domingo, 2 de novembro de 2008

Criminologia - Eugenia - Freud

Eugenia é um termo criado por Francis Galton (1822-1911), que a definiu como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. O tema é bastante controverso, particularmente após ter sido parte fundamental da ideologia de pureza racial nazista, a qual culminou no Holocausto. Mesmo com a cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em plantas e animais, ainda existe um certo receio quanto ao seu uso entre os seres humanos, chegando até o ponto de alguns cientistas declararem que é de fato impossível mudar a natureza humana, negando o caráter animal de nossa espécie.
Atualmente, diversos filósofos e sociólogos declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como o abuso da discriminação, pois ela acaba por categorizar pessoas como aptas ou não-aptas para a reprodução.



[editar] História
Já na Grécia antiga, Platão descrevia, em República, a sociedade humana se aperfeiçoando por processos seletivos (sem falar que em Esparta já se praticava a eugenia frente aos recém-nascidos, já que não existiam pré-natais, abortivos eficientes, eutanásia e afins), já conhecidos na época. Modernamente, uma das primeiras descrições sobre a eugenia foram feitas pelo cientista inglês Francis Galton.
Galton foi influenciado pela obra de seu primo Charles Darwin, A Origem das Espécies, onde aparece o conceito de seleção natural. Baseado nele Galton propôs a seleção artificial para o aprimoramento da população humana segundo os critérios considerados melhores à época.
Foi também Galton quem lançou as bases da genética humana e cunhou o termo eugenia, para designar a melhora de uma determinada espécie através da seleção artificial, em sua obra Inquiries into Human Faculty and Its Development (Pesquisas sobre as Faculdades Humanas e seu Desenvolvimento), de 1883. Esta obra foi largamente elogiada em matéria da revista americana "Nature", em 1870.
Ao escrever seu livro Hereditary Genius (O gênio herdado) em 1869, Galton observou, compilou dados e sistematizou a inteligência em vários membros durante sucessivas gerações de várias famílias inglesas. Sua conclusão foi de que a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada família se transmite hereditariamente, mesmo sem sequer tomar o cuidado de analisar os meios neuro-sociais de forma imparcial, isenta e proporcional. Por acreditar que a condição inata, e não o ambiente, determinava a inteligência, propôs uma eugenia positiva através de casamentos selecionados.
Na época, a população inglesa crescia nas classes pobres e diminuía nas classes mais ricas e cultas, e se temia uma degeneração biológica. Portanto, a eugenia logo se transformou num movimento que angariou inúmeros adeptos entre a esmagadora maioria dos cientistas e principalmente entre a população em geral na sua época áurea (1870-1933). Trouxe, porém, em função do simplismo e arcaísmo de análise, o seu próprio declínio.
Contrariamente a uma crença popular, a eugenia é inglesa (não alemã) em invenção e estadunidense (não alemã), em pioneirismo legislativo. Outra crença é que a eugenia fosse uma doutrina aplicada ou propagada pela direita política.
[editar] A eugenia nos EUA
Nos EUA surgiu a eugenia negativa - aliança entre as teorias eugênicas européias e o racismo já existente naquele país -, que consiste na eliminação das futuras gerações de incapazes (doentes, de raças indesejadas e empobrecidos) através da proibição de casamento, esterilização coercitiva e eutanásia. Como teoria, vicejou no final do século XIX, quando os imigrantes não-germânicos eram mal vistos pelos descendentes dos primeiros colonizadores.
O patrocínio privado à eugenia começou nos EUA, nos anos iniciais do século XX. Financiadores tanto do racismo nos EUA, como da Revolução Russa eram os milionários americanos John D. Rockefeller, Harriman, Carnegie e tantos outros. Ao capital uniram-se cientistas de Harvard, Yale, Princeton e Stanford. De uma forma rapida e eficaz podemos dizer que Eugenia é a Ciência que se ocupa com o estudo e cultivo de condições que tendem a melhorar as qualidades físicas e morais de gerações futuras
Charles Davenport dirigia o laboratório de biologia do Brooklin Institute of Arts and Science, em Cold Spring Harbor, em 1903, e lá ao Instituto Carnegie instalou uma estação experimental de eugenia. Apoiado por criadores de animais e especialistas em sementes que participavam do movimento eugenista, criou em 1909 o Eugenics Record Office, registro de antecedentes genéticos de americanos com que pretendia pressionar o governo a criar leis propícias à prevenção do nascimento de indesejáveis. O estado de Indiana foi o primeiro a legalizar a esterilização coercitiva, seguido por outros 27 estados. Foram esterilizadas por determinação legal, nos EUA, cerca de 60 000 pessoas, metade delas na Califórnia.
O escritório de imigração de Nova York era mantido por doações da companhia Harriman de trens, e submetia imigrantes judeus, italianos e outros à deportação, confinamento ou esterilização.
Em 1912 foi criado o Comitê Internacional de Eugenia, dominado pelos EUA, e o centro em Cold Spring Harbor era base de treinamento de eugenistas do mundo todo.
[editar] Eugenia no Brasil
Em 1931 foi criado o Comitê Central de Eugenismo, presidido por Renato Kehl e Belisário Penna. Propunha o fim da emigração de não-brancos, e "prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração". Higienismo e eugenismo se confundem, no Brasil.
A Revista Brasileira de Enfermagem passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-1951), conflitos éticos, legais e morais (1954-1976), e eugenia como tema do começo do século XX (1993-2002). Expressa três categorias de conceitos:
luta pelo aperfeiçoamento eugênico do povo brasileiro
responsabilidade da enfermeira em relação ao tema
não há solução para os males sociais fora das leis da biologia.
[editar] O nazismo e a eugenia
Ver artigo principal: Nazismo e raça
As idéias alemãs sobre eugenia vieram do Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas, do Conde de Gobineau, publicado em 1854. Em 1935 as Leis de Nuremberg proibiram o casamento ou contato sexual de alemães com judeus, pessoas com problemas mentais, doenças contagiosas ou hereditárias, mas em 1933 já era lei a esterilização de pessoas com problemas hereditários e a castração de delinqüentes sexuais, incluídos homossexuais.
Segundo alguns historiadores a Alemanha Nazista levou as politícas eugênicas ao extremo, porém, segundo outras fontes, acredita-se que o que ocorreu com os judeus durante o Terceiro Reich foi genocídio, e não foi a aplicação de idéias eugênicas que causou o holocausto e sim o ódio racial entre dois grupos étnicos distintos. O único consenso é que a eugenia foi praticada com alemães que possuiam deficiências físicas ou mentais, através do extermínio, e da esterilização. Entretanto, existem distinções entre as formas de eugenia, como a eugenia positiva (que incentiva pessoas saudáveis a terem mais filhos) e a eugenia negativa (que impede que pessoas com certas limitações se reproduzam), sendo a positiva praticada também no Terceiro Reich, com a criação de centros de reprodução humana.
[editar] A eugenia do século XXI
O geneticista James Watson, prêmio Nobel por sua descoberta da dupla hélice do DNA, dirigiu por 35 anos o laboratório de Cold Spring Harbor, e aposentou-se em outubro de 2007, após ter sido criticado por suas declarações sobre a inferioridade dos africanos, no jornal Sunday Times.
Companhias de seguro, planos de saúde e centros de imigração estão usando descobertas científicas para detectar características genéticas. Diagnóstico pré-natal de possíveis defeitos permite a opção pelo aborto. Estima-se que entre 91% e 93% das crianças diagnosticadas com Síndrome de Down sejam abortadas [1] Estes temas, bem como a AIDS, têm sido discutidos com base em pressupostos eugênicos, sem que se explicite essa referência.
O filme Gattaca, de 1997, descreve um futuro onde a maioria das crianças são selecionadas a partir de embriões fertilizados in vitro, e só os perfeitos são implantados no útero. As pessoas que não são geneticamente planejadas ("in-válidas") são discriminadas pela sociedade.
[editar] A ética e a eugenia
Observando-se do ponto de vista ético, é impossível determinar o ponto exato onde a interferência do Estado pode ou não impedir ou incentivar a reprodução de cidadãos por quaisquer critérios. A comunidade científica sabe que a hereditariedade tem papel importante, porém nunca exclusivo sobre a inteligência de um determinado indivíduo, ou grupos de indivíduos, pois o fator inteligência não é determinado apenas por uma seqüência genética, mas também é influenciado pelo ambiente do indivíduo. Logicamente não podemos afirmar que uma pessoa é mais inteligente do que outra apenas por ela não saber ler. Por outro lado, estudos mais modernos têm mostrado que existem diferentes inteligências e os testes de QI têm valor no mínimo limitado, mas que mostra muito bem a capacidade lógica de um indivíduo.
Apesar de o assunto eugenia sempre por a tona o aspecto cruel da manipulação genética, seria esta talvez uma forma de eliminarmos de vez doenças a muito conhecidas e sem cura por serem uma doença genética. Doenças bacterianas podem ser tratadas com antibióticos, por exemplo, mas uma doença genética não tem cura , e a única solução para essa doença seria necessariamente a eliminação de seus genes causadores. São conhecidos mecanismos fisiológicos de transmissão e expressão de caracteres hereditários. Também são conhecidos métodos que possibilitam inibir o nascimento de indivíduos com defeitos físicos ou enfermidades. De acordo com a seleção natural, indivíduos com doenças seriam naturalmente incapazes de transmitir seu código genético, no entanto isso não ocorre pois qualquer um hoje pode se reproduzir mesmo sendo incapaz e passar sua carga genética para decendentes. Especula-se que uma possível solução para doenças genéticas seria necessariamente um programa de eugenia.
Em vários países o movimento eugênico inspirou a promulgação de leis que determinavam a esterilização compulsória de portadores de certas doenças hereditárias graves. Como lei, a eugenia nasceu nos Estados Unidos, em 1907.
[editar] Disgenia
A disgenia é a degeneração genética nas populações humanas moderna, ela surge com a medicina moderna, quando diversas doenças sérias de caráter genético começaram a ser tratadas, e as vitímas de tais doenças começaram a ter uma expectativa de vida maior, possibilitando a transmissão de certas doenças para as futuras gerações, o que tem contribuído no acúmulo de doenças a cada geração. Tal fato tem sido amplamente discutido entre os eugenistas modernos, e recentemente foi publicado um livro do cientista inglês Richard Lynn tratando do assunto.

moderna Criminologia no Brasil
Genética criminal: hereditariedade e delito. Genealogias criminais e estatística familiar. Estudos sobre gêmeos e adoção. Malformações cromossômicas e comportamento criminal[89]


da "hereditariedade criminal"; vejamos, assim, quais são os fatores hereditários e como influenciam na conduta delitiva.
O significativo percentual de pessoas unidas por um parentesco consangüíneo dentre os enfermos mentais e a presença de um gravame hereditário doentio ou degenerativo muito superior em pessoas delinqüentes que nas não-delinqüentes (hereditariedade pejorativa) foram dois dados estatisticamente comprovados que ensejaram numerosas investigações científicas.[90]


nem todos os componentes biológicos possam ser imputados à hereditariedade (existem conhecidos fenômenos de "mutações genéticas" e de "rebeliões contra a identidade"),[91] os estudos que veremos a seguir sublinham a importância da "carga hereditária

Os âmbitos de preferência da Genética Criminal são: os estudos sobre "famílias criminais" (famílias com descendentes delinqüentes), sobre gêmeos e adoção e as investigações sobre anomalias cromossômicas.
1. Famílias com descendentes delinqüentes ("Famílias Criminais"): Genealogias de delinqüentes.[92] Cuida-se, na verdade, mais de "linhas de descendência" do que de "árvores genealógicas" completas, já que estas investigações costumam acompanhar a descendência de uma só linha, deixando de considerar o influxo hereditário dos demais descendentes

trabalhos pretenderam dar confirmação às teorias hereditárias, já que não era fácil explicar de outro modo a elevada taxa de criminalidade dentre os descendentes de uma mesma família, índice suficientemente significativo para não imputá-lo, sem mais, a fatores externos ou ambientais.
Sem embargo, tais investigações não demonstram que a degeneração, transmitida por via hereditária, seja a causa da criminalidade: os altos índices desta, verificados em alguns grupos familiares ou clãs, explicam-se facilmente por distintas razões. De outro lado, o fato de que famílias socialmente "qualificadas" produzam delinqüentes, enquanto membros de famílias "indesejáveis" se adaptem às exigências comunitárias, parece desmentir a hipótese comentada. Outra objeção que se apresenta às genealogias de delinqüentes – e com razão – consiste na falta de representatividade da amostra que utilizam e na impossibilidade de generalizar seus resultados; assim como no fato de imputar exclusivamente à hereditariedade o que é produto de uma complexa interação de fatores (dentre outros, a aprendizagem, a influência do meio etc.).[93]


