sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dicas prova Institucional 2os Anos Links

www.colegioweb.com.br/.../o-estado-portugues-no-brasil

www.pt.wikipedia.org/.../Transferência_da_corte_portuguesa_para_o_Brasil_(1808-1821)

 www.educacao.uol.com.br/...brasil/ult1702u68.jhtm

 www.suapesquisa.com/historiadobrasil/vinda_familia_real.htm



www.pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo


www.suapesquisa.com/historia/iluminismo




www.mundoeducacao.com.br/iluminismo/




http://www.brasilescola.com/





www.culturabrasil.pro.br/iluminismo.htm




www.algosobre.com.br/.../iluminismo-a-critica-ao-antigo-regime.html




www.suapesquisa.com/francesa/




www.algosobre.com.br/.../revolucao-francesa-1789-1799.html




www.culturabrasil.org/revolucaofrancesa.htm




www.educaterra.terra.com.br/.../home_rev_francesa.htm

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www.culturabrasil.pro.br/revolucaoindustrial.htm




www.suapesquisa.com/industrial




www.historiadomundo.com.br/.../revolucao-industrial.htm





Vinda da Família Real para o Brasil - Fonte : Sua Pesquisa . com


Período Joanino (1808-1821)

História da vinda da família real para o Brasil, mudanças e medidas econômicas

e culturais tomadas por D. João, retorno para Portugal.



Introdução




Em janeiro de 1808, Portugal estava preste a ser invadido pelas tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte. Sem condições militares para enfrentar os franceses, o príncipe regente de Portugal, D. João, resolveu transferir a corte portuguesa para sua mais importante colônia, o Brasil. Contou, neste empreendimento, com a ajuda dos aliados ingleses.



Chegada da família real ao Brasil



Nos quatorze navios, além da família real, vieram centenas de funcionários, criados, assessores e pessoas ligadas à corte portuguesa. Trouxeram também muito dinheiro, obras de arte, documentos, livros, bens pessoais e outros objetos de valor.



Após uma forte tempestade, alguns navios foram parar em Salvador e outros na cidade do Rio de Janeiro. Em março de 1808, a corte portuguesa foi instalada no Rio de Janeiro. Muitos moradores, sob ordem de D. João, foram despejados para que os imóveis fossem usados pelos funcionários do governo. Este fato gerou, num primeiro momento, muita insatisfação e transtorno na população da capital brasileira.



No ano de 1818, a mãe de D. João, D. Maria I, faleceu e D. João tornou-se rei. Passou a ser chamado de D. João VI, rei do Reino Unido a Portugal e Algarves.



Abertura dos portos às nações amigas



Uma das principais medidas tomadas por D. João foi abrir o comércio brasileiro aos países amigos de Portugal. A principal beneficiada com a medida foi à Inglaterra, que passou a ter vantagens comerciais e dominar o comércio com o Brasil. Os produtos ingleses chegavam ao Brasil com impostos de 15%, enquanto de outros países deveriam pagar 24%. Este privilégio fez com que nosso país fosse inundado por produtos ingleses. Esta medida acabou prejudicando o desenvolvimento da indústria brasileira.





Rei D. João VI

Medidas tomadas por D. João



D. João adotou várias medidas econômicas que favoreceram o desenvolvimento brasileiro. Entre as principais, podemos citar: estímulo ao estabelecimento de indústrias no Brasil, construção de estradas, cancelamento da lei que não permitia a criação de fábricas no Brasil, reformas em portos, criação do Banco do Brasil e instalação da Junta de Comércio.





Do ponto de vista cultural, o Brasil também saiu ganhando com algumas medidas tomadas por D. João. O rei trouxe a Missão Francesa para o Brasil, estimulando o desenvolvimento das artes em nosso país. Criou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real de Artes e o Observatório Astronômico. Vários cursos foram criados (agricultura, cirurgia, química, desenho técnico, etc) nos estados da Bahia e Rio de Janeiro.



Retorno de D. João para Portugal



Os franceses ficaram em Portugal durante poucos meses, pois o exército inglês conseguiu derrotar as tropas de Napoleão. O povo português passou a exigir o retorno do rei que se encontrava no Brasil. Em 1820, ocorreu a Revolução do Porto, sendo que os revolucionários vitoriosos passaram a exigir o retorno de D. João VI para Portugal e a aprovação de uma Constituição. Pressionado pelos portugueses, D. João VI resolveu voltar para Portugal, em abril de 1821. Deixou em seu lugar, no Brasil, o filho D. Pedro como príncipe regente.



Pouco tempo depois, D. Pedro tornou-se imperador, após o processo de Independência do Brasil (7 de setembro de 1822).



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Dicas p/ prova Institucional 3o Anos Links

www.historia.abril.com.br/.../africanderes-entender-apartheid-nao-esquecer-433562.shtml


www.sibila.com.br/.../1154--a-perpetuacao-do-apartheid-na-africa-do-sul

www.educacional.com.br/reportagens/apartheid/


www.portaldointercambio.com.br/.../o-fim-do-apartheid

http://auto-gestao.blogspot.com/.../20-anos-do-fim-do-apartheid-historia-de.html

www.pt.wikipedia.org/wiki/África_do_Sul

www.tribunadonorte.com.br/noticia/fim...apartheid/151332

www.tudoglobal.com/.../africa-do-sul-celebra-fim-do-apartheid.html

www.educacao.uol.com.br/.../apartheid-mandela.jhtm

Africânderes: para entender o apartheid (e não esquecer)


por Isabelle Somma
Fonte História Abril

No século 17, descendentes de holandeses, franceses e alemães chegaram à África para construir uma sociedade perfeita. Acreditando terem sido escolhidos por Deus, os africânderes, como ficaram conhecidos, lutaram contra o maior império do planeta, isolaram-se do mundo e criaram uma política segregacionista que resistiu até os anos 90.



Esta é uma história de opressão. De um povo que foi oprimido, mas que também perseguiu outros em nome de sua supremacia. Mobilizados por uma incrível obsessão de preservar sua cultura, língua e religião, os africânderes lutaram contra a tirania. Eles se insurgiram contra o domínio britânico na primeira guerra anticolonialista do século 20. Mas foram capazes de criar o apartheid, o regime de segregação racial que se tornou um dos episódios mais vergonhosos da história recente da humanidade.



Os africânderes (não confundir com “africâner”, que é o idioma falado por eles) são descendentes dos holandeses que chegaram ao ponto extremo sul da África, o cabo da Boa Esperança, a partir de 1652, a serviço da Companhia da Índias Orientais. A maioria dos migrantes eram fazendeiros – boerenº em holandês. Criavam gado e produziam alimentos para abastecer os navios da companhia que rumavam para o Oriente. “Eles se organizaram em comunidades patriarcais muito fechadas, formadas por famílias numerosas. Dentro de cada propriedade, o fazendeiro tinha completa autonomia, inclusive para utilizar trabalho servil e escravo”, diz Carlos Serrano, do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (USP). O isolamento deu origem a um novo idioma, o africâner. “Hoje, uma mistura de 70% da língua holandesa e o resto de francês, português, alemão e inglês.”



Além de cultura e língua próprias, os bôeres, como também ficaram conhecidos, criaram um tipo de calvinismo muito particular, que originou a Igreja Reformada Holandesa. E foi nessa religião que os recém-chegados apoiaram seus argumentos para justificar a ocupação e expulsar seus antigos habitantes, os negros. Para Carlos Serrano, os africânderes partiram do princípio de que eram os eleitos de Deus, o que legitimava sua supremacia e seu direito sobre os outros indivíduos. Eles não estavam sozinhos nessa interpretação da Bíblia. No século 17, os puritanos que ocuparam a América do Norte, por exemplo, acreditavam basicamente na mesma coisa e não pensavam duas vezes em sacar tais argumentos para atirar contra os “peles-vermelhas”.



A chegada dos britânicos, em 1806, fez com que os bôeres passassem da condição de colonialistas à de colonizados, perdendo o poder e os privilégios que desfrutavam. Insatisfeitos com as leis britânicas, que davam direitos aos negros e mestiços, eles se organizaram em caravanas e partiram rumo ao norte. No êxodo, que ficou conhecido como a “grande jornada” e durou de 1835 a 1843, 12 mil fazendeiros ultrapassaram os limites da colônia, demarcados pelo rio Orange. “Os líderes da viagem diziam que os britânicos os colocavam injustamente no mesmo nível que a população negra. Mas nem todos seguiam motivações tão abstratas e grande parte simplesmente procurava pastos mais frescos, onde estaria livre da interferência do governo, dos impostos e da Justiça britânica”, diz Diana Wylie, do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Boston, Estados Unidos.



Alguns dos imigrantes chegaram até onde hoje é Angola. Outros fundaram duas repúblicas independentes, a do Transvaal e o Estado Livre de Orange. “A Constituição do Estado do Transvaal, de 1858, marca a institucionalização de segregação racial. Nela, está descrita a missão de preservar as diferenças ‘naturais’ entre as raças”, diz Leila Leite Hernandez, professora de história da África na USP. Para ela, essa é a raiz do apartheid.



