sábado, 28 de abril de 2007

Mostra Teatro Latino Americano em SP

II Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo

por Guilherme Balza
do GUIASP

Uma barreira histórica isola o Brasil do restante dos países latino-americanos quando o assunto é cultura. Para além das diferenças do idioma, as razões desse afastamento são complexas e podem ser encontradas desde o período pré-colonial até o processo de redemocratização das repúblicas na América Latina.

A partir da década de 80, com o fim dos regimes autoritários, grandes avanços se deram no terreno da política e da economia, aproximando não só governos, mas principalmente mercados e empresas latino-americanas.

Entretanto, a globalização - eficiente para associar poderes e capitais - não foi capaz de diminuir sensivelmente as distâncias culturais entre o Brasil e os países hispano-americanos. Não só no imaginário do senso comum, mas também dentre a classe artística, ainda prevalece a "mentalidade de colônia", que leva argentinos a olharem para Londres, brasileiros para Nova Iorque, e assim por diante.

Para superar obstáculos e criar elos culturais entre o Brasil e a América Hispânica foi organizada a II Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, que será realizada entre 30 de abril e 6 de maio no Centro Cultural São Paulo e nas ruas da Capital.

Uma iniciativa da Cooperativa Paulista de Teatro, a mostra contará com cinco companhias teatrais de países hispano-americanos - que apresentarão espetáculos inéditos no Brasil – e sete companhias nacionais. Um dia após as exibições, todas gratuitas, cada coletivo fará demonstrações de trabalho, nas quais serão expostos os processos de criação cênica.


A Mostra ainda terá dois debates: um sobre Teatro Latino-Americano Contemporâneo e outro sobre Dramaturgia em Grupo na América Latina, com as participações de Mario Rojas, da Latin American Theater Review; Vivian Tabares, da Casa de Las Americas de Havana (primeiro debate); Raquel Carrio, dramaturga do Teatro Buendía de Cuba; e Sergio de Carvalho, da Companhia do Latão (segundo debate).

Assim como no ano passado, a Mostra pretende mapear a produção artística de coletivos teatrais latino-americanos e, a partir daí, criar um trabalho em rede, unificando grupos e fortalecendo reivindicações. Num primeiro momento, a tendência é que essa troca de experiências entre as companhias resulte em um aprimoramento artístico e, posteriormente, na formação de novas platéias, tanto no Brasil, quanto no restante do continente.


Programação:* (Os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência)

30/04 – 10h: Café da manhã para a imprensa, com a participação de todos os grupos integrantes da mostra. Apresentação especial do Ilú Oba de Min, grupo de 70 mulheres percussionistas

19h: Coletivo Filhos da Mãe... Terra - Sarapuí/SP
Espetáculo: Posseiros e Fazendeiros (Dir.: Douglas Estevam) – Sala Adoniran Barbosa

01/05 – 15h: Debate: Teatro Latino-americano Contemporâneo – Mario Rojas (Latin American Theater Review - EUA) e Vivan Tabares (Casa de Las Américas de Havana – Cuba)

19h: Abertura oficial: Presença de ministros, embaixadores e representantes das instituições culturais dos países participantes

20h: Teatro Buedía – Cuba
Espetáculo: Chareton (Dir.: Flora Lauten) – Sala Jardel Filho

02/05 - 15h: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz – Porto Alegre/RS
Espetáculo: A Saga de Canudos (Criação Coletiva) – Ruas do calçadão na região do Largo do Café, no Centro

21h – Circo Teatro Udi Grudi - Brasília/DF
Espetáculo: O Ovo (Dir.: Leo Sykes Libânio) - Sala Jardel Filho

03/05 – 19h: Coletivo Angu de Teatro – Recife/PE
Espetáculo: Angu de Sangue (Dir.: Marcondes Lima) – Espaço Cênico Ademar Guerra

21h: Teatro Gayumba – República Dominicana
Espetáculo: Don Quijote y Sancho Panza (Dir.: Manuel Chapuseaux) – Sala Jardel Filho

04/05 – 15h: Debate: Dramaturgia em grupo na América Latina – Raquel Carrio (Teatro Buendía – Cuba) e Sergio de Carvalho (Companhia do Latão – Brasil)

18h: Associação Teatral Joana Gajuru – Maceió/AL
Espetáculo: Uma Canção de Guerreiro no Chumbrego da Orgia (Dir.: Lindolfo Amaral) – Passarela do Metrô Vergueiro para o Centro Cultural São Paulo

21h: Escena de Caracas – Venezuela
Espetáculo: Mackie (Dir.: Delbis Cardona) – Sala Jardel Filho

05/05 – 18h: Grupo de Teatro Piollin – João Pessoa/PB
Espetáculo: A Gaivota (alguns rascunhos) (Dir.: Haroldo Rego) – Espaço Cênico Ademar Guerra

21h: Teatro Sanitario de Operaciones (TSO) – Argentina
Espetáculo: Mantua (Dir.: Quique López) – Espaço Fratelli (Rua Adib Auada, 41 – Centro Empresarial Granja Viana – Cotia – Km 23 da Rodovia Raposo Tavares)

06/05 – 13h30: Pirei na Cenna / Centro de Teatro do Oprimido (CTO) – Rio de Janeiro/RJ
Espetáculo: É melhor Prevenir que Remédio dar (Dir.: Cláudia Simone) – Sala Adoniran Barbosa

18h: Teatro de los Andes – Bolívia
Espetáculo: Otra Vez Marcelo (Dir.: César Brie) – Espaço Cênico Ademar Guerra


*As demonstrações de trabalho dos grupos (DTs) acontecerão às 10h do dia seguinte às respectivas exibições.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Emenda 3 - Bingos - Operação Furacão

Emenda 3 / Bingos / Operação Furacão

16/03/2007 - 21h34
MP vai substituir a emenda 3, afirma ministra Dilma
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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, disse que a chamada emenda 3 foi vetada para evitar a "precarização nas relações de trabalho" e que sua substituição será feita por meio de medida provisória. A emenda 3 trata da relação entre prestadores de serviços (pessoas jurídicas) com outras empresas.

"O governo vai apresentar uma medida provisória já que a emenda era inconstitucional e vai apresentar medida provisória", afirmou. Dilma participou nesta sexta-feira da entrega de uma fragata que vai auxiliar as operações de plataformas de petróleo no Rio.

Segundo a ministra, os dois objetivos da MP são "o equilíbrio entra a necessidade de ter empresas com características personalíssimas, ou seja, o indivíduo prestando serviços, e ao mesmo tempo evitar precarização do trabalho", afirmou.

Mais cedo, em Brasília, o ministro Guido Mantega (Fazenda), afirmou que a emenda 3 seria vetada e que o governo encaminharia um projeto de lei, e não uma MP, ao Congresso, para discussão entre os parlamentares. Segundo Mantega, a redação do texto aprovado pelos parlamentares dava margem a contestações jurídicas e, por isso, foi vetado.

"Nós decidimos fazer por meio de projeto de lei porque temos que fazer uma discussão com o Congresso e a sociedade para termos uma legislação mais clara", disse.

A emenda 3 foi incluída na lei que criou a Super-Receita e proíbe que os auditores fiscais multem e tenham o poder para desfazer pessoas jurídicas quando entenderem que a relação de prestação de serviços com uma outra empresa é, na verdade, uma relação trabalhista. Pelo texto aprovado no Congresso Nacional, apenas da Justiça do Trabalho teria esse poder.

A nova redação irá regulamentar o artigo 116 do código tributário, que trata do trabalho de fiscalização dos auditores fiscais. O texto que será enviado ao Congresso prevê que a empresa que cometer uma irregularidade fiscal será apenas notificada e o caso será encaminhado para a instância superior. Um delegado da Receita Federal irá decidir se irá continuar com a denúncia, mas depois de ouvir a defesa do contribuinte. Hoje, no momento da fiscalização, a empresa já pode ser autuada e multada.

No Congresso, o ministro quer discutir com os parlamentares os casos em que esse novo procedimento será aplicado tendo em vista as novas relações de trabalho. Ele lembrou ainda que a regulamentação não irá afetar a maior parte das empresas que estão no regime de lucro presumido, incluindo profissionais liberais, escritórios de advocacia e consultórios. Ela irá tratar dos casos em que o prestador de serviço vira pessoa jurídica e passa a trabalhar quase que exclusivamente para uma única empresa.

"A lei vai valer para a pessoa jurídica que desempenha trabalho de caráter personalíssimo. Representa uma pequena parcela e a lei atual não dá conta [dessa relação]", disse.

Super-Receita

A Receita Federal do Brasil, mais conhecida como Super-Receita, unifica as estruturas de arrecadação da Secretaria da Receita Federal, ligada ao Ministério da Fazenda, e da Secretaria de Receita Previdenciária, subordinada ao Ministério da Previdência.

As duas estruturas passam a atuar de forma conjunta, inclusive na área de fiscalização.

Para o contribuinte, o atendimento será facilitado porque a partir da integração das duas secretarias ele precisará entregar os documentos em apenas um órgão.

As duas secretarias arrecadaram em 2006 mais de R$ 520 bilhões em impostos e contribuições e possuem aproximadamente 34 mil servidores.
20/04/2007 - 17h17
Número de contas investigadas pela PF por máfia de jogos passa de 80
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ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Fontes da Polícia Federal revelaram hoje o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou o bloqueio de bens e contas bancárias de 40 pessoas físicas e jurídicas. Elas são acusadas de envolvimento com a quadrilha especializada na venda de sentenças judiciais para beneficiar a máfia de jogos.

Ontem, essas fontes haviam informado que o bloqueio de bens atingiria 50 pessoas --25 presos na sexta passada, seus parentes e sócios pela PF durante a Operação Hurricane (furacão). Hoje, eles disseram que são 40 CPFs e CNJs atingidos pelo bloqueio. Desse total, 25 são dos presos e 15 de pessoas ligadas a eles --como parentes, laranjas e sócios.

Segundo a PF, o número de contas bloqueadas pode passar de 80, já que uma mesma pessoa pode possuir várias.

Exterior

A PF também investiga contas no exterior. Para isso pediu ajuda de organismos internacionais que irão trabalhar em conjunto com o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) na busca de movimentações financeiras suspeitas de pessoas ligadas aos presos e deles próprios.

A Operação Hurricane, deflagrada na última sexta-feira, descobriu uma organização criminosa que comprava sentenças judiciais para beneficiar casas de bingos e bicheiros. O grupo era formado por desembargadores, empresários, bicheiros e advogados.

Leia mais

PF apreende 40 kg de documentos em ação contra máfia de jogos

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STF bloqueia bens de 50 envolvidos com máfia de jogos e apura vazamento

Veja vídeo da PF da apreensão do dinheiro em megaoperação


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19/04/2007 - 19h24
Entenda a polêmica sobre o funcionamento das casas de bingo no país
da Folha Online
da Folha de S.Paulo

As casas de bingo do país funcionam amparadas por liminares judiciais, já que não existe uma regulamentação específica para esse tipo de atividade. Em fevereiro de 2004, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a editar uma MP (medida provisória) proibindo o funcionando dos bingos no país.

A MP acabou sendo arquivada pelo Senado depois da forte pressão promovida pelo setor, que alegava que a proibição colocaria em risco muitos empregos.

Desde então, as casas de bingo buscam liminares a todo custo para se manterem em funcionamento.

Entre os casos investigados pela Operação Hurricane --deflagrada na sexta-feira contra uma organização especializada na venda de sentenças em favor da máfia de jogos-- estaria a suposta atuação do setor para influenciar magistrados de várias instâncias a concederem liminares que garantiriam o funcionamento das casas.

O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina, por exemplo, concedeu liminar no ano passado liberando 900 máquinas caça-níqueis apreendidas em Niterói, no Rio. O irmão do ministro, Virgílio Medina, é um dos 25 presos pela Operação Hurricane.

O inquérito da PF afirma também que a suposta quadrilha tentou assediar a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ellen Gracie, que havia dado decisão revogando a liberação de 900 máquinas.

A polêmica sobre o funcionamento dos jogos de azar provocou o primeiro escândalo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vazamento de uma fita de vídeo de 2002 mostrou o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz negociando o pagamento de propina com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Então na Loterj, Waldomiro Diniz pedia dinheiro para financiar as campanhas eleitorais de candidatos do Rio. Ele acabou sendo exonerado do cargo e o caso deu origem à CPI dos Bingos.

Polêmica judicial

A polêmica sobre o funcionamento das casas de bingo tem relação com a lei nº 3.688, de 1941, que proíbe "o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte", com exceção da loteria pública.

Para rebater essa lei, as casas de jogos alegam que os bingos têm natureza de "diversão pública", não sendo jogos de azar.

Para piorar, há juízes que entendem que empresários que já exploravam os jogos têm direito adquirido, já que a Lei Zico (1993) e a Lei Pelé (1998) regularizaram os bingos --apesar delas terem sido revogadas pela Lei Maguito (2000).

Em agosto de 2004, os bingos sofreram um revés quando o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucionais quatro leis do Distrito Federal que permitiam o funcionamento das casas do jogo. A interpretação deve ser objeto de súmula vinculante (mecanismo que obriga instâncias inferiores a seguirem entendimento do STF).

Leia mais

Após operação da PF, Justiça veta funcionamento de bingos em SP

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Acusados de ligação com máfia de jogos mantêm silêncio em depoimento

STF quer investigação sobre vazamento de dados sigilosos de inquérito

Veja vídeo da PF da apreensão do dinheiro em megaoperação

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Bem Vindos

Caros alunos e amigos este blog é uma relação de dicas para o estudo em Atualidades

Mais informações consultem as fontes originais :

Folha de São Paulo

O Estado de São Paulo

Caros Amigos

Carta Capital

G1 (Globo)

IBGE

Outros



Bom trabalho e estamos por aí

Grande Abraço

STF abre ação penal contra Genoino e mais 10 por ligação com o mensalão

Folha de São Paulo
18/04/2007 - 16h04
STF abre ação penal contra Genoino e mais 10 por ligação com o mensalão
ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Dois anos depois do escândalo do mensalão vir à tona, o STF (Supremo Tribunal Federal) abriu a primeira ação penal contra 11 pessoas acusadas de envolvimento com o esquema. A abertura do processo criminal transforma em réu o deputado José Genoino (PT-SP), além do ex-dirigente petista Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério Souza. Até então, eles eram tratados apenas como investigados.

A ação já tramitava na Justiça Federal de Belo Horizonte (MG), mas foi transferida para o STF porque Genoino ganhou direito a foro privilegiado depois de ser diplomado deputado federal em 19 de março passado.

A denúncia também atinge quatro dirigentes do BMG: Ricardo Annes Guimarães, João Batista de Abreu, Márcio Alaôr de Araújo e Flávio Pentagna Guimarães. Também foram denunciados Renilda de Souza, mulher de Marcos Valério, e seus ex-sócios Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino.

Eles são acusados de gestão fraudulenta da instituição financeira e falsidade ideológica ao liberar "recursos milionários do BMG ao PT e às empresas ligadas a Marcos Valério, seja porque a situação econômica financeira dos tomadores era incompatível com o valor, seja porque as garantias dadas eram insuficientes".

Na época dos empréstimos considerados suspeitos, Genoino estava à frente da presidência do PT e Delúbio era o tesoureiro do partido. Marcos Valério teria intermediado os contatos entre o PT e o BMG.

O relator da ação penal é o ministro Joaquim Barbosa, que já responde pelo inquérito principal do esquema.

Esquema

Até o final de junho, o STF pode ainda transformar em ação penal o principal processo sobre o esquema do mensalão, que envolve 40 pessoas. Genoino também está incluído nesse grupo, além do ex-ministro José Dirceu.

A denúncia foi oferecida ao STF em março do ano passado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que acusou 40 pessoas de participarem de uma organização criminosa que tinha como objetivo favorecer o governo por meio de compra de de votos de deputados de partidos aliados.

Leia mais

Um ano após CPI, governo ignora mensalão

STF recua e decide não desmembrar inquérito do mensalão

STF mantém bloqueio de bens de Duda Mendonça e família de Marcos Valério

"República de sindicalistas" de Lula forjou laços na CUT

STF determina notificação de Dirceu para defesa em inquérito do "mensalão"

Procuradoria investiga 500 por suposto envolvimento com o "mensalão"

Especial

Leia mais sobre o mensalão



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Endereço da página:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u91315.shtml

Links no texto:

Um ano após CPI, governo ignora mensalão
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u90923.shtml

STF recua e decide não desmembrar inquérito do mensalão
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u87484.shtml

STF mantém bloqueio de bens de Duda Mendonça e família de Marcos Valério
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u86595.shtml

"República de sindicalistas" de Lula forjou laços na CUT
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u83440.shtml

STF determina notificação de Dirceu para defesa em inquérito do "mensalão"
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u78972.shtml

Procuradoria investiga 500 por suposto envolvimento com o "mensalão"
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77814.shtml

Leia mais sobre o mensalão
http://busca.folha.uol.com.br/search?q=%22procuradoria%20geral%20da%20rep%FAblica%22%20mensal%E3o&sr=41&site=online&src=redacao


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terça-feira, 17 de abril de 2007

Cem anos de aviação

12/11/2006 - 01h36m - Atualizado em 20/11/2006 - 16h55m do Site G1
CEM ANOS DE AVIAÇÃO (1906-2006)
Com a homologação de um vôo de Santos-Dumont, há um século, começava a era dos aeroplanos, que mudou a face do planetaImprimir Enviar por e-mail Receber Newsletter

Do G1, em São Paulo
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No fim da tarde de 12 de novembro de 1906, em Paris, o brasileiro Alberto Santos-Dumont foi o responsável pelo primeiro vôo homologado da história da aviação.

Naquele dia, o avião 14bis deixou o chão por seus próprios meios, atravessou mais de cem metros pelo ar e pousou em segurança, preenchendo todos os requisitos acordados internacionalmente para o reconhecimento de um vôo do mais pesado que o ar -- o primeiro recorde nos registros da Federação Aeronáutica Internacional, FAI.

Cem anos depois, o Brasil e o mundo celebram os feitos de Santos-Dumont, um dos personagens mais importantes na popularização da aeronáutica e no desenvolvimento dos primeiros aeroplanos. Como não poderia deixar de ser, o G1 preparou um material especial para que você saiba tudo sobre o surgimento de uma das tecnologias que mais profundamente influenciou a história do século XX.


ANÁLISE
O que Santos-Dumont sabia, e os Wright não
Um artigo do físico Henrique Lins de Barros


DESAFIO
Tente repetir o feito de Santos-Dumont com o 14bis!


CRONOLOGIA
Breve história ilustrada do vôo mecânico
Galeria de imagens reconta a evolução do avião, de 1485 a 1947


REVIVA OS MARCOS
Leia versões romanceadas de momentos importantes da invenção do avião, extraídas do livro "Conexão Wright-Santos-Dumont".

O primeiro vôo motorizado dos irmãos Wright (1903)
O primeiro vôo motorizado de Santos-Dumont (1906)
O primeiro recorde da história da aviação (1906)
Os Wright deixam a reclusão e vão à Europa (1908)


REVELAÇÕES
Nova biografia não se esquiva do "lado negro" do inventor
Santos-Dumont também era astrônomo amador
Família encontra livro inédito escrito por Santos-Dumont


OS AVIÕES DE SANTOS-DUMONT
Conheça e pilote o 14bis (1906)
Conheça o Demoiselle (1907)


CELEBRAÇÃO DO "PAI DA AVIAÇÃO"
Avião de Santos-Dumont voa na terra dos Wright (30.set.2006)


FIASCOS CENTENÁRIOS
Veja imagens do fracasso do Flyer em Kitty Hawk (2003)
Veja imagens do fracasso do 14bis em Paris (2006)


EM VÍDEO
Veja "Santos-Dumont, o Desafio do Ar", a série do Fantástico

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Saiba mais
Conheça o 14bis e tente repetir o feito de Alberto Santos-Dumont
» O fracasso da réplica do Flyer dos Wright em 2003
» Uma breve história ilustrada do vôo mecânico



Dom, 12/11/2006 - 02h07O primeiro vôo motorizado dos irmãos Wright (1903)
Dom, 12/11/2006 - 02h06O primeiro vôo do avião 14bis de Santos-Dumont (1906)
Dom, 12/11/2006 - 02h06O primeiro registro oficial da história da aviação (1906)
Dom, 12/11/2006 - 02h05Os irmão Wright saem da reclusão e conquistam a França (1908)
Dom, 12/11/2006 - 02h03Opinião: O que Santos-Dumont sabia, e os irmãos Wright não
Dom, 05/11/2006 - 19h04Veja fotos da homenagem frustrada a Santos-Dumont na França
Dom, 05/11/2006 - 19h16Réplica do 14bis falha em evento para Santos-Dumont na França
Seg, 23/10/2006 - 08h23Veja imagens de manuscrito não-publicado de Santos-Dumont
Seg, 23/10/2006 - 10h24Leia trechos do livro inédito de Alberto Santos-Dumont
Seg, 23/10/2006 - 11h43Familiares descobrem um livro inédito de Santos-Dumont
Seg, 02/10/2006 - 15h38Aviões de Santos-Dumont e dos Wright voam lado a lado nos EUA
Qua, 20/09/2006 - 07h04Avião de Santos-Dumont fará vôo na cidade dos irmãos Wright
Sex, 27/10/2006 - 18h29Construtor da réplica do 14bis não estará em evento na França
Seg, 04/12/2006 - 09h53Nova biografia não se esquiva do "lado negro" de Santos-Dumont

Mata Atlântica / Nasa

milton fernandes

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Atualidades M Atlantica/Nasa/
1 mensagem
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Milton Fernandes Filho 3 de Abril de 2007 11:21
Para: milton.fernandes@gmail.com
26/12/2006 - 20h02m

RETROSPECTIVA 2006: PROJETO DE LEI DA MATA ATLÂNTICA É APROVADO

Atualmente, restam apenas 6,9% de floresta original.
Projeto de Lei tramitava no Congresso há 14 anos.




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Resquício de Mata Atlântica

No finalzinho deste ano, a Mata Atlântica recebeu um presente de Natal que muitos já consideravam impossível: a aprovação da lei de proteção da floresta. A vitória, infelizmente, pode ter vindo tarde demais, uma vez que um levantamento feito sobre a destruição do bioma indica que, embora o desmatamento tenha desacelerado, ainda não estancou.

Nem mesmo a própria desaceleração da destruição pode ser considerada uma boa notícia. O desmatamento simplesmente diminuiu porque resta muito pouco que ainda pode ser degradado. Hoje, restam 6,98% da mata original, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados no último dia 12.

Em 22 de dezembro, o presidente Lula sancionou a Lei de Proteção da Mata Atlântica, que tramitou pelo Congresso Nacional por 14 anos até ser aprovada, em novembro. A lei consolida limites e cria regras para a exploração racional do que resta da mata, além de determinar que quem desmatar a floresta pode ser condenado a até três anos de prisão e pagamento de multa.







26/12/2006 - 19h13m - Atualizado em 26/12/2006 - 19h38m

RETROSPECTIVA 2006: NASA RETOMA MONTAGEM DA ESTAÇÃO

O ano teve duas missões de construção do complexo. Esforços marcam superação de "trauma" do Columbia.




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Astronauta do Discovey acena durante uma das quatro caminhadas espaciais da missão

Os últimos anos foram muito difíceis para a Nasa. Em 1º de fevereiro de 2003, quando o ônibus espacial Columbia se desintegrou na atmosfera durante a reentrada e matou seus sete tripulantes, a agência espacial americana percebeu que a segurança de seus vôos deixava muito a desejar.

Um longo esforço de aperfeiçoamento de procedimentos e técnicas se seguiu, com o objetivo de colocar os três veículos restantes da frota (Atlantis, Discovery e Endeavour) em operação. Muitos críticos sugeriam que não seria possível "consertar" os problemas do projeto e pediam a aposentadoria imediata dos ônibus. Mas a Nasa não poderia se render tão facilmente a esse argumento: em jogo, estava o futuro do maior empreendimento de cooperação internacional já realizado pela humanidade.

A Estação Espacial Internacional (ISS) envolve 16 nações (Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão, Brasil e países europeus) e um investimento conjunto até agora estimado em cerca de US$ 100 bilhões. Quando o acidente com o Columbia aconteceu, ela ainda estava longe de concluída. No chão, prontos para lançamento, estavam, entre outras peças, dois módulos-laboratório, um japonês e outro europeu -- as maiores contribuições desses parceiros internacionais ao projeto.

Aposentar o ônibus espacial, a única nave com porte suficiente para levar esses módulos ao espaço, significava descartar esses elementos -- e deixar japoneses e europeus tremendamente insatisfeitos.

Resultado: a Nasa teve de batalhar para trazer o nível de segurança de seus lançamentos para um patamar aceitável. Em 26 de julho de 2005, a agência achou que tinha conseguido isso, ao enviar ao espaço o Discovery -- era o primeiro lançamento após a tragédia do Columbia. No entanto, vários dos problemas que levaram à perda do veículo em 2003 voltaram a ocorrer.

A nave retornou bem, mas não sem levar os engenheiros da Nasa de volta às pranchetas para evitar a perigosa perda de grandes pedaços da espuma que reveste o grande tanque externo laranja do ônibus. Foi um pedaço desses que, ao se chocar contra o bordo de ataque da asa esquerda do Columbia durante o lançamento, em 2003, criou as circunstâncias que levariam à catástrofe no retorno à Terra.

Uma nova missão, novamente com o Discovery, só voltaria a ocorrer dali a um ano. Desta vez, entretanto, a queda de espuma foi levada a níveis aceitáveis e a Nasa adquiriu a confiança necessária para retomar a construção da ISS.

Dois vôos exclusivamente dedicados à montagem do complexo orbital foram realizados em 2006, um pelo Atlantis e outro pelo Discovery. Nas missões mais desafiadoras até agora, os astronautas duplicaram o fornecimento de eletricidade no complexo orbital e pavimentaram o caminho para a continuidade da construção em 2007.

A Nasa corre agora contra o tempo para concluir o projeto até 2010 -- data-limite imposta pelo presidente George W. Bush para a aposentadoria dos ônibus espaciais.

Saiba como o G1 noticiou, dia a dia, as duas missões de construção da Estação Espacial Internacional em 2006:




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Proposta Projeto Escola Oswaldo Aranha

PROPOSTA PARA PROJETO INTERDISCIPLINAR - Prof Milton

2as e 3as SÉRIES ENSINO MÉDIO

E.E. OSWALDO ARANHA

AÇÃO 01 : SIMULADO A PARTIR DE QUESTÕES DO ENEM, VESTIBULARES E CONCURSOS PÚBLICOS



" (...)Pensar sempre será uma afronta.

Ter idéias, compor, por exemplo, é ousar. No umbral da História, o projeto de juntar fibras vegetais e criar a arte de tecer foi uma grande ousadia. Pensar sempre será ."

Com defeito de fabricação - Tom Zé

Justificativa :

A imperativa, urgente e desafiadora necessidade atual que possui qualquer instituição - principalmente ligada a aprendizagem, ensino, pesquisa e cultura - da adoção de posturas e concepções tanto teóricas quanto práticas de caráter holístico, humanista e portanto interdisciplinar.

Atitudes que de alguma forma integrem de forma teórica e prática um conteúdo pedagógico que prime pelas qualidades de suas especialidades, sem no entanto se afastar de um movimento que possua sentido mais profundo de integração das mais diversas unidades em totalidades.

Movimento na contra mão da especialização tecnicista, friamente informatizante, despolitizante, empobrecedora e alienante que todos nós educadores, especialmente hoje, inseridos num movimento de enormes demandas pedagógicas e também humanas, resistentes culturais atentos ou não, no auge da era da cyber ou telealienação , consciente ou inconscientemente corremos o sempre iminente risco de incorrer.

Objetivos :

1- Refletir sobre,enriquecer, integrar, discutir e mesmo melhor conhecer o sentido das relações pedagógicas interdisciplinares( a princípio do período da manhã( outros?) das (1as ?) 2as e 3as Séries) da Escola Estadual Oswaldo Aranha.

2- Proporcionar mais uma experiência pedagógica conjunta e coletiva para alunos, professores, Coordenadores, Diretora e Vices a partir da elaboração, aplicação, avaliação e aproveitamento coletivo da experiência e dos resultados em todas as diferentes disciplinas.

3- Proporcionar aos nossos alunos uma diferente vivência de aprendizagem e avaliação em fina sintonia com a lógica das mais tradicionais formas (provas, vestibulares, Enems, etc) que devem lhes aguardar no decorrer de suas vidas após o término do Ensino Médio.

Realidade cada vez mais influenciada e refém da desumana, onipresente e onipotente lógica da competitividade a qualquer custo - contexto que nos obriga, enquanto educadores, a no mínimo apresentar e possibilitar a nossos alunos algum registro institucional e coletivo semelhante àquilo que de certa forma poderá definir sua vida profissional e social imediatamente após o término de nosso processo, afastando-nos assim da - muitas vezes presente - 'aura' de indefinição e de falta de sentido costumeiramente presente em nossas práticas avaliativas.

4- Proporcionar aos alunos mais um elemento de reflexão sobre as realidades da natureza e função social da produção e veiculação dos conhecimentos e saberes, quando poderemos a partir dos simulados, apresentá-los a materiais (provas, simulados, vestibulares, etc) que testemunhem realidades pedagógicas, culturais e profissionais bastante diferentes daquelas as quais eles já estão habituados como avaliação.

5- Obtenção de mais uma ferramenta que balize o andamento coletivo dos diversos profissionais das mais diversas disciplinas e grupos de alunos, instrumento este que possa servir, para todos os membros da instituição de ensino, de indicador dos mais amplos e diversos movimentos ocorridos no âmbito coletivo.

6- Apropriação de elementos possíveis de apontarem novos fenômenos e conteúdos existentes em nossa prática cotidiana, tantas vezes imobilizada numa lógica que vai negativamente fetichizando e cristalizando conteúdos, práticas e posturas no exato sentido contrário do prazer da descoberta, do novo e do desconhecido.

Movimento que nos leva, a todos sem exceção, ao diário enfrentamento de entraves e resistências dos mais diversas àquilo que pode representar qualquer alteração de 'rituais' pedagógicos e de avaliação - seja por parte de alunos, de colegas e mesmo de nós próprios,- condicionamentos estes, alguns legítimos representantes da tradição meramente reprodutiva (copista e reificadora) instalada desde a própria gênese de nossa sociedade, herdeira direta do autoritário modelo católico jesuíta e inquisidor absolutamente desconectado de qualquer compromisso mais decente de integração, solidariedade e troca com o 'outro' da relação - enquanto ser humano passível de elaboração e reelaboração cultural própria, modelo infelizmente ainda bastante vivo em nosso universo institucional, profissional e social.

Condicionamentos inacreditavelmente ainda hoje fundamentalmente baseados no conhecimento linear e no saber centrado no professor, na 'autoridade' do conhecimento 'imobilizado', 'bancário', quantitativo, 'para o outro' mas nunca 'com o outro' - ou seja, tudo aquilo 'espiritualmente' ainda pouco modificado, apesar de toda a recente e irresistível inundação de novas tecnologias, em mais de quinhentos anos de educação formal no Brasil.

Perniciosa deformação a qual apenas nós educadores - a despeito da mais das mais avançadas das tecnologias da informação - temos a possibilidade, a responsabilidade e mesmo a obrigação política, social e humana de intervir.

Elaboração / Preparação / Aplicação

Quem ?

Sempre todos os professores participarão nas discussões sobre a melhor forma e maneira de elaboração das questões a serem utilizadas e da mais apropriada forma de construírmos os simulados definindo temas apropriados em sintonia com a atualidade e oportunidade dos mesmos em relação aos processos pedagógicos já em andamento.

Assim como também sempre todos os professores participarão em todas as fases do projeto :

Como ?

1 - Elaboração = Escolha das questões a partir do Enem, Vestibulares e Concursos Públicos já realizados.

2- Preparação = Construção efetiva do projeto ( digitação, colagem, configuração de imagens, etc...)

3- Aplicação = Realização efetiva dos Simulados com os alunos ( aplicação das provas em sala de aula)

4- Correção = Processo de avaliação quantitativa dos resultados ( aplicação de gabarito)

5- Aproveitamento dos Resultados = Os resultados terão aproveitamento - no que se refere à 'peso' em relação as notas, importância, visibilidade, divulgação, etc - a ser definido pelo grupo de Professores em reunião de HTPC a partir de critérios convenientes ao estágio em que se encontre o grande Plano Político Pedagógico da Instituição.

Quando ?

A periodicidade e o início destes eventos também deverão ser discutidos de forma coletiva a partir de reuniões de HTPC quando os professores (todos) deverão avaliar e decidir qual ou quais os momentos nos quais os simulados, as avaliações, os aproveitamentos e as reflexões sobre tais processos deverão ser realizados.

Indicadores de Êxito :

A validade da experiência obrigatóriamente será apropriada por todos os professores individual e/ou coletivamente.

Em cada universo de aprendizagem específico de cada disciplina as classes terão sua releitura das questões propostas no âmbito da relação professor x aluno quando cada profissional terá seu método próprio para tal apropriação e encaminhamento.

No plano geral as tabulações obtidas a partir deste evento poderão e deverão ser utilizadas das mais diversas formas possíveis como :

* Instrumento de diagnóstico - acerca das carências, falhas, dificuldades,etc e também em relação aos sucessos, avanços, realizações, etc que resultarão do processo -

* Como mais um elemento de conteúdo avaliativo possível - a partir do momento em que a sistematização se transforme em rotina institucional

* Como referência comportamental e institucional - a partir do envolvimento no processo - tanto de alunos quanto de profissionais

* Outros .....

Bush e o Álcool - Já é depois de amanhã

Bush quer diminuir a dependência do petróleo com o etanol brasileiro

por André Siqueira




Acostumado a lidar com o tema da fome no próprio País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deparou-se com o chefe de um Estado que tem sede, muita sede. O líquido precioso, aos olhos de George W. Bush, é o combustível capaz de garantir o abastecimento futuro dos motores da maior nação capitalista do mundo. Só o Brasil conseguiu, até agora, substituir em larga escala a gasolina pelo etanol, um tipo de álcool que representa uma das mais promissoras fontes renováveis de energia. Isso explica, à primeira vista, o porquê do súbito interesse dos Estados Unidos por um parceiro comercial que representa mero 1,5% de suas compras externas.

O que ainda não ficou claro, apesar de toda a discussão que cerca a visita de Bush, entre os dias 8 e 9, é o que o presidente americano tem a oferecer aos vizinhos de continente.

Há quem avalie que o País só tem algo a ganhar se o acesso do álcool obtido à base de cana-de-açúcar ao mercado norte-americano, onde o produto é feito a partir do milho, for facilitado. Trata-se de uma meia-verdade. De fato, a redução dos impostos exigidos quando o produto entra no mercado americano, o principal pleito brasileiro, permitiria um aumento das exportações. Mas a produção brasileira está longe de ser grande o bastante para saciar a demanda potencial dos EUA por etanol, e o que dirá as necessidades do restante do mundo.