A moderna Estatística Familiar (Lund, Göring, Conrad etc.) emprega outras técnicas de controle e comparação metodologicamente mais adequadas para assegurar a confiabilidade de suas investigações

destaca-se a de Lund, que observou que a proporção de delinqüentes condenados por delitos graves é maior dentre aqueles cujos pais também foram delinqüentes. Também a de Bernhardt, que dividiu os delinqüentes examinados em dois grupos: aqueles cujos pais não eram delinqüentes, porém seus avós ou outros ascendentes o eram e aqueles que careciam de ascendentes delinqüentes, observando que, no primeiro grupo, a proporção de irmãos delinqüentes era o dobro que no segundo grupo.[94] Cabe ainda citar Kuttner e Ernest, cujos trabalhos cuidam não da criminalidade dos pais do delinqüente, senão da dos seus filhos.[95]
. Estudos sobre gêmeos.[96] Operam com dois dados fundamentais: a maior ou menor semelhança da carga genética (gêmeos univitelinos ou idênticos ou gêmeos bivitelinos ou fraternos) e os índices de coincidência criminal verificados nos respectivos casos.
Os gêmeos univitelinos (idênticos) ou unizigóticos (identical twins) são produto da fertilização de um mesmo óvulo e têm idêntico genótipo; os bivitelinos (fraternos) ou bizigóticos procedem da fertilização simultânea de dois óvulos (fraternal twins). Lange, em 1929, tratou de comprovar quando um dos irmãos demonstrou sua predisposição delitiva, o que sucedia com o outro, cuja carga hereditária era idêntica. Semelhante ponto de partida adotam outras investigações que, como a de Lange, alcançou os mesmos resultados: uma clara coincidência na trajetória dos gêmeos, ambos seriam delinqüentes. Mas com a seguinte particularidade: os índices de concordância eram muito inferiores nos gêmeos bivitelinos ou bizigóticos.
Desde a tese fatalista inicial de Lange à mais recente e aprofundada de Christiansen,[99] a Genética Criminal experimentou uma evolução sensível, assumindo pouco a pouco a tese de que a hereditariedade da predisposição delitiva é um problema mais complexo. De fato, os trabalhos posteriores[100] fornecem índices de concordância cada vez menos otimistas e reclamam a ponderação de muitas outras variáveis (especialmente ambientais).


tudo parece indicar que é necessário discriminar a incidência do fator genético conforme a modalidade da infração delitiva – foram verificados, por exemplo, índices muito superiores de concordância criminal em delitos sexuais que em delitos contra o patrimônio.[101 Assim, Ensenck encontrou alguns índices de concordância de 85% na delinqüência juvenil, de 65% em relação ao alcoolismo e de 100% na homossexualidade. Quanto à homossexualidade, coincidem com Ensenck: Kallman, Shields e Slater (100% em gêmeos univitelinos).

Uma exacerbação da relevância do fator genético simplifica o problema, mas esquece, como bem disse García Andrade, que o homem não é só hereditariedade, senão história.[

Christiansen examinou a totalidade dos gêmeos havidos na Dinamarca, seguindo dados dos registros oficiais, de 1881 a 1910. E, ademais, partiu da população geral para descer, depois, à criminosa. Encontrou um índice de concordância de 35,8% para os univitelinos e de 12,3% para os bivitelinos, sustentando a necessidade de distinguir a relevância do fator genético, segundo a natureza (sexual, patrimonial etc.) da infração e sua gravidade.


Origem do termo Criminologia


Topinard (1830-1911), antropólogo francês, quem primeiro se referiu ao termo Criminologia. Porém, como ciência, foi Garófalo (1851-1934)

Adolphe Quetelet (1796-1874) havia se referido ao fenômeno criminal para associá-lo de modo inevitável à vida social (02).


Conceito
estuda o crime – o delito de forma genérica – e toda e qualquer questão que lhe diga respeito, direta ou indiretamente.
variação de opiniões é enorme.
P/ exemplificar Apenas dois exemplos da complexidade
P/ Edwin H. Sutherland Criminologia = conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinqüente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo.
P/ Newton Fernandes e Valter Fernandes = conceito mais moderno e mais abrangente
procuram inserir a vítima, como parte de maior interesse do fato delituoso, nesse contexto estudado pela Criminologia, o qual trata, além do fenômeno criminal e as causas endógenas e exógenas que atuam sobre o delinqüente, dos meios de sua reintegração

Área de atuação

acaba por interagir com as mais variadas ciências, notadamente as de caráter penal, mas principalmente do campo do direito

Orlando Soares (05)enumera a
Antropologia Criminal, a Biologia Criminal, a Psicologia Criminal e a Sociologia Criminal como ciências causal-explicativas;
o Direito Penal, o Direito Processual Penal e o Direito Penitenciário como ciências jurídico-repressivas; e a
Criminalística, a Medicina Legal, a Psiquiatria Forense dentre outras, como ciências auxiliares e de pesquisa.
diferentemente do direito penal que vivencia o crime sob o enfoque da transgressão da norma e aplicação da sanção, a criminologia direciona-se mais à pessoa do criminoso e, atualmente, à vítima, pretendendo entendê-los, assim como ao crime, prevenindo que este ocorra e protegendo a sociedade.
4 Finalidade
a Criminologia deve atentar para a orientação tanto da Política Criminal – prevenindo diretamente os delitos mais relevantes para a sociedade – como da Política Social – prevenindo genérica e indiretamente os delitos, ou mesmo ações e omissões atípicas, e intervindo quando de suas manifestações e efeitos na sociedade - Roberto Lyra

