática, Lula aparenta ter escolhido uma coordenadora responsável. Isso não dá garantia de eficácia, contudo.


São Paulo, sábado, 07 de abril de 2007













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Governo de Rondônia teme novo massacre em reserva

Estado afirma que há 1.500 pessoas trabalhando ilegalmente em área indígena

PF e Funai consideram exagerada a estimativa; um dos índios indiciado pela morte de 29 garimpeiros em 2004 foi preso com munição

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Três anos após índios terem matado 29 garimpeiros que extraíam ilegalmente diamantes na reserva indígena Roosevelt, a pedra ainda é explorada dentro da terra dos cintas-largas.
Ofício da Secretaria da Segurança Pública de Rondônia enviado à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Estado afirma que existem 1.500 pessoas trabalhando irregularmente dentro da área.
O governo afirma que o fluxo de gente para a região aumentou nos últimos meses, o que eleva a "preocupação que tal fato [o massacre] venha a ocorrer novamente", diz o documento.
A Polícia Federal, responsável pela fiscalização da reserva, confirma a existência de invasores, mas afirma que, hoje, eles não passam de cem.
No dia 23 de março, quando foi feita a última varredura aérea da área, foram vistos ao menos 40 homens em diferentes clareiras, além de duas pás carregadeiras -máquinas usadas para remover grandes quantidades de terra.
"Desde o massacre, o número de pessoas lá dentro nunca passou de 300", disse Mauro Sposito, delegado da PF. Para ele, apesar da dificuldade de impedir a entrada de garimpeiros e do "risco latente" de conflitos entre não-índios e indígenas, a retirada de diamantes está "quase parada" se comparada com a época das mortes.
"Mas tirar todo mundo de lá é a mesma coisa que subir o morro da Rocinha e prender todos os traficantes", afirmou.
A reserva dos 1.300 cintas-largas tem 2,7 milhões de hectares, 18 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
O presidente da Funai (Fundação Nacional do índio), Márcio Meira, disse que a área é alvo de uma "pressão permanente" desde 2004 e que a função da entidade é "acalmar os índios". Ele considera que o número de 1.500 garimpeiros é "um certo exagero".
A reportagem não conseguiu localizar nenhuma liderança cinta-larga. Nacoça Pio Cinta Larga, um dos principais líderes da etnia e indiciado por participação nas 29 mortes de 7 de abril de 2004, foi preso no mês passado sob a acusação de levar para a aldeia, sem autorização, munição para arma de fogo.
O juiz, o promotor e o delegado de Espigão D'Oeste (RO), cidade mais próxima da reserva, confirmaram à Folha a presença de exploradores na área.
A informações vêm principalmente dos depoimentos de "rodados", nome dado aos homens que vão até a cidade tentando chegar ao garimpo e que, por não terem dinheiro para bancar a incursão na selva, vagam pelas ruas de Espigão. Para todas as autoridades ouvidas, o número de "rodados" cresceu nos últimos meses.

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