Parcerias na área de desenvolvimento de novos processos para fabricar biocombustíveis – com o uso de resíduos vegetais, por exemplo – podem ser até mais bem-vindas do que um corte nas tarifas. Os estudos representam a diferença entre criar mais vagas para cientistas e pesquisadores ou apenas aumentar o recrutamento de cortadores de cana-de-açúcar – a parcela menos qualificada dos trabalhadores da cadeia de produção. Os resultados desses esforços podem permitir aproveitar melhor as vantagens naturais só encontradas abaixo da linha do equador.

“Precisamos pensar na produção do etanol como uma atividade capaz de estimular o crescimento de um setor da indústria e criar empregos de qualidade”, defende o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Alessandro Teixeira. “O Brasil acumula décadas de experiência e pesquisa nessa área e tem condições de negociar uma cooperação com os EUA para manter o País na liderança mundial do setor nos próximos anos.”

Por enquanto, a indústria brasileira de etanol se move puxada pelo mercado interno, que consumiu 15 bilhões de litros em 2005, um volume muito superior aos 3,4 bilhões de litros de produção excedente, que tiveram como destino a exportação. Por maiores que sejam os planos de investimento no setor, que espera receber cerca de 15 bilhões de dólares até 2012, o consumo doméstico vai crescer mais rápido do que a produção. A previsão da União Brasileira da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) é a de que, nos próximos seis anos, o mercado interno de álcool vai aumentar 250%, enquanto a elevação das exportações não deve chegar a 100%.

“É uma bobagem falar em Arábia Saudita do etanol”, diz o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho, numa referência a um discurso comum entre os entusiastas dos biocombustíveis. Os dados do mercado dos EUA reforçam essa tese. O país ultrapassou o Brasil na produção de etanol em 2006, com um volume de cerca de 19 bilhões de litros do combustível. Por aqui, o biocombustível foi suficiente para substituir 45% da gasolina consumida pelos automóveis. Enquanto isso, os americanos tiveram ainda de importar quase 2 bilhões de litros para abastecer os carros capazes de rodar com etanol.

Os flex fuel americanos representam apenas 2,1% da frota total de veículos em circulação e utilizam uma mistura de, no máximo, 85% de álcool à gasolina. No Brasil, esse tipo de motor estava em 82% dos carros novos vendidos em janeiro, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Os números dos EUA deixam à mostra tanto o gigantismo do mercado potencial para os biocombustíveis quanto a incapacidade de qualquer país, mesmo o Brasil, tornar-se um fornecedor de energia à altura dos grandes produtores de petróleo com a tecnologia atual. A não ser que se assumam os grandes riscos ao meio ambiente (caso as plantações de cana invadam áreas preservadas), e à produção agrícola de alimentos, entre outras ameaças decorrentes de uma arrancada descontrolada da produção de cana-de-açúcar ou outra monocultura.

O alcance relativamente limitado, até agora, da campanha pró-etanol dos EUA também revela alguns dos reais interesses de George W. Bush pelo tema. Dois dos governadores norte-americanos mais engajados na promoção dos biocombustíveis são o primeiro-irmão Jeb Bush, da Flórida, e o correligionário Arnold Schwarzenegger, da Califórnia. Ao mesmo tempo, o assunto é caro à numerosa bancada agrícola do Congresso e à não menos poderosa indústria de produção de grãos. Ou seja, uma série de interesses é atendida enquanto o presidente se esforça para alimentar uma imagem positiva junto aos eleitores como protetor do meio ambiente.

“O etanol faz parte da política doméstica dos EUA, na qual os republicanos perderam muito espaço, também pela falta de preocupação com as questões ambientais”, avalia o professor de Relações Internacionais das Faculdades Trevisan, Sidney Pereira Leite. “Bush enxerga o Brasil como aliado e vai tentar usar o biocombustível como uma maneira de reforçar as relações entre os dois países.”

Os dividendos ecológicos da campanha de Bush são manchados por um artigo publicado, oportunamente, na última edição da revista Scientific America. Após analisar os efeitos da produção americana de álcool sobre o meio ambiente, a revista conclui que, “embora políticos incentivem agressivamente o uso do etanol de milho produzido localmente como substituto do petróleo estrangeiro, a conversão faz pouco sentido do ponto de vista energético”. E prossegue: “Estudos mostram que a produção de etanol de milho cria quase a mesma quantidade de CO2 que a produção de gasolina. A queima de etanol em veículos oferece pouca, se alguma, redução da poluição”.

A publicação ainda revela que “mesmo se 100% da produção americana de milho fosse destilada em etanol, só supriria uma pequena fração do combustível consumido pelos veículos do país”. Os 28,5 bilhões de litros de etanol que os EUA esperam obter em 2012 seriam o equivalente a apenas 15 dias de importação de petróleo. Mas o problema ganha contornos mais sombrios quando a revista acusa o governo Bush e o Congresso de basearem a campanha pró-etanol não em estudos a longo prazo, mas numa análise feita pela ADM, uma grande corporação da área de produção agrícola, com forte presença no Brasil.

O intrincado jogo de interesses envolvido no nascimento da indústria mundial de biocombustíveis justifica as preocupações de entidades sociais que, no Brasil, temem os rumos da parceria com os EUA. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) manifestaram na quarta-feira 7 o descontentamento com o modelo de expansão do etanol voltado à exportação. “Somos radicalmente contrários a uma forma de produção de energia que privilegia os interesses dos grandes grupos de capital transnacional”, afirma João Pedro Stedile, da direção nacional do MST. As entidades também criticaram a expansão da monocultura de cana-de-açúcar e as relações trabalhistas nas lavouras do produto.

No governo brasileiro, o consenso em torno da necessidade de elevar a produção de álcool chegou ao Ministério do Meio Ambiente, que optou por desenvolver uma agenda para acompanhar o setor. “Vamos monitorar indicadores a partir do zoneamento das áreas propícias ao cultivo de cana, do uso de água nas lavouras, das queimadas, da deposição de vinhaça (subproduto do etanol) e do uso de agroquímicos”, diz o diretor de Qualidade Ambiental do ministério, Ruy de Góes.

O físico e engenheiro Bautista Vidal, secretário de Política Industrial durante o governo do general Ernesto Geisel, penúltimo presidente do regime militar, é outra das poucas vozes contra a aproximação entre Brasil e EUA na área de biocombustíveis. “Estamos entregando o ouro para o bandido ao permitir a participação dos americanos na produção de álcool no Brasil”, acredita o especialista. Vidal defende a criação de mecanismos para limitar as compras de terras e usinas por estrangeiros e para controlar as variações do preço do combustível, influenciado pela produção subsidiada nos EUA.

A Petrobras foi escalada pelo governo para entrar no mercado de álcool combustível, seja por meio de empreendimentos próprios, seja em participações em usinas, numa tentativa de criar um agente regulatório capaz de atuar sobre os preços quando o combustível tornar-se uma commodity mundial, como querem os americanos. Mas como padronizar internacionalmente a cotação de um produto tão exposto a taxas e subsídios?

“É praticamente impossível fazer negócio (nos EUA) com a taxação de 0,54 por galão (de etanol)”, afirmou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, na quarta-feira 7. No mesmo dia, ele assinou um acordo com o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) que prevê o financiamento de projetos de biocombustíveis da estatal brasileira, em associação com empresas japonesas.

Com os EUA, apesar da visita de Bush e de toda a pressa americana para ganhar escala no uso de biocombustíveis, está claro que a redução de impostos sobre a importação de etanol e dos subsídios aos produtores locais não terá espaço na pauta. A reação de Lula à notícia de que a abertura de mercado não será discutida foi um repeteco do discurso levado reiteradas vezes à Organização Mundial do Comércio (OMC). “Se é para ter livre-comércio, vamos ter livre-comércio para que a gente tenha oportunidade de vender e comprar. Não tem sentido a alta taxa que os Estados Unidos impõem ao álcool brasileiro”, afirmou o presidente.

Apesar de toda a polêmica em torno das tarifas, o professor do Núcleo de Economia Agrícola da Unicamp Antonio Marcio Buainain defende que Lula não reduza a discussão com os EUA a esse único tema. “O que está em jogo é a consolidação de uma nova matriz energética mundial, na qual o Brasil terá papel de destaque”, afirma ele. “Viabilizar a indústria de biocombustíveis onde ela é nascente depende da concessão de subsídios, que, neste caso, podem até ser legítimos. O campo de cooperação é muito grande para abandonarmos a conversa antes de ela começar.”

Nós e o Mundo

Doha e o etanol
por Delfim Netto
A reaproximação dos Estados Unidos com o Brasil demonstrou uma enorme falta de profissionalismo e de compreensão da nova realidade latino-americana
Delfim Netto
Na última semana, o presidente Lula reuniu-se com o presidente Bush em Camp David. Foi o segundo encontro em menos de um mês, o que mostra a dimensão dos interesses recíprocos que ligam o Brasil e os Estados Unidos. No início do primeiro mandato, Bush havia sinalizado que pretendia ampliar as relações com a América Latina. Infelizmente, a tragédia de 11 de setembro de 2001 imprimiu novo e, agora se vê, perigoso curso para as políticas de segurança interna e de relações externas dos EUA.
A recente iniciativa de reaproximação com o Brasil não foi das mais felizes. Demonstrou uma enorme falta de profissionalismo e de compreensão da nova realidade latino-americana. Os assuntos que dominaram a agenda foram a finalização do chamado Acordo de Doha (cuja discussão já dura seis longos anos) e de um acordo de cooperação para dar ênfase à utilização do etanol (o nosso álcool anidro) como aditivo à gasolina. Isso reduziria, ao mesmo tempo, o consumo de uma fração do petróleo (a gasolina) e melhoraria as condições ambientais (que, finalmente, entraram nas preocupações de Bush).
Doha se inclui na tentativa de organizar o comércio mundial, iniciada depois da Segunda Guerra Mundial, com o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o Gatt (General Agreement of Tariffs and Trade), que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1948. Em 1994, pelo Acordo de Marrakesh, o Gatt foi institucionalizado e incorporado pela Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization), cujos objetivos são ambiciosos. De um lado, a elevação do nível de vida, a realização do pleno emprego e do crescimento da produção, com a melhor utilização dos recursos e a preservação do meio ambiente. De outro, a integração dos países em vias de desenvolvimento no comércio mundial. De 1960 até 2001, tivemos quatro rodadas do Gatt: Diluam (1960-1961), Kennedy (1962-1967), Tóquio (1973-1979) e Uruguai (1986-1994). A quinta Rodada de Doha está pendurada desde 2001.
As negociações têm sido duras, porque envolvem não os problemas atuais, mas as perspectivas do desenvolvimento econômico futuro. Concessões politicamente oportunistas e irresponsáveis feitas hoje determinarão, inexoravelmente, o curso histórico dos países. É mais do que preocupante, por exemplo, a fórmula simples que parece dominar mentes e corações na OMC: “Agricultura para o Brasil, indústria para a China e serviços para a Índia”.
O segundo item da agenda foi a análise dos problemas relativos ao “memorando bilateral EUA-Brasil de cooperação técnica sobre o etanol”, assinado na visita do presidente Bush ao Brasil. Deu-se, assim, mais um passo na saga do etanol, como uma possibilidade de substituição parcial de uma fração da destilação do petróleo (a gasolina), pela qual o Brasil vem lutando há pelo menos 60 anos. Lenda ou verdade, a Ford instalou-se no Brasil em 1919 porque o velho Henry intuía que o álcool anidro seria o combustível natural dos seus motores. A partir de 1943, a inteligência e a teimosia brasileira têm tentado transformá-la em realidade.
Desde a crise mundial de 1929, que feriu de morte a atividade açucareira do Brasil, a produção do açúcar e do álcool nunca mais deixou, para o bem ou para o mal, de ser uma preocupação do Estado. No início dos anos 30, criou-se o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que seria extinto em 1990. Durante a Segunda Guerra, diante do racionamento da gasolina e da precariedade de sua substituição pelo gasogênio, o álcool foi muito utilizado como aditivo para aumentar o volume de combustível (já se falava em 20%) e, precariamente, como substituto ineficiente pela falta de ajuste dos motores.
O avanço seguinte resultou da combinação da primeira crise do petróleo (1973/1979) com uma visita do presidente Geisel ao Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), em 1975, quando lhe mostraram motores ajustados, funcionando eficientemente com mistura entre 10% e 20% de etanol na gasolina. Foi o estímulo para o Pró-Álcool I (1975/1979). Com a segunda crise do petróleo (1979/1984), criou-se o Pró-Álcool II, destinado a substituir a gasolina pelo etanol, agora possível pelo desenvolvimento tecnológico extraordinário dos motores, da produção de cana e do álcool.
Os dois projetos foram sucesso até que os preços do petróleo caíssem a partir de 1986, quando os produtores agrícolas e a indústria foram miserável e oportunisticamente abandonados pelo governo. Talvez tenha mesmo chegado a hora do etanol, pelas pressões ambientais que ameaçam a vida na Terra, mas é preciso muito cuidado e inteligência. Até agora, a história do etanol tem sido a de uma maternidade que sempre terminou no cemitério.
JÁ É DEPOIS DE AMANHÃ
por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

