terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Crise nos Mercados EUA

Acabou a festa
por Márcia Pinheiro
Carta Capital
A crise norte-americana e a inflação das commodities marcam o fim de mais um ciclo de prosperidade do capitalismo
O Goldman Sachs estima uma retração no crédito de 2 trilhões de dólares nos EUA
A possibilidade de a crise global assumir contornos sérios ficou clara na reunião dos presidentes dos bancos centrais de todo o mundo na Basiléia, entre domingo 6 e segunda-feira 7. O termo mais mencionado foi estagflação, a dobradinha recessão-inflação, aguçada pela crise imobiliária americana. Os BCs estão entre a cruz e a caldeirinha. De um lado, sentem-se obrigados a elevar o juro, para conter a alta dos preços dos alimentos e do petróleo. De outro, temem que uma política monetária mais austera acentue a desaceleração econômica.
Depois da bonança dos últimos anos, o mundo está submerso em dúvidas, principalmente pelo papel relevante que assumiram as economias asiáticas, com seus invejáveis crescimentos em torno de dois dígitos. Foram basicamente China e Índia que provocaram o aumento do consumo e dos preços das commodities, pelo apetite insaciável dos cerca de 2,3 bilhões de habitantes dos dois países a ingressar na sociedade de consumo. A região também passou a ser financiadora dos países ricos, notadamente dos Estados Unidos, ao adquirir títulos do governo. Além disso, os fundos soberanos dos emergentes têm sido cada vez mais agressivos na compra de participações em empresas financeiras e produtivas mundo afora. De todo modo, apesar de ser visível uma mudança no eixo econômico global, nenhum país ou região tem estofo para compensar o poderio norte-americano, em processo de debilitação desde meados de 2007.

Nenhum comentário: