terça-feira, 16 de março de 2010

Os Motivos da Minha Greve ! Divulguem !

Olá Pessoal.

Pra quem não sabe hj estive na escola e entreguei algumas folhas ao Grêmio para divulgação as alunos sobre a Greve e sobre a minha posição. É importante que todos saibam disso.
Reproduzo aqui o teor destes informes.
Por favor repassem aos colegas para que todos recebam estas informações .

Obrigado Prof Milton



Os motivos da minha greve : Prof Milton

““Contra reformas que prejudiquem a educação, o ensino fundamental, o ensino médio;” *

* Um dos principais ítens da PAUTA DE REINVIDICAÇÕES das entidades do magistério : APEOESP,CPP, UDEMO, etc

Como já falei para todos os meus alunos : O maior prejudicado pela política educacional do Governo de SP são vocês !

É por vocês que PROFESSORES como eu estão protestando !

Só quero ter o direito de poder levar para vocês a mesma qualidade de aulas que me deixam fazer cursinhos e particulares !
Será que todas as melhores escolas de SP e os melhores cursinhos estão errados?
Será que só a Secretaria de Educação está certa em retirar as tradicionais aulas de História do Brasil do programa do Ensino Médio ??
· Será que a Secretaria se preocupa de verdade com alunos como vocês que sonham com vestibulares e concursos ? Pois estas provas não abandonaram a História do Brasil em suas questões !
· É só conferir e perceber o tamanho deste absurdo !
· Tenho orgulho de ter ajudado vários alunos desta escola a conseguirem bons resultados em vestibulares e concursos !
· Ninguém vai me convencer que vocês não tem o mesmo direito !
E por falar em Política e Educação : EDUCAÇÃO E A POLÍTICA SEGUNDO PAULO FREIRE,
FLORESTAN FERNANDES E OUTROS MENOS FAMOSOS !

‘NÃO posso ser professor sem me pôr diante dos alunos, sem revelar com facilidade ou relutância minha maneira de ser, de PENSAR POLITICAMENTE’
Se somos educadores, somos POLÍTICOS (in: SERBINO e outros, 1998:46).
“(...) a educação não vira política por causa da decisão deste ou daquele educador. ELA É POLITICA” (1997:124).
“(...) já NÃO é mais possível falar em NEUTRALIDADE do ato educativo, ou ainda, segundo FERNANDES, separar o cidadão do cientista e do professor...(...)”
· “ (...) o professor e a professora que atuam no processo de ensino/aprendizagem, confirmam-se também como POLÍTICOS porque mergulhados na luta entre as diferentes forças que constituem esse espaço escolar.(...)”
· “(...) Não basta dizer que a educação é um ato político assim como não basta dizer que o ato político é também educativo. É PRECISO REALMENTE ASSUMIR A POLITICIDADE DA EDUCAÇÃO(...)”
· “ Como prática política, a prática docente passa pela atitude de o professor e a professora, como profissionais políticos da educação, abrirem-se à participação política que é própria do processo educativo quando entendido como um caminho para a realização do ser humano em sociedade.(...) “ e de acordo com FREIRE: “A raiz mais profunda da politicidade da educação se acha na educabilidade mesma do ser humano, que se funda na sua natureza inacabada e da qual se tornou consciente. Inacabado e consciente de seu inacabamento histórico, necessariamente o ser humano se faria um ser ético, um ser de opção, de decisão.” (1997:124)
· “ (...) para que a formação permanente do professor e da professora seja AUTÊNTICA, é necessário que ela se funde na experiência de viver a tensão dialética entre teoria e prática (p.14) impossivelmente neutra, a prática educativa coloca ao educador o imperativo de “decidir”, portanto, de “romper” e de optar por um sujeito participante e não por um objeto manipulado(...)”. (In: CASTELLS e outros, 1996:55)“(...) sendo a escola esse espaço público e de participação democrática, portanto político, o professor e a professora que nela exercem sua prática docente, como já foi colocado anteriormente, são também políticos. E políticos porque imersos na luta entre diferentes forças que se enfrentam numa dinâmica escolar, pois, segundo FREIRE, os conflitos sociais, O JOGO DE INTERESSES, asCONTRADIÇÕES que se dão no corpo da SOCIEDADE se refletem necessariamente no espaço das ESCOLAS(...) “ (1993:102).
“ (...) É essa coragem que faz o professor e a professora, profissionais políticos da educação, ficarem mais próximos e comprometidos com aquilo que, segundo FREIRE (1995), não deve faltar nas suas relações com os alunos e as alunas: a permanente disposição em favor da justiça, da liberdade, do direito de ser”

Referências bibliográficas FERNANDES, Florestan. A formação política e o trabalho do professor. In: CATANI, Denice
Bárbara, MIRANDA, Hercília Tavares et al. (Orgs.). Universidade, escola e formação de professores. São Paulo : Brasiliense, 1987. p. 13-37. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia : saberes necessários à prática educativa. 3. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1997. . Política e educação. 2. ed. São Paulo : Cortez, 1993. . Professora sim, tia não : cartas a quem ousa ensinar. São Paulo : Olho d’Água, 1995. . Pedagogia da esperança : um reencontro com a pedagogia do oprimido. 3. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1994. ______ . Educação e participação comunitária. In CASTELLS, Manuel, FLECHA, Ramón, FREIRE, Paulo et al. Novas perspectivas críticas em educação. Porto Alegre : Artes Médicas, 1996. p. 53-61. . Novos tempos, velhos problemas. In SERBINO, Raquel V., RIBEIRO, Ricardo et al. (Orgs.). Formação de professores. São Paulo : Fundação Editora da UNESP, 1988. p. 41-47. . SHOR, Ira. Medo e ousadia : o cotidiano do professor. 2. ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1987.

Alguns detalhes dos :PCNs : PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS e da LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Voce sabia ?

1- Na sociedade democrática, ao contrário do que ocorre nos regimes autoritários, o processo educacional não pode ser instrumento para a imposição, por parte do governo, de um projeto de sociedade e de nação. Tal projeto deve resultar do próprio processo democrático, nas suas dimensões mais amplas, envolvendo a contraposição de diferentes interesses e a negociação política necessária para encontrar soluções para os conflitos sociais.*

2- Nos anos 70 proliferou o que se chamou de “tecnicismo educacional”, inspirado nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes. A supervalorização da tecnologia programada de ensino trouxe conseqüências: a escola se revestiu de uma grande auto-suficiência, reconhecida por ela e por toda a comunidade atingida, criando assim a falsa idéia de que aprender não é algo natural do ser humano, mas que depende exclusivamente de especialistas e de técnicas. O que é valorizado nessa perspectiva não é o professor,mas a tecnologia; o professor passa a ser um mero especialista na aplicação de manuais e sua criatividade fica restrita aos limites possíveis e estreitos da técnica utilizada. A função do aluno é reduzida a um indivíduo que reage aos estímulos de forma a corresponder às respostas esperadas pela escola, para ter êxito e avançar. Seus interesses e seu processo particular não são considerados e a atenção que recebe é para ajustar seu ritmo de aprendizagem ao programa que o professor deve implementar. Essa orientação foi dada para as escolas pelos organismos oficiais durante os anos 60, e até hoje está presente em muitos materiais didáticos com caráter estritamente técnico e instrumental.*

3- A importância dada aos conteúdos revela um compromisso da instituição escolar em garantir o acesso aos saberes elaborados socialmente, pois estes se constituem como instrumentos para o desenvolvimento, a socialização, o exercício da cidadania democrática e a atuação no sentido de refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos, as imposições de crenças dogmáticas e a petrificação de valores. Os conteúdos escolares que são ensinados devem, portanto, estar em consonância com as questões sociais que marcam cada momento histórico.*

4- O Ensino Médio passa a ter a característica da terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento de estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; (...)O Ensino Médio, portanto, é a etapa final de uma educação de caráter geral, afinada com a contemporaneidade, com a construção de competências básicas, que situem o educando como sujeito produtor de conhecimento e participante do mundo do trabalho, e com o desenvolvimento da pessoa, como “sujeito em situação” – cidadão. (...)Na perspectiva da nova Lei, o Ensino Médio, como parte da educação escolar, “deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social” (Art.1º § 2º da Lei nº 9.394/96). Essa vinculação é orgânica e deve contaminar toda a prática educativa escolar.*

5- A centralidade do conhecimento nos processos de produção e organização da vida social rompe com o paradigma segundo o qual a educação seria um instrumento de “conformação”do futuro profissional ao mundo do trabalho. Disciplina, obediência, respeito restrito às regras estabelecidas, condições até então necessárias para a inclusão social, via profissionalização, perdem a relevância, face às novas exigências colocadas pelo desenvolvimento tecnológico e social. (...) A expansão da economia pautada no conhecimento caracteriza-se também por fatos sociais que comprometem os processos de solidariedade e coesão social, quais sejam a exclusão e a segmentação com todas as conseqüências hoje presentes: o desemprego, a pobreza, a violência, a intolerância.(...) Um outro dado a considerar diz respeito à necessidade do desenvolvimento das competências básicas tanto para o exercício da cidadania quanto para o desempenho de atividades profissionais.*

1. PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DOS PCNs http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf 2. Fundamentos dos PCNs A TRADIÇÃO PEDAGÓGICA BRASILEIRA 3. Fonte : Fundamentos dos PCNs ESCOLA E CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA 4. Fonte : PCNs Ensino Médio Capítulo : A LDB e a reforma curricular do Ensino Médio 5. Fonte : Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio Capítulo : O papel da educação na sociedade tecnológica

Saiba mais :
No dia 26/02 o Governo do Estado de São Paulo divulgou o documento Valorização do Professor. Apesar do título, o citado texto destina-se a divulgar análise sobre os resultados do Saresp 2009, que o governo considerou positivos. Entretanto, especialistas ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo (27/02/2010) consideraram os resultados “pífios” e “insuficientes”.
Analistas também destacaram mudança de metodologia, que permite aumentar o número de alunos com desempenho “suficiente”, o que dificulta um acompanhamento da real evolução da educação pública estadual. O mais grave é que, até o momento, ao contrário de anos anteriores, o governo não divulgou detalhes da metodologia utilizada, uma informação de alto interesse público.
Como já se tornou praxe, o governo destaca o que considera “resultados positivos” do Saresp como conseqüências da “política educacional” que vem sendo implementada e, os aspectos negativos, efeitos da má formação dos professores.
O fato, porém, é que não existe política educacional no estado de São Paulo; apenas medidas pontuais, tomadas ao sabor dos acontecimentos, ou dos resultados desta e daquela avaliação, sem um fio de continuidade. Ou melhor, o fio de continuidade é sempre a tentativa de culpar o professor pelos maus indicadores da educação.
O que o governo chama de “política educacional” está centrada no que poderíamos denominar de “obsessão avaliatória”. Dos quatro eixos apontados pelo governo como pilares de sua política educacional, três estão ancorados em avaliações, mas o primeiro deles (os padrões curriculares) tem também um forte vínculo com a avaliação dos professores, pois determina os conteúdos destas avaliações.
O governo auto-elogia os padrões curriculares que adota, mas eles são questionáveis. Que currículo é este? Com quem e onde foi debatido? Os professores foram consultados? Com base em que concepção de educação, de Estado, de cidadão, ele foi formulado? Acreditamos que o governo não tem respostas para estas questões.
O estudo Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Uma Análise Crítica, publicado pela APEOESP e demais entidades do magistério, com a colaboração de especialistas, mostra que a adoção de guias curriculares, nos moldes definidos pela SE, engessa o processo educativo, desconhece as realidades específicas de cada comunidade e as necessidades reais dos alunos.
A forma como o Estado organiza o processo ensino-aprendizagem retira do professor prerrogativas fundamentais, praticamente reduzindo-o à função de um executor em sala de aula, que deve aplicar conteúdos formatados e impostos à sua revelia. Além disso, retira do conselho de escola a possibilidade de formular e implementar o projeto político-pedagógico da unidade escolar, função que lhe é própria e deveria ser incentivada.
Toda a sociedade paulista acompanhou, há um ano, a série de escândalos envolvendo os materiais didáticos e paradidáticos produzidos pela Secretaria Estadual da Educação. Mapas da América do Sul contendo dois Paraguais e nenhum Equador; livros contendo linguagem inadequada para as crianças aos quais foram distribuídos; incitação à violência e outros problemas foram detectados.O Governo, após grande repercussão dos casos, recolheu os materiais, mas nada foi convincentemente esclarecido até hoje e não houve ressarcimento aos cofres públicos.
Preocupa-nos verificar, em uma das entrevistas concedidas pelo secretário da Educação a afirmação de que ampliação do acesso provoca a queda na média das avaliações. Para nós, não há razão para existir esta dicotomia entre quantidade e qualidade. A ampliação do acesso tem que ser pensada juntamente com perspectivas de qualidade do ensino. Do contrário, o acesso se torna mera passagem, e não é isto que queremos na educação.

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