Um ano trágico para o meio ambiente, mas também de retomada das negociações sobre Kyoto. Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa







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JÁ É DEPOIS DE AMANHÃ
Um ano trágico para o meio ambiente, mas também de retomada das negociações sobre Kyoto.
Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

Como sabem os que acompanharam as carreiras de Katrina (1.325 vítimas, principalmente em New Orleans), Rita (119 vítimas), Stan (1.153 vítimas, principalmente na Guatemala) e Wilma (60 vítimas), a América do Norte e a América Central presenciaram em 2005 a pior temporada de furacões dos últimos cem anos. Não foi a única aberração climática deste ano difícil.



New Orleans, setembro.
Uma das mais belas cidades dos EUA é destruída e arruinada


Em 26 de julho, Mumbai (ex-Bombaim) teve a chuva mais forte já vista sobre um continente: 944 milímetros em 24 horas provocaram mil mortes e US$ 100 milhões em prejuízos materiais com as enchentes. Em 11 de outubro, a Europa foi pela primeira vez atingida por um furacão, o Vince, embora reduzido a dimensões inofensivas, varreu o sul de Portugal e da Espanha.

No início de novembro, a Amazônia brasileira começou a enfrentar sua pior seca desde 1963. Em 28 de novembro, as Ilhas Canárias foram atingidas pela tempestade tropical Delta, a primeira de sua história, que matou sete pessoas, causou grandes danos e deixou o arquipélago sem luz elétrica por vários dias.

O próprio nome dessa tempestade soou como aviso. Antes de cada temporada – oficialmente inaugurada em 1º de junho e encerrada em 30 de novembro –, 21 nomes para ciclones do Atlântico Norte são escolhidos e aplicados, em ordem alfabética, à medida que aparecem. Como a média anual é de 9,6 tempestades dignas de ser nomeadas, 5,9 das quais chegam a ser furacões, isso sempre foi suficiente. O recorde havia sido 21 tempestades, em 1933.

Em 2005, pela primeira vez na história, a lista se esgotou. As últimas cinco tempestades foram improvisadamente batizadas com nomes de letras gregas – Alfa, Beta, Gama, Delta e Épsilon, a última das quais durou até 8 de dezembro. Foram 26 tempestades, 14 com categoria de furacão. Três ou quatro atingiram a categoria 5, a mais violenta. Um deles, Wilma, foi o mais potente de todos os tempos. Recordes históricos em todos os aspectos, inclusive o financeiro: US$ 200 bilhões em perdas e danos materiais, 35% cobertos por seguros.

O recorde anterior havia sido 2004 – US$ 145 bilhões em prejuízos, 31% segurados –, também marcado por fenômenos insólitos, como o ciclone Catarina, o primeiro registrado na história do Brasil e do Atlântico Sul, e o furacão Ivan, descrito à época como um desastre que aconteceria “uma vez a cada cem anos”, mas foi ofuscado em menos de 12 meses.

Um estudo publicado na revista Science de 14 de setembro, assinado por quatro cientistas, concluiu que, na média global, a freqüência de grandes furacões (não do total de tempestades) cresceu 80% da década de 70 à década de 90 e, na média de 1990 a 2004, foi cerca de 57% maior do que nos 15 anos anteriores.

A julgar pela amostra de 2005, os próximos 15 anos serão ainda mais terríveis. Sabe-se que furacões geralmente se formam sobre oceanos cuja temperatura na superfície é superior a 26ºC e a temperatura média dos mares tropicais subiu 0,5ºC de 1970 a 2004. Kerry Emanuel, meteorologista do MIT, mostrou uma clara correlação entre o aquecimento do Atlântico e do Pacífico e a potência e duração dos furacões. Também se sabe que a temperatura do planeta está relacionada ao efeito estufa e este é incrementado pela liberação de gás carbônico na queima de combustíveis fósseis. Simulações indicam que o aumento da proporção desse gás na atmosfera deve aumentar a temperatura média do planeta e a intensidade dos furacões no longo prazo.



Guatemala, outubro.
Mulheres maias choram as mais de mil vítimas do furacão Stan


Os dez anos mais quentes, desde que começaram os registros meteorológicos, ocorreram todos desde 1990 – e 2005 foi o mais quente de todos. Entretanto, não são simples as mediações entre a prosperidade das classes médias que amplia o consumo de petróleo pelas picapes do Texas e centrais elétricas de Xangai e as misérias que se abateram sobre os pobres da Louisiana e da Guatemala.

O clima é um sistema caótico e volátil, afetado por muitos fatores. É difícil demonstrar cabalmente, por meios estatísticos, que o fenômeno se deve à atividade humana e não à mera flutuação estatística ou a ciclos naturais. Podem ser necessários 50 anos para que o número de observações crie suficiente certeza estatística para obrigar os mais céticos – incluindo Bush júnior e seus amigos na indústria petrolífera e na Fox News – a dar o braço a torcer.

Mas cerca de 50% das perdas seguradas devidas a catástrofes naturais dos últimos 40 anos ocorreram desde 1990 e o setor de seguros, com muito a perder com mais furacões, secas, incêndios florestais, inundações e epidemias (por ampliação do hábitat de agentes transmissores, como mosquitos) provocadas por alterações do clima, não quer esperar tanto. Começou a estudar a relação entre o aquecimento global e os desastres naturais desde que perdeu US$ 22 bilhões com o furacão Andrew, de 1992.

A preocupação naturalmente redobrou quando uma reunião da associação estadunidense de corretores de seguros para discutir o assunto, marcada para 8 de setembro de 2005 em New Orleans, teve de ser cancelada por notório motivo de força maior. Mas a associação das seguradoras britânicas já havia publicado, em junho, um estudo segundo o qual as perdas com grandes tempestades devidas ao aquecimento global aumentariam em dois terços até 2080 e as seguradoras teriam de aumentar em 90% o capital da cobertura de furacões estadunidenses e em 80% o de tufões japoneses. Estudos da classificadora de seguros AM Best indicam que o aquecimento global pode causar catástrofes que custarão US$ 100 bilhões aos seguradores, valor equivalente à soma dos patrimônios líquidos das 25 maiores resseguradoras do mundo.

Uma delas, a Swiss Reinsurance, aceita a idéia do aquecimento global desde 1994, trabalhou com um grupo de seguradoras patrocinado pela ONU que apoiou o Protocolo de Kyoto e emprega 20 cientistas e engenheiros para estudar a questão. “Sempre se pode achar um cientista que diz o oposto do que os outros estão dizendo”, disse o diretor de riscos emergentes e de sustentabilidade da resseguradora, Ivo Menzinger, ao jornal The Washington Post, “mas a maioria dos cientistas hoje reconhece que o aquecimento global existe”.

Politicamente mais importante do que o número decrescente de cientistas que ainda se dizem céticos é o esforço do setor petrolífero para amplificar politicamente suas vozes.

Em 8 de dezembro, os jornais britânicos The Guardian e The Independent publicaram um documento em PowerPoint montado pelo advogado Chris Horner, lobista do Competitive Enterprise Institute (CEI) de Washington (co-fundado pela ExxonMobil, que contribuiu com US$ 1,5 milhão) e representante da Cooler Heads Coalition, que visa “dissipar o mito do aquecimento global”. Horner aparentemente atua na Europa a convite do European Enterprise Industry.

A apresentação – encaminhada aos jornais pelo Greenpeace – dirigia-se à companhia alemã de eletricidade RWE. Esboça um plano para arrebanhar transnacionais, acadêmicos, institutos, comentaristas, jornalistas e lobistas da Europa para a Coalizão Européia para uma Política Climática Sólida a ser criada em Bruxelas, e financiada por pelo menos seis empresas, o que minaria o apoio europeu ao Protocolo de Kyoto.

A proposta inclui preparo de relatórios de posicionamento, recrutamento de peritos prontos a atuar como conselheiros e porta-vozes e formação de redes de apoio instantaneamente disponíveis a qualquer empresa ou político interessado em questionar a adesão ao Protocolo.

Segundo o documento, a Lufthansa, Exxon e Ford teriam demonstrado interesse. “Nos EUA, uma coalizão informal (a Global Climate Coalition, fundada por empresas de petróleo e outras nos anos 90) teve sucesso em ajudar a evitar a adoção de um programa ao estilo de Kyoto. Esse modelo deveria ser emulado, no que for apropriado, para guiar esforços semelhantes na Europa.”

A apresentação afirma que os custos de Kyoto serão insuportáveis para a Europa, pois a maioria dos países europeus não atingiria suas metas para 2010 e isso os obrigaria a dar conta do atraso no período seguinte, com uma penalidade extra de 30% (segundo as regras ratificadas, dias depois, em Montreal).

Questionadas pelos jornais, algumas dessas empresas confirmaram ter-se reunido com Horner, mas só a Exxon se alinhou à sua posição, ao lamentar que “só um lado dessa discussão fosse visto como legítimo”. Para a RWE, o encontro “não significa que compartilhe dessa opinião”. A Ford Europa disse considerar a mudança climática um assunto sério, que exige medidas apropriadas e imediatas.



Brasil, novembro.
Botos agonizam, encalhados na lama, na pior seca da Amazônia em quatro décadas


Apesar dos esforços de Horner, sua proposta de lobby parece não ter vingado. O ano terminou com notícias relativamente boas: apesar do pessimismo da mídia, a 11ª Conferência da ONU sobre mudança climática, encerrada em Montreal em 11 de dezembro, resultou em alguns avanços.

Os negociadores dos EUA, Paula Dobriansky e Harlan Watson, tentaram impedir a continuação de Kyoto depois de 2012. Defenderam que a redução das emissões e a pesquisa de tecnologias inovadoras teriam de ser voluntárias e partir da iniciativa privada. Chegaram a abandonar reuniões em protesto e ameaçar vetar qualquer nova rodada de discussões, alegando que isso só levaria a novas metas de cortes de emissões, rejeitadas por Bush júnior por supostamente prejudicar a economia dos EUA. Mesmo se, segundo um manifesto divulgado por 25 economistas (três deles Prêmios Nobel) na reunião, isso reduzisse o crescimento em apenas 1% do PIB, menos que o custo da reconstrução de New Orleans.

Horner foi credenciado como “jornalista” pelo jornal neoconservador Washington Times para participar das conferências de imprensa e dar a deixa para Dobriansky proclamar a isolada posição de Washington como liderança de um “novo consenso”. Queria se referir aos 154 países, quase todos periféricos, que ainda não têm metas de redução e somam um terço das emissões globais – como China (13% das emissões), Índia (4%) e Brasil (1,3%, devido principalmente a desmatamento). Mas esses não morderam a isca e apoiaram a continuação da negociação.

Ao final, depois das críticas do primeiro-ministro canadense, Paul Martin – “Aos países relutantes, incluindo os EUA, digo que há uma coisa chamada consciência global e é hora de ouvi-la. Acima de tudo, agora é o momento de agir” –, e das pressões de aliados como o Reino Unido e de suas próprias ONGs, acabaram por aceitar participar de dois anos de discussões informais sobre cooperação no combate às alterações climáticas.

O objetivo é negociar a revisão e o aprimoramento do Protocolo de Kyoto a partir da conferência de 2006, definir metas mais ambiciosas para a segunda fase (2013-2017) e desenvolver um plano de cinco anos para ajudar os países pobres a enfrentar os impactos da mudança climática.

O maior desafio é convencer os não tão pobres – como China, Índia, Brasil e México – a aceitar metas de emissão, priorizar a sustentabilidade de seus investimentos e ajudar a financiar esse esforço. A Agência Internacional de Energia prevê investimentos de US$ 6 trilhões no mercado de energia até 2030, na maior parte em países periféricos. Para que esses investimentos não afetem o clima, seriam necessários outros US$ 2 trilhões – US$ 80 bilhões anuais.

De Washington, o mais que se pode esperar – pelo menos até o fim do governo Bush júnior, em 2008 – é que não sabote ativamente esses esforços. Mesmo assim, a presente geração ganhou, em 2005, a oportunidade de presentear seus netos com alguma esperança no futuro.

Morte Cel Ubiratan

RETROSPECTIVA 2006: A MORTE DO CORONEL UBIRATAN GUIMARÃES






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Carla Cepollina foi indiciada pela morte do namorado


Sábado, 9 de setembro, entre 19h05 e 20h27 –


Coronel Ubiratan Guimarães morre em função de um disparo no apartamento dele, nos Jardins. A bala perfura seu abdome e sai por trás, na região lombar. A última pessoa vista deixando o apartamento é a advogada Carla Cepollina, com quem o coronel mantinha um relacionamento.

Sábado, 9 de setembro, às 21h06 -


Câmera do elevador do prédio em que Carla mora registra sua chegada e ela colocando um pacote na bolsa. Antes de chegar em casa, ela passa em uma locadora e aluga dois filmes.

Domingo, 10 de setembro –


Preocupados com a falta de notícias, dois assessores visitam o apartamento e acham os jornais do dia na porta. Os dois seguem para a casa de Carla Cepollina, que lhes entrega a chave, mas prefere não ir até o local com eles.

Domingo, 10 de setembro, às 22h -


Assessores encontram Guimarães morto perto do sofá, com uma toalha enrolada na cintura. A porta de serviço está destrancada.

Segunda-feira, 11 de setembro, às 9h30 -


Carla Cepollina presta depoimento no DHPP e diz ter discutido com o namorado na noite do crime, após um telefonema de uma mulher. Depõe até 12h10 e deixa o prédio em um carro da polícia, assustada com o assédio da imprensa.

Segunda-feira, 11 de setembro, às 17h -


O coronel é enterrado no Cemitério do Horto Florestal, que fica na Rua Luís Nunes, número 111.

Terça-feira, 12 de setembro, às 11h -


Carla chega para prestar depoimento oficial no DHPP. Entra de carro, acompanhada da mãe e da irmã, e burla a imprensa. Ela nega ter matado o coronel.

Terça-feira, 12 de setembro, à noite -


Justiça autoriza a quebra do sigilo telefônico de Ubiratan, de Carla Cepollina e da delegada federal Renata Azevedo dos Santos Madi, com quem o coronel manteria um relacionamento amoroso paralelo.

Quarta-feira, 13 de setembro, às 13h -


Carla volta ao DHPP. O depoimento termina às 17h30 e ela continua negando o crime.

Quarta-feira, 13 de setembro, à tarde -


Diogo, Rodrigo e Fabrício, os três filhos do coronel, prestam depoimento no DHPP sobre os hábitos do pai e o relacionamento dele com a advogada.

Quinta-feira, 14 de setembro, 17h -


Mãe de Carla, Liliana Prinzivalli, concede entrevista à imprensa e nega que a filha tenha atirado no coronel. Ela afirma que a advogada colocou um pacote de balas na bolsa na imagem registrada no circuito interno de TV. A namorada do coronel não vai à coletiva porque recebe uma ameaça de morte pelo telefone.

Sexta-feira, 15 de setembro, de manhã -


Justiça quebra o sigilo telefônico de oito pessoas, incluindo Carla, Renata Madi e o assessor parlamentar de Ubiratan, Eduardo Anastasi. Também é decretado segredo de Justiça nas investigações.

Sexta-feira, 15 de setembro, à tarde -


Liliana vai ao DHPP e entrega um dos passaportes de Carla, assim como a gravação da suposta ameaça de morte.

Sábado, 16 de setembro, à tarde -


Carla divulga uma carta à imprensa na qual nega as acusações, diz que amava o coronel e que o deixou vivo no sábado. Ela também se declara "desrespeitada, injuriada, difamada e perseguida".

Domingo, 17 de setembro -


Filhos concedem entrevista a jornais e dizem que Carla não namorava Ubiratan havia meses. A advogada responde em nota que tinha relacionamento estável com o coronel.

Segunda-feira, 18 de setembro, à tarde -


Fabrício e Diogo prestam depoimento no DHPP, assim como os assessores Eduardo Anastasi e coronel Gérson Vitória.

Segunda-feira, 18 de setembro, à tarde -


Mãe de Carla pede habeas corpus preventivo ao Tribunal de Justiça, mas o desembargador Souza Nery nega liminar.

Terça-feira, 19 de setembro, à tarde -


Carla entrega dossiê à imprensa com notas fiscais e comprovantes que demonstrariam relação estável com Ubiratan Guimarães.

Quinta-feira, 21 de setembro -


Laudos do Instituto Médico-Legal (IML) apontam que um enfarte apressou a morte de Ubiratan. A bala que perfurou o abdome também atingiu uma artéria, provocando hemorragia e o enfarte.

Quinta-feira, 21 de setembro, 17h15 -


Liliana Prinzivalli diz que falou três vezes pelo telefone com a filha Carla na noite da morte de Ubiratan.

Sábado, 23 de setembro -


Polícia simula tiro disparado no apartamento de Ubiratan. Barulho é ouvido até da portaria.

Domingo, 24 de setembro -


Em entrevista ao "Fantástico", Carla afirma que não teria motivos para matar Ubiratan. "Você não mata uma pessoa que gosta.", disse.

Segunda-feira, 25 de setembro -


Carla depõe pela quarta vez e volta a negar a autoria do crime. A polícia faz uma diligência em seu apartamento e encontra três armas - duas delas com irregularidades no registro.

Terça-feira, 26 de setembro, de madrugada -


A advogada Liliana Prinzivalli é presa e autuada por posse ilegal de armas. Ela paga fiança de R$ 800 e é liberada poucas horas depois. Por conta da diligência e do problema com as armas, o quinto depoimento de Carla é adiado para quarta-feira.

Terça-feira, 26 de setembro, 11h -


O delegado Armando de Oliveira Costa Filho afirma que Carla Cepollina "é a autora do crime que vitimou o coronel Ubiratan".

Quarta-feira, 27 de setembro, à tarde -


Polícia colhe impressões digitais, tira foto e interroga novamente Carla, procedimento adotado antes do indiciamento. Promotor Luiz Fernando Vaggione diz que a acusada ocultou provas na investigação do assassinato de Ubiratan.

Quarta-feira, 27 de setembro, às 20h30 -


Domingos Paulo Neto, diretor do DHPP, anuncia o indiciamento de Carla Cepollina pela morte de Ubiratan Guimarães.

Quarta-feira, 8 de novembro –


Promotor Luiz Fernando Vaggione oferece denúncia à Justiça contra Carla Cepollina. O motivo do crime apontado pelo MP é vingança, já que Ubiratan teria decidido encerrar o relacionamento dos dois.

Terça-feira, 21 de novembro –


Juiz Alberto Anderson Filho acata denúncia contra a advogada e anuncia que Carla será ouvida pela primeira vez na condição de ré no dia 5 de fevereiro de 2007

PAN 2007

Ouro perdido

por Phydia de Athayde


Com o custo aumentado em dez vezes, e sem trazer melhorias estruturais para a cidade, os Jogos do Rio são uma metáfora do Brasil que não sabe crescer




Faltam menos de 150 dias para o início dos XV Jogos Pan-Americanos, dia 13 de julho, no Rio de Janeiro. Tempo curto se comparado ao que a cidade teve para se preparar. Também curto para obras que já não podem mais atrasar, como vinha acontecendo, sob o risco de simplesmente não ficarem prontas.


Mas o tempo é mais do que suficiente para que todos os envolvidos na organização passem a repetir, quando o assunto for o Pan-Americano, "estamos na última volta do ponteiro", "é a reta final". Agora vai. Agora que o orçamento cresceu mais de dez vezes e que o medo de um vexame internacional justifica tudo, agora vai.


A menos de cinco meses dos jogos, as disputas políticas amainaram, o dinheiro apareceu e algumas obras estão perto de ficar prontas. É hora de garantir ao País que tudo vai bem, que é o melhor momento já vivido pelo esporte nacional, que o Brasil está a um passo de se tornar sede de Olimpíadas, da Copa do Mundo de 2014, e assim por diante.


Por trás de tanto otimismo repousam, porém, fatos e atitudes capazes de arruinar as pretensões brasileiras de sediar grandes eventos esportivos internacionais. Ou, ainda, fazer com que aconteçam sem que tragam um mínimo de benefícios ao País. A maneira como o esporte é administrado, o descaso com a explosão nos custos e a displicência quanto ao planejamento urbano são alguns desses pontos.


O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é presidido por Carlos Arthur Nuzman desde 1995. Formado em Direito, Nuzman foi jogador da Seleção Brasileira de Vôlei de 1962 a 1968. Pouco depois, em 1975, elegeu-se presidente da Confederação Brasileira de Voleibol e lá permaneceu durante 20 anos. À frente do vôlei, Nuzman aproximou o marketing do esporte e, com esse capital, pavimentou o caminho para as vitórias que a modalidade conquistou desde então. Mérito inequívoco.


O mesmo espírito de empreendedor aliado ao marketing levou Nuzman à presidência do COB, onde está há mais de 12 anos. Ao todo, são 32 anos como dirigente esportivo. Nas últimas eleições para a presidência da entidade, em 2004, nem sequer havia concorrentes. Nuzman reelegeu-se com facilidade, tal como deverá fazer em 2008. É criação dele, por sinal, uma cláusula que exige que qualquer candidato à presidência do COB esteja há pelo menos cinco anos na entidade. Na prática, dois mandatos.


Esse modelo que facilita a perpetuação de dirigentes é criticado por atletas como Oscar Schmidt, o maior craque que o basquete brasileiro já teve:


– Os presidentes entram, não têm salário e não querem mais sair. No nosso sistema votam clubes, federações e confederações, só quem não vota é a parte mais importante do esporte, o atleta. O atleta não manda nada, não é respeitado e fazem o que querem dele.


O distanciamento entre a realidade do atleta e a realidade dos dirigentes também pode ser visto sob outro aspecto. Das 33 confederações de esportes que estarão no Pan, a maioria (42%) tem sede no Rio de Janeiro. Em São Paulo estão 27% dessas entidades, embora o estado abrigue 45% dos atletas que treinam para o Pan. Muitos, inclusive, são esportistas que tiveram de abandonar o Rio em busca de patrocínio e apoio financeiro, itens cada vez mais escassos nos clubes cariocas.


Mesmo perdendo atletas, o fato de o Rio concentrar as sedes de confederações ajuda a explicar sua vitória nas votações para escolher a candidata ao Pan-2007. São Paulo, que foi sede do Pan-Americano em 1963, concorreu e foi derrotada. A capital fluminense é, por extensão, a fortaleza política de Nuzman.


Atletas de esportes olímpicos referem-se ao presidente do COB como "Deus", tamanho o seu poder. Uma das raras exceções a esse temor misturado com adulação está em Magic Paula, ou Maria Paula Gonçalves da Silva, uma das maiores jogadoras de basquete do País. Em 2003, ela pediu exoneração da Secretaria Nacional de Alto Rendimento, no Ministério do Esporte, por não concordar com a relação promíscua entre Nuzman e o então ministro Agnelo Queiroz.


Os custos da estadia de Paula e Queiroz na República Dominicana, durante o Pan-Americano de 2003, foram pagos pelo COB. Apenas uma das muitas cortesias da entidade a quem lhe interessa. Além de não concordar com esse comportamento, Paula critica a falta de planejamento do ministério e o abandono das categorias de base no esporte. Ela falou a CartaCapital sobre o que significa um Pan no Brasil:


– O problema do esporte brasileiro é mais embaixo. Não é um Pan-Americano aqui que vai solucioná-lo. Além do mais, esse é um gasto absurdo. Com muito menos dinheiro daria para estruturar o esporte no País. O Pan é importante para dar visibilidade ao esporte e seria bom se tivéssemos base, se tivéssemos estrutura para os atletas se manterem e trabalharem. Fico preocupada com os atletas depois que tudo acabar e eles voltarem a viver na corda bamba.


Paula diz que um dos fatores que perpetuam as mazelas do esporte é focar os patrocínios apenas nos atletas de ponta, esquecendo da base:


– Na formação de atletas mesmo, pouca gente está interessada. Só interessa quem já está lá em cima. Não existe política esportiva para o País, então cada um faz à sua maneira. Quando o governo cria uma lei de incentivo que não exige contrapartida social, os beneficiados serão os mesmos de sempre.


Paula refere-se à Lei de Incentivo ao Esporte, sancionada pelo presidente Lula em 29 de dezembro de 2006. Formulada nos moldes da Lei Rouanet, a lei prevê a renúncia de parte do Imposto de Renda para ser investida no esporte. A exemplo do que já acontece com a Lei Rouanet, teme-se que os benefícios fiscais acabem indo para projetos que ofereçam grande visibilidade e beneficiem, sobretudo, quem goze de ótimo trânsito nas ante-salas de marketing.


Para 2007, estima-se que 300 milhões de reais sejam destinados a projetos ligados ao esporte em razão da nova lei. No Brasil, desde 2001, a Lei Agnelo-Piva destina 2% da arrecadação das loterias para o esporte olímpico. O COB recebe esse dinheiro e trata de repassá-lo para as confederações e para si mesmo. No ciclo olímpico para os Jogos de Atenas, a entidade recebeu 158 milhões de reais.


Boa parte desse montante é usada para custear viagens internacionais dos atletas, feitas sempre através da agência de viagens oficial do COB, a Tamoyo Internacional.


A verba também ajuda a manter as instalações do COB, na Barra da Tijuca, e do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (CO-Rio), no mesmo prédio. No CO-Rio trabalham mais de dez ex-atletas olímpicos. Paula Andrade e Paula Hernandez, do vôlei. Agberto Guimarães e Rafael Gonçalves, do atletismo. Christiane Paquelet e Ricardo Prado, da natação. Ricardo Trade, do handebol. Sebástian Pereira, do judô. Soraya Carvalho, da ginástica, e Cecília Marques, do pólo aquático, entre outros, como o ex-atleta do remo e vice-presidente do CO-Rio, André Richer.


Não é essencialmente condenável que ex-atletas trabalhem nos comitês olímpico e pan-americano. Grave é quando integrantes do COB trabalham em empresas que prestam serviços ao próprio COB. O chefe da delegação brasileira nas Olimpíadas de Atenas e Pequim, Marcus Vinícius Freire, ex-atleta do vôlei, até o ano passado era diretor de marketing da seguradora Aon Brasil. Por anos a Aon, de Freire, serviu ao COB, de Nuzman.


A delegação brasileira nas Olimpíadas de Atenas usou uniformes assinados pela estilista Mônica Conceição, que é cunhada de Nuzman. Aos amigos, tudo.


Há mais relatos de condutas pouco louváveis, para não dizer escandalosas, como o assédio a uma empresa do setor de alimentação. Um emissário do COB contatou-a oferecendo intermediação para o processo de licitação pública. A empresa recusou a oferta. E declinou da licitação.


Outro relato trata de um fornecedor de painéis eletrônicos convidado a oferecer seus produtos por um valor acima do preço normal. A empresa recusou o convite. Em seguida, surge uma segunda empresa, disposta a comprar os equipamentos da primeira e a revendê-los pelo preço sugerido.


Críticos do COB dizem que o Pan-Americano tornou-se um "balcão de negócios". Não se depender das palavras do secretário-geral do CO-Rio, Carlos Roberto Osório, para quem "nenhuma instituição no Brasil é tão controlada quanto o CO-Rio" ( entrevista abaixo). Osório explica que toda a movimentação financeira para os Jogos Pan-Americanos é sujeita à aprovação dos Tribunais de Contas do Município, do Estado e da União, além de cumprir "procedimentos administrativos aprovados pelo nosso conselho-executivo baseados na legislação em vigor".


Mesmo assim, só não dá para ignorar que os Jogos Pan-Americanos no Brasil custarão dez vezes mais que o programado. Há muitas versões para essa explosão de gastos. Nuzman devolve a pergunta: "Que país cumpriu um orçamento inicial?" É verdade que faz parte da história de Olimpíadas estourar orçamentos ( histórico dos Jogos nesta página). Só não se tem notícia de um orçamento que tenha decuplicado. Ainda mais de um Pan-Americano.


Antes de seguir, convém lembrar que Jogos Pan-Americanos são tradicionalmente pouco significantes no cenário mundial. Em toda a história das 14 edições do Pan, somente dez recordes mundiais foram quebrados. Nas Olimpíadas de Atenas, para ter uma idéia, foram batidas 21 marcas mundiais. Juca Kfouri observou em sua coluna, na Folha de S.Paulo, que desde 1979 não se bate um recorde mundial em Pan-Americanos. Além do mais, "a gastança desenfreada que jornais vêm denunciando é criminosa", denuncia Kfouri, e identifica a "chantagem que era prevista diante do fato consumado e da necessidade de salvar o País".


Faz cinco anos que o Rio de Janeiro foi escolhido para ser a sede do Pan-Americano de 2007. Agora, a pouco mais de cinco meses do início dos Jogos, o temor de um fracasso justifica gastos emergenciais. O discurso oficial repete que tudo está sob controle, mas há apreensão no ar.


Na terça-feira 6, o presidente Lula esteve no Rio de Janeiro para a primeira inauguração de algo relacionado ao Pan. O Centro de Operações Tecnológicas compilará todos os dados referentes aos Jogos e custou 112 milhões de reais aos cofres do governo federal. Ao lado do ministro do Esporte, Orlando Silva, do governador do Rio, Sérgio Cabral, e de representantes do Comitê Olímpico e do município, Lula frisou querer um "acompanhamento milimétrico" das obras de agora até julho. Repetindo a tese do COB, voltou a ligar o sucesso do Pan às chances de o Brasil ser sede das Olimpíadas de 2016:


– A responsabilidade dos entes federativos é decisiva para a imagem que o Brasil quiser mostrar. Os Jogos Pan-Americanos serão uma espécie de vestibular para a nossa competência em organizar eventos esportivos. O Brasil não medirá esforços para que os Jogos Pan-Americanos sejam os melhores já realizados nesta América.


É mesmo bom serem os melhores Jogos Pan-Americanos da América, já que o governo federal investiu, sozinho, 1,5 bilhão de reais. Dez vezes além do previsto inicialmente, vale relembrar. O que faz um orçamento decuplicar? Talvez ambição. Ou pretensão. O Brasil candidatou-se para receber Jogos Pan-Americanos. Assim que foi escolhido, passou-se a tratar os Jogos como uma pré-candidatura olímpica. Essa tese, defendida pelo COB, foi bem costurada e é defendida nas três esferas de governo, como se verá. O secretário-executivo do Comitê Gestor das Ações Federais para o Pan-Americano, Ricardo Leyser, falou a CartaCapital:


– Há 30 anos não se fazem investimentos de porte em equipamentos esportivos no Brasil. Se o investimento é feito, ele não pode visar só um evento. É importante que capacite o País para uma Olimpíada, para um Mundial. O Brasil é candidato a sede dos Jogos Mundiais Militares de 2011, por exemplo. É mais caro, mas não valeria a pena não fazer.


Leyser, no entanto, critica a forma como o orçamento foi apresentado inicialmente pelo COB:


– Originalmente, essa divisão de recursos foi mal planejada. Não foi realista. A conta do governo federal multiplicou por 10, o que é significativo. Alguns itens não estavam previstos, como os investimentos em segurança. Estamos comprando 27 aeronaves, algumas ficarão no Rio, outras serão distribuídas. Mais de 1,1 mil viaturas ficarão no Rio, isso é legado.


O investimento federal em segurança, estimado em 385 milhões de reais, visa dar tranqüilidade aos cariocas, aos turistas e aos atletas. Convém levar em conta a questão das milícias que proliferam no Rio. Essas organizações vêm tomando as favelas, especialmente no entorno das vias de acesso, como a Linha Amarela, ou dos complexos esportivos. A chance de estourarem revides violentos, inclusive durante os Jogos, não é baixa.


Ruy César Miranda Reis, secretário especial do município para o Pan, evitou o tema segurança. Preferiu falar de orçamento:


– Se fosse apenas para o Pan-Americano, os Jogos custariam 300 milhões de reais e a prefeitura entraria com 172 milhões. Hoje, nossos custos passam de 1 bilhão de reais. Os Jogos tinham um valor, mas, com a candidatura para a Olimpíada, isso cresceu. Esse centro tecnológico, por exemplo, seria importante para o Pan-Americano, mas não é fundamental. É um salto de pretensão e de qualidade.


No governo do estado, entra Sérgio Cabral e saem os Garotinho. O novo secretário estadual de Esportes e Turismo, Eduardo Paes, falou a CartaCapital da situação das obras:


– Encontramos um débito monstruoso, obras quase paradas ou muito atrasadas, como as do Maracanãzinho. Só este ano, o governo estadual liberará 250 milhões de reais, a maior parte para obras no complexo do Maracanã. É um esforço enorme.


Nem o esforço dos governos estadual, federal e municipal será capaz de oferecer à cidade algo além dos locais de competição. A saber: o setor de transporte público seria, de acordo com o projeto de candidatura, o maior beneficiado com os Jogos. Previam-se novas linhas de metrô (duas delas constavam no caderno de encargos da candidatura), a implantação de corredores de ônibus e até de uma linha de barca marítima que ligaria a Barra da Tijuca ao centro da cidade ( quadro ao lado). Nada saiu do papel. As propostas mofam no plano diretor de transportes da cidade, publicado no Diário Oficial do Município em maio de 2006.


Além de não haver melhora no transporte público, a cidade ainda terá de absorver os milhares de turistas e garantir que atletas e oficiais ligados ao Pan cheguem aos locais de competição a tempo. Como? Coube à prefeitura o deslocamento da chamada Família-Pan (equipes e oficiais). A despeito dos congestionamentos que a cidade já enfrenta diariamente, o prefeito Cesar Maia não se alarma:


– É preciso levar em conta que 70% dos eventos acontecerão na Barra. E os deslocamentos para a zona sul, para Deodoro e para o Maracanã serão feitos em corredores exclusivos durante a passagem pela Lagoa-Barra.