Criminologia deve, mais do que ter consciência das condições criminológicas atuais, aplicar concretamente os seus trabalhos a fim de mudar o grave panorama criminal que vivenciamos, uma vez que a Criminologia Tradicional não fez outra coisa senão endossar, legitimar e manter o status quo Orlando Soares

. A EVOLUÇÃO DA CRIMINOLOGIA


delito seja um aspecto indissociável da sociedade – há muito faz sentido a expressão "onde há sociedade há crime"

certeza de sua indispensabilidade, como a perspectiva de que é através dela que podemos encontrar muitas das soluções para o árduo problema do fenômeno criminal.
avanços têm sido significativos
Criminologia passou por fases instigantes e, muitas vezes, conflitivas na busca do entendimento criminológico.
Desde os primórdios da humanidade a Criminologia vem, lentamente, manifestando os sintomas de seu ministério.Depois de um longo caminho de buscas e incertezas, mas sem um retorno considerável em termos quantitativos, foi apenas no final do século XIX que se chegou a uma sistematização da ciência criminológica
1) Período da Antigüidade aos Precursores da Antropologia Criminal;
2) Período de Antropologia Criminal;
3) Período da Sociologia Criminal; e
4) Período de Política Criminal.
Criminologia na Antigüidade
Os antigos, assim considerados desde os viventes dos mais remotos tempos até o nascimento de Cristo, demonstravam não desconhecer a Criminologia.Pelo contrário, passando pelas leis de Moisés (século XVI a.C.), por Confúcio (551-478 a.C.), Sócrates (570-399 a.C.), Platão (427-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), até Sêneca (4 a.C.- 65 d.C.), considerado um grande criminólogo e que via na ira o fundamento para a presença de todo delito na sociedade, nota-se que os estudiosos daqueles tempos também procuravam entender o fenômeno criminal e suas conseqüências, além de realizarem pesquisas de natureza biopsíquica.Mais à frente, já na Idade Média, não havia maiores preocupações quanto à questão da criminalidade, que parecia adormecida, até que São Tomás de Aquino (1226-1274) criou a "Justiça Distributiva", pela qual cada um deve receber aquilo que é seu, segundo um critério de igualdade.Posteriormente, durante os séculos XIV a XVI, tiveram destaque algumas "ciências ocultas", como a astrologia (com base nas constelações), a oftalmoscopia (através das linhas da palma da mão), a fisiognomonia (conhecimento do caráter pelos traços físicos e conformação craniana) etc.
Por fim, antes de Lombroso e da Antropologia Criminal, existiram alguns precursores da Criminologia de ordens distintas, tais como filósofos, pensadores, fisiognomonistas, médicos, psiquiatras, economistas etc, cada qual vendo a questão criminológica sob sua especialidade.Aqui, criticava-se a pena de morte (Thomas Moro: 1478-1535); creditava-se a criminalidade aos fenômenos socioeconômicos (Francis Bacon: 1561-1626 e Descartes: 1596-1650); e classificava-se os delitos segundo o bem jurídico ofendido (Montesquieu: 1689-1755), dentre outras questões.
A Era Antropológica-criminal
aberto pelo italiano Cesare Lombroso, numa época em que a preocupação nesse campo deixava a abstração da Escola Clássica e passava para as verificações objetivas, concretas, sobre o delito e o criminoso, sendo este o maior de seus méritos. (...)concluindo (falsamente, como se comprovou depois) que o verdadeiro criminoso ou criminoso nato possuía sinais característicos, tanto físicos como psíquicos, que o distinguia dos demais indivíduos. Tais individualidades seriam: crueldade, leviandade, aversão ao trabalho, instabilidade, vaidade, tendência, superstição, precocidade sexual, sensibilidade dolorosa diminuída (razão das tatuagens). ele classificou os criminosos em três tipos:
1.o criminoso nato 2.o falso criminoso ou delinqüente ocasional 3.o criminalóide (era "meio delinqüente") Para Lombroso, os indivíduos denominados criminosos natos seriam aqueles que permaneceram atrasados em relação aos demais durante a evolução da espécie, e ainda não perderam a agressividade (11).
Enrico Ferri, embora integrante da Escola Antropológica Criminal, fundou a Sociologia criminal com a divisão dos delinqüentes em sua "Sociologia Criminal", de 1914, classificando-o em cinco tipos distintos (12):
1.o nato, dito por Lombroso, sem qualquer senso moral 2.o louco (incluídos os semi-loucos)
3.o ocasional 4.o habitual (reincidente) 5.o passional (levado ao crime pelo abatimento, pelo ímpeto.
Por outro lado, quanto às causas dos delitos, Ferri classificou-as em três categorias (13):
a) Biológica (relacionadas à herança, à constituição orgânica, aos aspectos psicológicos etc.);
b) Físicas (relacionadas ao meio ambiente, ao clima, à umidade etc.);
c) sociais (relacionadas ao meio social, às desigualdades, às injustiças, ao jogo de azar, à prostituição etc.).
Essa última classificação foi mais tarde agrupada pela escola alemã de Naecker em duas categorias:
a)causas endógenas (relacionadas às causas biológicas); b)causas exógenas (abrangendo as causas físicas e sociais).
Sociologia Criminal
novo período da Criminologia - Roberto Lyra (14), que dizia serem as causas da criminalidade – e não do crime – sempre sociais. Afirmava isso referindo-se às causas externas que influíam na prática delituosa, não nas internas, hereditárias, inerentes ao indivíduo. nova fase criminológica contestava, senão plenamente, ao menos em parte, a teoria lombrosiana do criminoso nato. Escola Francesa, ou sociológica, ao contrário da italiana, de Lombroso, busca nos fatores exógenos, ambientais, a resposta para a conduta delituosa do indivíduo, em determinadas circunstâncias. (...)contribuíram as idéias de Augusto Comte (1798-1857), fundador da Sociologia Moderna, e os estudos de Adolphe Quetelet (1796-1874).
as teorias desse período ser classificadas em três grupos (16):
1)teorias antropossociais: buscam relacionar os princípios de Lombroso com os sociais então sob enfoque. Assim, o delinqüente dito nato sofreria influência do meio social, que o predisporia a cometer delitos; negando a teoria do delinqüente nato, prefere o termo "predisposto". Seus defensores maiores foram Manouvrier e Lacassagne;
2) teorias sociais propriamente ditas: elas enfatizam tão somente os fatores exógenos, deixando de lado qualquer fator endógeno. Seus principais defensores foram Gabriel Tarde e Vaccaro;
3) teorias socialistas: defendendo a influência dos fatores sociais, atribuem maior influência ao econômico. Menos aceita, destacaram-se Turati e Colajanni.
Política Criminal
época de trégua nas discussões entre as teorias italiana e francesa, sobre os estudos de Lombroso.
Surgiram três escolas distintas (17):
1) a Terza Scuola: fundada em três postulados, dizia que: a) o Direito Penal deve ser tido como ciência independente e não parte da Criminologia, como queria Lombroso; b) o delito é causado por vários fatores, inclusive influências do meio ambiente; c) os penalistas e os sociólogos devem promover reformas sociais, no intuito de modificar para melhor as condições de vida da população.
Assim, percebe-se nítida conotação sócio-político-econômica em tais concepções, restando, nesse ponto, exatamente a relação entre a Criminologia e a Política Criminal. No mais, seria através desta que as propostas da Criminologia seriam programadas e executadas administrativamente.
2) a Escola Espiritualista: retorna aos postulados da Escola Clássica do Direito Penal. Aceita a preponderância do conceito de livre arbítrio. Dessa forma, cada indivíduo deve responder pelos atos criminais que eventualmente pratique, já que os realizou de forma livre.
3) a Escola de Política Criminal: ligada fortemente com a Criminologia, em busca dos objetivos da Terza Escola.

5 Atuais tendências em Criminologia
duas concepções ou tendências em Criminologia:
1) a Criminologia Tradicional ou Clássica
Aceita que os comportamentos humanos ilícitos são puníveis tão somente pelo fato de existirem normas postas em aplicação pelo consenso da sociedade quanto à sua necessidade, segundo as concepções da democracia burguesa, do liberalismo político-econômico.
Preocupa-se mais com os fatores que levam o indivíduo à pratica do delito, sem mostrar soluções para o problema do fenômeno criminal.Nesse mesmo sentido, considera fundamental as estatísticas em que se fundam as investigações, estudando apenas os fatos típicos criminais.
2) a Criminologia Radical ou Crítica
Com número crescente de adeptos, procura criticar o Direito Penal, as leis e as instituições envolvidas no problema criminal, vendo-o sob diversos aspectos.O autor lembra das palavras de Lola Aniyar de Castro, segundo as quais falam que a meta de Criminologia Crítica ou Radical não é modificar o delinqüente, mas a lei, o sistema total do qual a lei é instrumento mais poderoso e efetivo.
Buscando a resposta sob o ângulo de uma problemática maior, crê ainda que não há outra solução para o problema criminal senão a construção de uma nova sociedade, mais justa, igualitária e fraterna; menos explorativa e sujeita às vicissitudes dos poderosos.
. PERSONALIDADE E PERSONALIDADES PSICOPÁTICAS
1 Personalidade
Muitas são as denominações
Preferimos, porém, apresentar um conceito de personalidade que, embora simplório, seja bastante direto.
Newton Fernandes e Getúlio Chofard, partindo do pressuposto que pessoa é o ser humano dotado de plenos recursos para desempenhar as funções psicológicas adequadas às suas finalidades vitais (19), atribuem à personalidade o significado de temperamento, atitudes, expressões e emoções aos quais se sujeita o homem (20).(...) personalidade abrangeria, de forma unívoca, todos os elementos de comportamento social do ser humano, que seria afetado no tempo e no espaço diante da sua interação nos ambientes físicos, psíquicos, morais e culturais.
Personalidade psicopática
problema conceitual.(...)A natureza da psicopatologia nos leva a inúmeras denominações, tendo em conta as variáveis descrições clínicas tanto da personalidade como de suas patologias.
Denominações
conceito de normalidade psíquica sobre o qual diz ser relativo, envolvendo fatores sociais, culturais e estatísticos. Dessa forma, sendo sutis os limites da normalidade psíquica, adentram facilmente no campo da anormalidade. (...)sendo a mente uma atividade imaterial, não é correta a expressão doença mental como sinônimo de enfermidade da mente. Por essa razão, a normalidade não é tida apenas como ausência de enfermidade mental, utilizando-se para tais distúrbios a expressão transtorno mental e do comportamento. (...) Quanto às personalidades psicopáticas propriamente ditas, inicialmente foram denominadas como constituição psicopática, mas o tempo consagrou pelo uso aquela expressão.
Kurt Schneider (23), em 1923 personalidade psicopática = anormais, que sofrem por sua anormalidade ou fazem sofrer a sociedade. (...) Classificou os psicopáticos em hipertímicos, deprimidos, inseguros, fanáticos, carentes de valor, explosivos, atímicos ou insensíveis, hipobúlicos e astênicos.
Emil Kraepelin personalidade psicopática = aqueles que não se adaptam à sociedade e sentem necessidade de ser diferentes.
Hélio Gomes = possuem grande dificuldade em assimilar as noções éticas e obedecê-las. Ainda, seu defeito manifesta-se na afetividade, não na inteligência, que pode ser brilhante.
Oswaldo Pataro = personalidades anormais que, apesar de não possuírem defeito intelectual, não são propriamente doentes mentais, mas apenas pessoas com desvios de caráter e afetividade.
França = aquelas que causam profundas modificações de caráter e de afeto, permanecendo normal a inteligência. Crê, assim, não serem elas personalidades doentes ou patológicas, razão pela qual as denomina de personalidades anormais.
Cientificamente, o Manual diagnóstico e estatístico dos distúrbios mentais (DSM III-R e DSM IV) define os distúrbios da personalidade como (28) = modos constantes de perceber, relacionar-se e pensar nos confrontos com o ambiente e consigo próprio, que se manifestam em um amplo espectro de contextos sociais e interpessoais importantes, quando os traços de personalidade são rígidos e não adaptáveis, causando, via de conseqüência, um significativo comprometimento do funcionamento social e laborativo ou um sofrimento subjetivo ou (29), de maneira sintética, um quadro clínico de reação anti-social.
Almeida Júnior e Costa Júnior (30), comentando a particularidade da denominação de cada autor, colocam as personalidades psicopáticas entre as personalidades normais e as psicóticas (estas de pouco intelecto ou alienação mental), não o isentando inteiramente da responsabilidade penal. Cuida de importante distinção, pois as psicoses, embora com sintomas comuns, são mais graves e destroem a personalidade da pessoa, prejudicando o seu senso de realidade, causando delírios, alucinações e impossibilitando o convívio social
Personalidades psicopáticas propriamente ditas
enorme variedade de tipificações clínicas, apresentaremos, primeiro, os sinais mais corriqueiros das personalidades psicopáticas, para depois distingui-las umas das outras
Características gerais
Cleckley = roteiro para a identificação dos traços mais marcantes :
atração superficial e boa inteligência; ausência de delírios e de outros sinais de pensamento irracional; ausência de manifestações psiconeuróticas; inconstância; insinceridade; falta de vergonha ou remorso; conduta social inadequadamente motivada, falta de ponderação e incapacidade de aprender com a experiência; egocentrismo patológico e incapacidade de amar; pobreza geral das grandes reações interpessoais; falta específica de previsão; irresponsabilidade nas relações interpessoais; tendência à conduta fantástica e chocante; suicida-se raramente; vida sexual pobre, impessoal e trivial; não consegue manter um plano de vida.
Personalidade paranóide
Kraepelin, no século XIX, como o primeiro estágio em direção à demência precoce (parafrenia).
Hoje = distúrbio funcional avançado, manifestando-se a partir da pré-adolescência e sendo mais freqüente nos homens. (...) principais características: um rígido padrão de comportamento, principalmente revelado por desconfianças injustificadas, inveja e ciúme; manifesta querelomania; vê motivos ocultos nas ações e críticas dos outros; acaba por isolar-se socialmente de forma progressiva.Esses traços dificultam o seu relacionamento com as pessoas, mesmo que familiares.Sua diagnose, como a maioria das personalidades psicopáticas, contenta-se com a presença simultânea de ao menos quatro dessas características clínicas.
Personalidade esquizóide
"esquizóide" referido por Bleuler (1911) e refere-se a pessoas excêntricas e socialmente isoladas e que possuem parentesco com um esquizofrênico.Seu motivo ensejador está numa fraqueza afetiva com origem na infância.O indivíduo com esse distúrbio possui dificuldade para ter e manter relacionamentos duradouros, ainda que com familiares, razão que o leva a preferir a solidão e a exclusão.É incapaz de se emocionar e não costuma retribuir gestos ou expressões de agrado; frio, possui, baixo desejo sexual por outras pessoas; parecem não querer a intimidade. Assim, o termo esquizóide traduz-se perfeitamente nos casos de empobrecimento afetivo.Apresenta reações bruscas, de caráter violento, sendo personalidade encontrada com bastante facilidade em anarquistas, extremistas, fanáticos, revolucionários etc.

Personalidade esquizotípico
1950, S. Rado = presença no indivíduo de um defeito hereditário 1981 Millon = gravidade média, numa variante mais grave da personalidade evitante tipo esquizóide. (...) diagnose se dá através da constatação dessas características: comportamento bizarro, linguagem e pensamento excêntricos, disposição para modalidades ideativas de tipo mágico, capacidade imaginativa, afetividade reprimida, além de não possuírem amigos, exceto familiares.
Personalidade histriônico ou histérica
A primeira denominação substituiu a histeria, a partir da DSM IV (1980).
mais comum entre o sexo feminino, apresenta grande emotividade e desejo de atrair atenções e se incomoda quando isso não acontece; costuma ser bastante dramático e apresenta comportamento de sedução, imaturidade e dependência. São manipuladores e facilmente influenciáveis, principalmente por figuras marcantes, fortes e autoritárias.
Personalidade ciclóide
alterna-se entre os dois pontos extremos da afetividade: a exaltação e a depressão; a alegria e a tristeza. por instabilidade afetiva, primeiro com agitação e, depois, com depressão. Ele ri, chora ou sofre cólera segundo o meio e a fase que se encontra.Na fase de depressão pode chegar ao suicídio, principalmente entre os pessimistas e os angustiados.Por outro lado, está mais propenso ao delito culposo, em sentido estrito, do que doloso.
Personalidade instável
personalidade anormal bastante freqüente na vida social.O sujeito age com mudanças excessivas, imotivadas e desproporcionais de intenção e de conduta; bastante agitado, age com movimentos irregulares e sem disciplina.É escravo de suas tendências e do meio ambiente, ou seja, tem pensamentos, gostos e intenções instáveis. Também costuma ser metido, descarado, desavergonhado e vicioso contumaz, sendo perturbador da vida social. Além do que, toma decisões bruscas e repentinas, irrefletidas, impensadas e conhece bem a vida sexual.São bastante perigosos na fase impulsiva.
Personalidade obsessivo-compulsivo
atormentados pela necessidade de verificação, apresentando um comportamento perfeccionista, inflexível. Nota-se excesso de preocupação com o que é certo ou errado.São também suas características: detalhismo, rigidez, perfeccionismo; às vezes perdem de vista o objetivo final da ação e não a conclui por procurar manter um nível muito elevado na execução; avarentos até com bens de pequeno valor; indecisos quanto a seus valores morais; são individualistas, perseverantes, organizados.Ainda são de temperamento difícil, mal-humorados, teimosos, tiranos, pensam ser suas idéias onipotentes, sentido-se mal quando contrariados ou coagidos.
Personalidade explosiva ou epileptóide
prevalecem extremos de cólera, que se manifestam verbal ou fisicamente, quase sempre bruscamente.Apresenta humor e irritabilidade emocional com reflexo no aumento da criminalidade. Muitas vezes tal sintoma só aparece quando do uso de bebida alcoólica. Além disso, tem acessos de raiva, ocasião em que perde total ou quase totalmente o autodomínio.Existe correlação com pessoas epilépticas, daí alguns assim denominarem esse tipo de distúrbio.
Personalidade amoral ou perversa ou anti-social
Encontrado em qualquer ambiente e classe social, esse distúrbio de personalidade, como o próprio nome já diz, ignora ou não compreende as normas éticas da sociedade, apresentando tendências anti-sociais intensas.São pessoas cuja periculosidade concentra-se no maior grau de inteligência, que é elevado. Também, apresentam comportamento agressivo e afetividade grosseira. São maldosos, destrutivos e de criminalidade instintiva, ou seja, agem contra tudo e contra todos, unicamente objetivando satisfazer suas tendências para o mal, quer seja, delinqüindo.Devido a algum fator social, manifesta-se já na infância, através da preguiça, inércia, negativismo, crueldade, estado de cólera contínuo, sevícias contra animais e outras atitudes anti-sociais. Depois, apresenta reincidência delituosa na adolescência, sendo comum aparecer perversões sexuais.Esse comportamento costuma prolongar-se no tempo sem que a pessoa dele tenha consciência, não sendo percebido pelo indivíduo antes dos 18 anos.Como lembra Sica (37), eles são habitualmente irresponsáveis em todas as áreas da vida humana, não observando regras mínimas de segurança.

