terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Bovespa "descola" da crise

Bovespa "ignora" NY e valoriza 5%; dólar cede para R$ 1,79
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EPAMINONDAS NETO
da Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) praticamente "descola" do mercado externo e recupera uma parcela das fortes perdas anteriores. Após acumular queda de quase 16% neste ano, os investidores voltaram às compras. A ação da Petrobras, uma das mais negociadas, dispara mais de 9%.

O Federal Reserve (banco central dos EUA) anunciou uma redução dos juros básicos da economia de 4,25% ao ano para 3,50%, em uma reunião extraordinária. As Bolsas americanas, principal referência externa dos mercados brasileiros, operam em território negativo: o índice Dow Jones cai 0,64%, enquanto o S&P 500 cede 1,41%.

O Ibovespa, indicador que reflete os preços das ações mais movimentadas, valoriza 5,05%, aos 56.420 pontos. O volume financeiro é de R$ 4,20 bilhões.

A ação preferencial de Petrobras que sozinha responde por quase um quarto dos negócios hoje, ascende 9,13%, sendo negociada a R$ 72,60. A ação ordinária tem ganhos de 11,08%, a R$ 86,65. O dólar comercial é negociado a R$ 1,798 para venda, em declínio de 1,74%. A taxa de risco-país marca 263 pontos, número 3,54% superior à pontuação final de ontem.

Ontem, a estatal petrolífera anunciou a descoberta de uma grande jazida de gás natural em um poço próximo à área de Tupi, na Bacia de Santos, na chamada camada pré-sal (de grande profundidade, abaixo da camada de sal subterrâneo).

O banco Merrill Lynch, em relatório para investidores, afirmou que a crise não está restrita aos problema dos créditos imobiliários "subprime" nos EUA e manifestou 'preferência' por ações de economias emergentes.

Sobre a crise nos EUA, o ministro Guido Mantega (Fazenda) avalia que o corte de juros emergencial apenas interromperá a turbulência nos mercados. Ele disse acreditar que o problema só será resolvido quando as perdas geradas pela crise de crédito no mercado imobiliário forem completamente absorvidas.

Mais cedo, porém, Mantega afirmou que o Brasil está preparado para enfrentar uma crise internacional e que o país está em uma "situação privilegiada". "Tendo em vista o que foi feito nos últimos anos (...) isso nos constituiu sólidos fundamentos que nos colocam em situação privilegiada para enfrentar uma crise internacional", disse o ministro da Fazenda.

"Não quero dizer que o país está imune, mas, dependendo das dimensões que venha a adquirir [a crise], o que quero dizer aqui, hoje, é que o Brasil nunca esteve tão sólido para passar por uma crise dessa magnitude", afirmou.

Ainda no front doméstico, investidores também operam sob expectativa da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que inicia hoje sua reunião de dois dias, quando deve decidir a nova taxa básica de juros do país. A maioria dos analistas do setor financeiro considera que o Comitê deve manter a chamada 'Selic' em 11,25% ao ano.

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