A ligação Lagoa-Barra já é uma das mais congestionadas da cidade. Ao público restará enfrentar engarrafamentos ou tentar o transporte público disponível ou, ainda, as linhas circulares que estão para ser criadas. Ao redor dos locais de competição não será permitido estacionar veículos particulares.


O caos anunciado nas avenidas cariocas levou o ministro do Esporte, Orlando Silva, a fazer a primeira crítica às oportunidades perdidas com o Pan. "Em infra-estrutura poderíamos ter algo a mais. Sobretudo, para quem acalenta o sonho olímpico, precisaríamos de um transporte melhor", pontuou. Silva também lembrou que as mesmas deficiências no transporte contribuíram para a derrota do Rio à candidatura olímpica para 2008.


A menos de cinco meses dos Jogos Pan-Americanos, é visível que a prioridade de investimentos foi para as instalações esportivas, enquanto a cidade foi deixada em segundo plano.


A candidatura também previa a despoluição da Baía de Guanabara, onde acontecerão as competições de vela, e da Lagoa Rodrigo de Freitas, área de remo e canoagem. Não vão acontecer. Aos atletas da vela, restará deslizar sobre dejetos. "É tanto lixo que tenho medo de arrebentar uma prancha de 4 mil dólares, batendo numa geladeira", reclamou o velejador Bimba, depois de conhecer as condições da Baía de Guanabara.


Perdida a oportunidade, sobram as explicações. Leyser, do Comitê Gestor das Ações Federais no Pan, alega:


– O Pan não tem uma agenda ambiental obrigatória. Isso são invenções. O que há de efetivo são os projetos de despoluição da baía, em andamento muito antes de o Rio ser candidato. E o governo federal fornecerá 25 milhões de reais para construção de uma estação de tratamento de esgoto próxima à Vila do Pan, que ajudará a despoluir as lagoas da Barra.


Quanto ao transporte:


– Investir em transporte também não é obrigação do Pan. Não prometemos nada. É uma promessa que alguém fez aí, mas também não é obrigatório para o Pan. É claro que o ideal é que tivesse havido um investimento maior em legado.

Já que o grosso dos investimentos foi para as instalações esportivas, cabe discutir o que será feito delas após os Jogos. A obra mais cara do Pan-Americano é a construção do Estádio João Havelange. Orçado em 166 milhões de reais, já está em 360 milhões. Mas ninguém sabe dizer o que será feito dele depois dos Jogos.


O Engenhão, como é chamado, é responsabilidade da prefeitura. Ele terá instalações para atletismo e também um campo de futebol. O destino disso tudo? "Pergunte à prefeitura", é o que se diz. Cesar Maia ensaia uma resposta:


– Espero que um clube de futebol do Rio assuma a concessão na licitação. O método será a participação da prefeitura nas receitas diversas.


Ruy Miranda, também da prefeitura, dá detalhes:


– Já conversamos com clubes da cidade, Flamengo e Botafogo. O Fluminense não se interessou muito. Vamos desenhar uma concessão para alguém do mundo empresarial que entenda de esporte e que tenha interesse em gerenciar aquele complexo esportivo.


A jogadora Paula também falou sobre o destino das instalações feitas para o Pan. Porém, com preocupação:


– O que será delas? Haverá programas de formação de atletas ou apenas eventos pontuais, para trazer dinheiro? Eu não sou do oba-oba. Não dependo de falar bem de um ou de outro. Vejo uma canaleta de dinheiro público escoando, e isso precisa de uma boa justificativa. Há muitas outras formas de dar visibilidade ao País.


As obras na Marina da Glória, por sua vez, ficarão marcadas como as mais problemáticas na organização desses Jogos. O projeto inicial previa mudanças drásticas na marina, tombada pelo patrimônio histórico, para torná-la capaz de abrigar as embarcações para a competição de vela. O assunto arrastou-se em uma queda-de-braço até parar na Justiça. Por pouco, a vela, um dos esportes em que o Brasil é destaque internacional, não é excluída do Pan. Depois de meses, enfim, chegou-se a um acordo que prevê instalações provisórias. Modestas e mais realistas.


A resolução do impasse na Marina da Glória talvez seja o melhor exemplo de um desfecho razoável nesses Jogos Pan-Americanos. A seu lado, outras duas obras também podem servir como analogias de um Brasil que quer ser grande, mas raramente acerta o caminho. O caríssimo e sem destino Engenhão, de um lado, e a abandonada e poluída Baía de Guanabara, de outro. Tristes trópicos.





Uma questão de estratégia


Carlos Roberto Osório, do CO-Rio, dá os detalhes finais do Pan


O secretáro-geral do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos do Rio, Carlos Roberto Osório, forma, ao lado de Carlos Arthur Nuzman, a dupla de ataque do Pan. Ele falou com exclusividade a CartaCapital.


CartaCapital: A menos de 150 dias dos Jogos ainda não se definiu que empresa fornecerá os ingressos. Quando a questão será resolvida? Quando os ingressos estarão à venda?

Carlos Roberto Osório: Ainda não temos a decisão. Durante o processo de concorrência, apenas uma empresa apresentou a proposta fora dos padrões aprovados pelo conselho executivo. Cancelamos e abrimos outro processo de licitação com parâmetros revisados. A previsão é que o novo processo seja concluído em fevereiro e que no início de março façamos o anúncio público de toda a operação. As vendas iniciam em março. Teremos categorias diferenciadas de preço e ingressos populares na maioria dos eventos. Não é do nosso interesse que os Jogos sejam elitistas.


CC: Com um preço médio estimado em 30 reais, haverá uma cota de ingressos gratuitos?

CRO: Sim, estamos chamando de ingressos sociais. Falta definir a quantidade, em que provas estarão e como serão distribuídos.


CC: A cidade receberá milhares de pessoas e não tem estrutura para absorver esse volume extra no sistema de transporte. Como amenizar o caos?

CRO: Nos Jogos Pan-Americanos não há exigência de executar projetos de infra-estrutura na área de transportes. Esse compromisso acontece em candidaturas olímpicas. Além de algumas coisas tópicas, esses investimentos não puderam ser feitos. A prefeitura é responsável pelo manejo do transporte durante os Jogos. Há um cuidado muito grande na tomada de decisões na questão do transporte, que é crítica em qualquer megaevento. Não diria que teremos um problema terrível.


CC: O Rio foi escolhido apenas para ser sede do Pan. No entanto, as obras foram baseadas na idéia de pleitear Jogos Olímpicos. Quem custeará a manutenção dessas instalações e como garantir que daqui a oito anos elas não estarão defasadas?

CRO: A responsabilidade de manutenção de cada equipamento é do órgão governamental responsável por ele, que pode concedê-lo à iniciativa privada. Essa foi a estratégia montada.


CC: As empresas que prestam serviço ao COB passam por licitação?

CRO: A Lei Piva não impõe nada ao Comitê Olímpico Brasileiro. Os recursos são repassados ao COB, e nós temos um procedimento para a utilização deles. Não é uma licitação pública. Somos uma entidade privada, mas recebemos recursos públicos e temos de prestar contas. Todos os procedimentos administrativos foram aprovados pelo nosso conselho executivo, baseados na legislação em vigor. Prestamos contas aos Tribunais de Contas do Município, do Estado e da União, além da Controladoria-Geral do Município e da União. Muito francamente, nenhuma instituição no Brasil é tão controlada quanto o CO-Rio.


CC: Qual será o destino do Engenhão?

CRO: Responsabilidade da prefeitura da cidade.


CC: Todos repetem isso, mas o que efetivamente se pode dizer a respeito?

CRO: O projeto do estádio João Havelange é de um nível espetacular. Em termos esportivos, nenhum estádio do mundo é mais moderno. Em minha opinião tem um futuro bastante interessante.




Giro olímpico


Receber Jogos internacionais pode ser maravilhoso. Ou desastroso


Se o Brasil escolher como critério para avaliar o seu Pan-Americano a última edição dos Jogos, na República Dominicana, dificilmente se sairá mal. Os Jogos de 2003 foram problemáticos desde a preparação até durante as competições. A quatro meses do início dos Jogos, apenas 30% das instalações esportivas estavam prontas. Boa parte não ficou pronta a tempo. Provas de natação, por exemplo, tiveram de ser canceladas por não haver local para se realizarem. No Pan de Santo Domingo, essencialmente, faltou dinheiro. Não é, como vimos, o que ocorre no Rio de Janeiro.


É verdade que, quando se trata de Olimpíadas, as previsões originais de gastos nunca são seguidas. Não que decupliquem, mas é comum orçamentos crescerem e até duplicarem. É o que já acontece na organização dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. O Parque Olímpico foi orçado em 3,6 bilhões de euros, mas uma nova avaliação do projeto estima que vá custar o dobro. Vale ressaltar, o Parque Olímpico será construído em uma área degradada da cidade. Outra diferença é que, por lá, o aumento no orçamento é tratado como escândalo.


Cada país tem a sua cultura. Engana-se quem pensa que o Comitê Olímpico Internacional (COI) esteja livre de denúncias de irregularidades. Os franceses questionam a escolha da capital do Reino Unido e acusam integrantes do COI de corrupção.


São peculiaridades, como as que diferenciam chineses de brasileiros, que revelam as culturas. Por exemplo, já se pode comprar ingressos para as Olimpíadas de Pequim, em 2008, mas ainda não é possível comprá-los para o Pan do Rio, daqui a cinco meses.

Na questão do orçamento, Pequim anunciou que gastará 2 bilhões de dólares para os custos operacionais dos Jogos. Mas, provavelmente, despenderão muito mais para melhorar a infra-estrutura da cidade.


Realizar Jogos Olímpicos pode trazer benefícios permanentes para uma cidade, como em Barcelona ou Sydney. Mas, também, prejuízos estrondosos, como em Montreal ou Atlanta.


Para a edição de 2004, Atenas anunciou que gastaria 1,9 bilhão de euros, mas acabou consumindo mais de 9 bilhões. Um escândalo, que tornou esses os Jogos Olímpicos mais caros da história. Por enquanto.

Mudança PIB

Muda o PIB, o Brasil não

por Redação CartaCapital


O IBGE revisou a metodologia. O País cresceu um pouco mais, desde 1996, mas os investimentos foram menores


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1996 a 2005. Trata-se de um procedimento costumeiro, em países civilizados, para aperfeiçoar a medição do que a nação realmente produz. Há dados positivos. Na média, nos três primeiros anos do governo Lula, o crescimento do PIB subiu de 2,6% (pela metodologia antiga) para 3,2%. Nos três últimos anos de Fernando Henrique, também houve melhora: de 2,5% para 2,8%.


Houve uma reavaliação para cima dos valores do produto, que cresceu 10,9%, em 2005, para 2,148 trilhões de reais. O lado positivo é que a relação Dívida/PIB caiu de 50% para 45,7%, em 2005. É importante, por ser um dos indicadores que mostram a solidez das contas públicas.


De outro lado, como o PIB aumentou, para cumprir a meta de superávit primário (receitas, menos despesas, antes do pagamento dos juros) de 3,75% neste ano, o governo terá de economizar 9 bilhões de reais a mais. Isso já descontado o 0,5 ponto destinado ao Projeto Piloto de Investimentos (PPI). Contudo, ponderou a LCA Consultores em relatório a clientes, se caiu a relação Dívida/PIB, não haverá, em tese, necessidade de se apertar mais os cintos.


Um fato negativo foi a revisão para baixo da taxa de investimentos da economia, em todos os anos que o PIB foi recalculado. Isso preocupa o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Em 2005, por exemplo, caiu de 19,9% para 16,3% do PIB. Internacionalmente, o nível de um país que cresce de forma sustentada é de 25%.


Não faz sentido comparar com a melhora de 0,6 ponto da era lulista com 0,3 no último triênio da gestão fernandista. Não leva a nada. Na vida real, tudo fica como está. A não ser a constatação de que, mesmo com as novas contas, o País cresceu, no período, abaixo da média mundial.