Personalidade hipocondríaca
tem medo de todos os perigos, principalmente de doenças. (...) caracteriza-se pelo excesso de consciência relacionada à integridade física ou saúde do organismo.Os psicanalistas dizem resultar de uma parada ou regressão da libido na fase narcisista, fazendo com que o indivíduo exagere no instinto humano de conservação.
Personalidade homossexual
indivíduos portadores de perversões sexuais, do qual fazem parte, principalmente, as prostitutas.Nada mais é do que uma anomalia do objeto da libido e do comportamento sexual que dela resulta.De tendência inicialmente narcisista, apresenta no início um desejo incontido de êxito e sentimento de insuficiência que o deprecia em seu próprio julgamento.Nisso está o motivo para buscar em um outro papel, através do comportamento do sexo oposto, já que se julga um fracassado.
Personalidade narcisista
forma de auto-erotismo sem estímulos de terceiros. A atribuição do termo à psicopatia foi trazida por Ellis em 1898. (...) são emotivamente fracos e geralmente não se interessa pelos sentimentos dos outros, mas os invejam, tendendo a idealizar as pessoas.Para o diagnóstico há necessidade de se vislumbrar pelo menos cinco dos seguintes caracteres: grande onipotência; fantasias ilimitadas de poder; julgando-se especiais e únicos, exigem para si excessiva admiração; têm a impressão que tudo lhes é devido; falta-lhes empatia e tomam posturas arrogantes e presunçosas.
Personalidade evitante ou hipoemotiva
Sica denomina-lhe personalidade evitante, enquanto que Newton e Valter Fernandes chamam-na hipoemotiva. França diz que são psicopatas inseguros de si mesmos. (...) revela-se na primeira idade adulta, manifestando-se através de forte inibição social. Tímido e retraído, foge do contato com outras pessoas porque teme ser rejeitado, criticado ou ridicularizado.São ainda suas características: tendência à inibição e ansiedade; reputam-se ineficientes, inadequados, subalternos e improdutivos; acham-se incapazes de decidir ou de modificar a própria existência; honestos e escrupulosos, são hipersensíveis a juízos negativos.Muitos são idealistas, religiosos e pouco interessados no sexo oposto, apresentando vida amorosa insatisfatória.Por outro lado, são bastante calmos e conscientes, receando derrotas e frustrações
Personalidade dependente
Distúrbio estudado desde o início do século XX e que foi classificado por Kraepelin, em 1913, como personalidade inábil; Schneider, em 1923, rotulou tais indivíduos como fracos na vontade. Ambos deram-lhes traços de imoralidade. (...) seguintes situações: comportamento dependente e submisso em razão do modo de serem abandonados; dificuldades de discordar, decidir, necessitam que outros assumam a responsabilidade; julgam difícil iniciar ou completar uma tarefa sozinho; desesperam com o fim de um relacionamento e procuram outro como fonte de segurança; fazem qualquer coisa em troca de ajuda e suporte.
Personalidade depressiva
Bastante comum, surge na metade da primeira idade adulta. Sintomas: melancolia habitual, abatimento, falta de alegria ou felicidade. Além disso, são excessivamente críticos e maldispostos, tendendo a sentir culpa e arrependimento. De pouca criminalidade, podem chegar ao suicídio.
Personalidade mitomaníaca
Demonstra desequilíbrio da inteligência, comprometendo as faculdades de discernimento, induzin-do o indivíduo a mentir, simular etc. Apresenta como subtipo os pariômanos, que são indivíduos que fogem por várias horas; sentem essa necessidade de fuga em razão de situações afetivas fortes.
Personalidade passional ou fanática
Caracteriza-se pela tensão afetiva, com tenazes estados de ânimo. A seqüência de decepções e conflitos da vida podem levá-los à delinqüência.Com a idade, tornam-se mais teimosos e opiniosos, chegando a desenvolver reações paranóicas.
Personalidade hiperemotiva
revela-se por traços diversos, tanto de natureza física como psíquica.(...)Só para citar alguns: a) físicos: reações motoras vivas, palpitações, tremores emotivos, calafrios, mudez, tiques, estremecimentos, mutismo etc; b) psíquicos: enervamento, inquietação, irritabilidade etc.