A independência durou pouco. Com a descoberta de jazidas de ouro no Transvaal, os britânicos invadiram o país em 1899. As tropas de sua majestade contavam com 500 mil homens, sendo que 10 mil deles eram africanos. Do outro lado, os africânderes tinham apenas 87 mil combatentes. Além da inferioridade numérica, eles sofreram com o isolamento e a falta de reforços. “Os britânicos confinaram os civis em campos de prisioneiros, impedindo que as milícias recebessem comida, provisões ou qualquer ajuda da população”, afirma Timothy Burke, pesquisador da Universidade de Swarthmore, Estados Unidos. A falta de condições de saúde, higiene e alimentos nesses campos matou cerca de 25 mil pessoas.



As forças africânderes jogaram a toalha em 1902. A derrota militar levou à anexação das antigas repúblicas às terras das colônias britânicas na região e à criação de um novo país, a União da África do Sul, em 1910. No entanto, os africânderes permaneceram donos de grande parte das reservas minerais e das terras cultivadas, mantendo intacta sua influência política. “Interessados nesse apoio, os britânicos aceitaram incluir na Constituição do novo país vários dos itens racistas dos africânderes, incluindo o que impunha a segregação territorial de negros, mestiços e indianos, colocados em ‘reservas’ que totalizavam 8% do território”, diz Burke.



Na década de 20, a política de opressão ganhou novas leis, que incluíam a proibição de relações sexuais entre indivíduos de raças distintas.



O que era ruim piorou ainda mais na década seguinte. Segundo Leila Hernandez, nos anos 30 muitos dos futuros líderes africânderes estudavam na Alemanha governada por Adolf Hitler e seu Partido Nacional-Socialista. “Foram eles que, em 1938, criaram o Partido Nacional Africânder, com o objetivo de ‘proteger a integridade e a superioridade da raça e da cultura africânder’”, diz Leila.



Os nacionalistas chegaram ao poder em 1949. Com eles, surgiu uma nova palavra para designar o sistema de separação das raças: apartheid, “segregação” em africâner. O arquiteto dessa nova política, Hendrik Verwoerd, desenvolveu a idéia de separar o uso de locais públicos, como cinemas, restaurantes, hotéis e ônibus, entre integrantes de raças diferentes. Onze milhões de negros e 2 milhões de mestiços e indianos tinham de transitar pelo país com passaportes. A população branca, por outro lado, desfrutava de trânsito livre, verbas 20 vezes superiores para a educação e salários 15 vezes mais altos que o restante da população.



Hermann Giliomee, professor de história da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, no livro The Afrikaners: Biography of a People (“Os Africânderes: Biografia de um Povo”, ainda inédito no Brasil), lançado em 2003, defende uma polêmica visão revisionista sobre o apartheid. Para ele, o medo da perda de sua identidade cultural foi a força motriz das políticas segregacionistas africânderes. Primeiro a ameaça representada pelos britânicos e, depois, a generalização da pobreza entre os brancos teriam ressuscitado o temor da perda da supremacia. “No centro da decisão de introduzir o apartheid após a eleição de 1948 (e depois de aboli-lo mais à frente) houve um cálculo das perspectivas de sobrevivência dos africânderes”, diz Giliomee.



Diana Wylie, no entanto, considera a tese puramente retórica. “Os políticos nacionalistas ganharam votos espalhando o medo da ‘obliteração cultural’, o que não quer dizer que todos os africânderes sucumbiram a esse medo. A idéia não leva em consideração que os líderes africânderes se beneficiaram pessoalmente disso”, afirma Diana.



O fato é que o governo da África do Sul comandado pelo partido africânder passou a adotar medidas cada vez mais duras contra a integração racial, o que só fez recrudescerem os protestos, assim como a repressão. Em 1960, a polícia atirou em centenas de manifestantes negros em Sharpeville, matando 67 deles. A violência policial durante outra manifestação, dessa vez em Soweto, matou um menino de 12 anos. Ele e outros jovens pediam que o inglês e não o africâner fosse a língua ensinada nas escolas.



A violência usada em manifestações pacíficas começou a chamar a atenção da comunidade internacional. Em 1973, a Assembléia Geral da ONU considerou o apartheid “crime contra a humanidade”. A resistência dos segregados e o embargo econômico decretado pelos Estados Unidos em 1986 finalmente dobrou os nacionalistas. A pressão fez com que o presidente Frederik de Klerk começasse a derrubar as leis de segregação racial no início dos anos 90. Cerca de 70% dos eleitores brancos votaram a favor da continuidade da nova política em um plebiscito. Depois de séculos, a opressão estava com seus dias contados na África da Sul.



Saiba mais



Livros



Afrikaner Political Thought, Hermann Giliomee e Andre du Toit, University of California Press,1983



The Afrikaners: Biography of a People, Hermann Giliomee, University of Virginia Press, 2003



Behind Closed Doors in White South Africa, Diana Russell e Jo Campling, St. Martin’s Press, 1997



The Boer War, Denis Judd e Keith Surridge, Palgrave Macmillan, 2003, A tortuosas vias do pensamento político africânder são descritas no livro de Giliomee e Du Toit, dois africânderes. No ano passado, Giliomee, intelectual que sempre foi contrário ao apartheid, lançou The Afrikaners, um compêndio de 698 páginas que conta a saga desse povo desde o desembarque dos holandeses em 1652 até o governo Mandela. Ele defende a tese de que as lutas contra nativos e ingleses se deram por uma questão de sobrevivência cultural. O livro de Russel e Campling funciona como contraponto a essa opinião.The Boer War, por sua vez, mostra a barbárie da guerra e o que ocorreu nos campos de concentração ingleses.







Retratos em preto-e-branco

Paul Kruger (1825-1904)



Ainda criança, seguiu com a família na “grande jornada” e estabeleceu-se no Transvaal. Tornou-se presidente da República, em 1878, e foi reeleito três vezes. Aproximou-se dos alemães e foi grande defensor da guerra contra o Império Britânico. Antes do final do conflito, no entanto, fugiu para a Europa, onde morreu



Hendrik Verwoerd (1901-1966)



Holandês de nascimento, foi o arquiteto do apartheid. Era o primeiro-ministro na época em que ocorreu o massacre de Shaperville e durante o julgamento de Mandela. Foi assassinado por um funcionário do Parlamento que o considerava insuficientemente racista. O autor do crime escapou da pena de morte por insanidade



Nelson Mandela (1918)



Como um dos líderes do movimento de resistência, organizou uma campanha de desobediência civil na década de 50. Devido a sua liderança, foi condenado à prisão perpétua com trabalhos forçados em 1964. Saiu 28 anos depois e se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul na primeira eleição multirracial realizada no país



Steve Biko (1946-1977)



Ativista anti-apartheid, fundou e presidiu a Organização de Estudantes Sul-Africanos e o Movimento de Consciência Negra. Foi espancado enquanto estava sob custódia da polícia e morreu devido aos ferimentos. O governo divulgou a versão que ele já tinha os ferimentos quando foi detido. A história está no filme Um Grito de Liberdade (1987)



Pieter Botha (1916)



Ocupou a presidência da África do Sul de 1984 a 1989 e foi um dos últimos grandes defensores do regime racista. Na década de 90 foi alvo de investigações da Comissão de Reparação e Reabilitação, onde se apurou sua responsabilidade na eliminação de opositores do regime. Um ataque cardíaco o impediu de concorrer à reeleição



Desmond Tutu (1931)



Foi o primeiro negro a ocupar o posto de bispo anglicano em Johannesburgo (1984) e de arcebispo na Cidade do Cabo (1986). Ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por defender o diálogo entre brancos e negros e a resistência pacífica ao apartheid. Teve participação ativa nas conversações para a derrubada do regime e em comissões de reconciliação



Frederik de Klerk (1936)



Assumiu o governo em 1989 e deu início às reformas, entre elas a libertação de Mandela, a suspensão do estado de emergência que vigorava desde 1984 e a derrubada de leis racistas. Promoveu um plebiscito entre a população branca para ratificar as reformas. Em 1993, dividiu o Nobel da Paz com Mandela e foi seu vice-presidente entre 1994 e 1999





Rock anti-apartheid

O que o astro superpop Bono Vox, do U2, o jazzista Miles Davis, o folclórico Bob Dylan e o punk Joey Ramone (dos Ramones) poderiam fazer pela história da África do Sul? Um disco, é claro. Lançado em 1985 e com apenas oito faixas, Sun City: Artists Against Apartheid ("Sun City: Artistas Contra o Apartheid", em português), reuniu estes e mais 50 artistas para fazer o que nem as resoluções da ONU nem o bloqueio econômico imposto pelos americanos haviam conseguido: conquistar a opinião internacional para a luta anti-apartheid. E, é claro, arrecadar muito, mas muito dinheiro para a causa. Peter Gabriel, outro astro pop dos anos 80 (lembra dele?), um dos idealizadores da gravação de Sun City, já estava envolvido com a questão desde que compusera a canção “Biko”, em 1980, uma homenagem ao ativista sul-africano Steve Biko, morto em 1977. O verso final, “and the eyes of the world are watching now” (“e os olhos do mundo estão observando agora”), parecia prever a pressão internacional que mais tarde viria. Mas, de todos os discos sobre o assunto, o mais polêmico foi Graceland (1987), de Paul Simon. O cantor americano viajou para a África do Sul em pleno bloqueio e gravou o disco com grupos negros. Sofreu críticas até de que estava furando o bloqueio econômico.



Terra e liberdade

Em 350 anos de história, a lutapor territórios e independência marcouo destino dos africânderes

1652



Jan van Riebeeck, representante da Companhia das Índias Orientais, desembarca na África com 82 homens e oito mulheres para criar um entreposto de suprimentos aos navios da companhia



1688



Chegam os primeiros 180 franceses. Eram calvinistas que fugiam da perseguição religiosa. Com alemães e holandeses, formaram a comunidade africânder



1779



Começa a primeira guerra entre os bôeres e as populações nativas. Haveria outros seis conflitos semelhantes até 1847



1788



Primeiro registro de racismo na região. Fazendeiros brancos se recusaram a obedecer às ordens de um capitão da Companhia das Índias por ele ser negro



1813



Um grupo de bôeres, ajudados por coicóis e xosas, se revolta contra os britânicos. Mesmo que nenhum tiro tenha sido disparado, o governo colonial enforca cinco líderes rebeldes



1838



Na batalha de Blood River (“rio de sangue”, em português), 464 peregrinos armados de revólveres e fuzis venceram 10 mil zulus que dispunham apenas de lanças e pedaços de pau. Os bôeres consideraram a vitória um desígnio de Deus



1870



É descoberta uma das maiores jazidas de diamantes do mundo em Kimberley, na província do Cabo. Um ano depois, pelo menos 50 mil pessoas trabalhavam na extração da pedra preciosa na região



1913



É editado o Natives Land Act (Lei das Terras Nativas), em que 87% do território da então União Sul-Africana é destinado à minoria branca, menos de um quinto da população



1984



Em uma série de expulsões, o governo da África do Sul removeu 3,5 milhões de africanos de cidades e áreas rurais e os confinou em bantustões (áreas exclusivas de negros)



1989



A Namíbia se tornou independente da África do Sul. A minoria branca, 7% da população, deixa o poder no ano seguinte e dá lugar a um presidente eleito, o ativista negro Samuel Nujoma





Fósseis da segregação

Ao descrever o crânio de um hominídeo descoberto em 1924 na África do Sul, o paleontólogo australiano Raymond Dart (1893-1988) não sabia que estava comprando duas boas brigas. A primeira delas foi com uma parcela da comunidade científica internacional. Dart acreditava que aqueles fósseis de um bípede jovem, que chamou de Australopithecus africanus, indicavam que o berço da humanidade era a África e não a Ásia, como se acreditava na época. Algumas descobertas e décadas depois, ficaria provado que ele estava certo. Mas a batalha mais difícil estava por vir. Com a ascensão dos nacionalistas africânderes ao poder, no final da década de 40, e o surgimento do apartheid, sua teoria seria sistematicamente censurada. Além da tradicional oposição dos criacionistas, fiéis à crença de que os homens eram obra de Deus, Dart enfrentava os pesquisadores africânderes que sustentavam que os brancos teriam chegado à região antes dos negros e de qualquer outra raça e, por isso, tinham direito ancestral a ela. “Os bôeres não podiam admitir que um homem não-africânder tivesse vivido na terra que acreditavam que Deus lhes reservara. E afirmavam que chegaram à região antes mesmo das imigrações bantus”, diz Carlos Serrano, da Universidade de São Paulo. Para acabar com a discussão, o governo segregacionista simplesmente mandou trancar os achados a sete chaves. “Eles embargaram as descobertas de Dart porque elas comprovavam a anterioridade dos negros”, afirma Carlos. Não adiantou. Hoje, fósseis descobertos nos últimos 20 anos comprovaram as migrações provenientes do norte da África e da Ásia, durante a Pré-História. Além disso, recentes pesquisas com material genético mostraram que os bosquímanos, etnia que vive até hoje na região – e cujos indivíduos são todos negros –, são os habitantes mais antigos da África do Sul.





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