Situação jurídica
Genival Veloso de França França classifica portadores dessas personalidades psicopáticas na classe dos semi-imputáveis, tendo em vista a capacidade de entendimento que ainda possuem, ou seja, estão numa posição fronteiriça dos psicopatas anormais. Contesta também aqueles que julgam essas personalidades como plenamente responsáveis no âmbito criminal, esclarecendo que uma punição outra que não somente a repressiva, seria, ao contrário, nociva em razão da influência que por vezes o ambiente penitenciário lhe traria, fazendo aflorar suas potencialidades criminais.
Também Pataro (39) diz que essa posição intermediária entre a normalidade psíquica e a doença mental, faz com que não tenham esses indivíduos o perfeito senso de autodeterminação. Por isso, devem ser tidos como de responsabilidade limitada tanto penal quanto no civil.
Deles não discorda Odon Ramos Maranhão (40), que também os classifica como penalmente semi-imputáveis, dizendo que o legislador, adotando o sistema vicariante, teve em mente atingir os chamados agentes fronteiriços.
Por outro lado, lembra que tais indivíduos são alvo de controvérsia na área psiquiátrica, não havendo consenso entre os autores, que vagueiam entre a classificação de loucos (penalmente irresponsáveis), semiloucos (semi-irresponsáveis) até mesmo dizendo que não seriam eles portadores dessas "doenças".
No mesmo sentido caminha Almeida Júnior (41), quando diz que apenas depois de cuidadoso exame, onde serão analisados todos os aspectos da vida psíquica e todas as condições ambientais do indivíduo, é que se poderá chegar a uma conclusão acerca da imputabilidade das pessoas portadoras dessas personalidades psicopáticas.
Dessa forma, esse parece ser o caminho que está sendo seguido na prática. Como observa Maranhão (42), os psicopatas, uma vez periciados e constatado o distúrbio, são beneficiados pela redução da pena, mas com a aplicação de medida de segurança, uma vez que, apesar de capazes de entender a natureza delituosa do ato, não conseguem determinar-se de acordo com esse entendimento.Se, após o prazo determinado pelo juiz na sentença, o estado psíquico do internado continuar inalterado, permanecendo os sintomas de periculosidade, a internação se converte e passa a ser por tempo indeterminado.

CONCLUSÃO

uma questão não deve nunca ser deixada de lado: o portador de um desses distúrbios precisa ser analisado segundo o caso concreto e de acordo com a sua psicopatia, já que sujeito a determinadas situações e condições, tanto de natureza endógena como exógena, afetando-lhe biopsicologicamente, antes, durante ou depois da prática do delito.Diante de tantas particularidades, por vezes minuciosas, não deve ser outro o caminho a ser seguido, senão a análise pericial do indivíduo suspeito desse tipo de personalidade.Disso resulta que o delinqüente portador dessas personalidades, ao praticar a infração penal, não pode ser tido como um criminoso comum, tal é o grau de anormalidade psíquica que o atormenta quando do ato.Principalmente diante de nossa legislação penal, que no artigo 26 da Parte Geral do Código Penal, reformada em 1984, determina a necessidade de que o agente, mesmo que portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retarda, tenha, ao tempo da ação ou da omissão, inteira incapaz de compreender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se segundo esse entendimento. De forma semelhante, o parágrafo único de referido dispositivo prevê responsabilidade atenuada, mas ainda assim com tratamento médico especializado para aqueles que não eram inteiramente incapazes de entender e se comportarem de acordo com a conduta pretendida pela lei.
Nesse diapasão, concordamos com Renato Laércio Talli (43), que diz não ser a violência inerente a todo ser humano, pelo contrário, até os criminosos possuem humanidade e não podemos enxergar nos indivíduos com personalidades psicopáticas seres estranhos e condenados em razão do distúrbio que o acomete.Portanto, de forma bastante resumida, podemos concluir que também o psicopata deve ser analisado segundo o caso concreto e de acordo com a sua psicopatia, para que tenha um julgamento justo e possa ser conduzido, segundo o caso, ao tratamento adequado.
Sigmund Freud
Nascimento 6 de Maio de 1856 Příbor, República Checa
Falecimento 23 de Setembro de 1939 (83 anos) Londres, Inglaterra
Escola/tradição Psicanálise (fundador)
Principais interesses Neurologia, Antropologia, Psicologia, Sociologia
Idéias notáveis Inconsciente, sonho, libido, divisão do aparelho psíquico, desenvolvimento psicossexual, pulsão, mecanismos de defesa, determinismo psíquico
Influências Brücke, Darwin, Charcot, Breuer, Sófocles, Shakespeare, Goethe, Schopenhauer
Influenciados Jung, Lacan, Adler, Klein, Escola de Frankfurt, Guattari, de Beauvoir, Castoriadis e outros...
Interessou-se inicialmente pela histeria e, tendo como método a hipnose, estudou pessoas que apresentavam esse quadro. Mais tarde, com interesses pelo inconsciente e pulsões, entre outros, foi influenciado por Charcot e Leibniz, abandonando a hipnose em favor da associação livre. Estes elementos tornaram-se bases da psicanálise. Freud, além de ter sido um grande cientista e escritor (Prémio Goethe, 1930), possui o título, assim como Darwin e Copérnico, de ter realizado uma revolução no âmbito humano: a idéia de que somos movidos pelo inconsciente
Freud, suas teorias e seu tratamento com seus pacientes foram controversos na Viena do século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje. Suas idéias são freqüentemente discutidas e analisadas como obras de literatura e cultura geral em adição ao contínuo debate ao redor delas no uso como tratamento científico e médico
O primeiro caso clínico relatado deve-se a Breuer e descreve o tratamento dado a uma paciente (Bertha Pappenheim, chamada de "Anna O." no livro), que demonstrava vários sintomas clássicos de histeria. O método de tratamento consistia na chamada "cura pela fala" ou "cura catártica", na qual o ou a paciente discute sobre as suas associações com cada sintoma e, com isso, os faz desaparecer. Esta técnica tornou-se o centro das técnicas de Freud, que também acreditava que as memórias ocultas ou "reprimidas" nas quais baseavam-se os sintomas de histeria eram sempre de natureza sexual. Breuer não concordava com Freud neste último ponto, o que levou à separação entre eles logo após a publicação dos casos clínicos.
Na verdade, a classe médica em geral acaba por marginalizar as idéias de Freud inicialmente; seu único confidente durante esta época é o médico Wilhelm Fliess. Depois que o pai de Freud falece, em outubro de 1896, segundo as cartas recebidas por Fliess, Freud, naquele período, dedica-se a anotar e analisar seus próprios sonhos, remetendo-os à sua própria infância e, no processo, determinando as raízes de suas próprias neuroses. Tais anotações tornam-se a fonte para a obra A Interpretação dos Sonhos. Durante o curso desta auto-análise, Freud chega à conclusão de que seus próprios problemas eram devidos a uma atração por sua mãe e a uma hostilidade ao seu pai. É o famoso "complexo de Édipo", que se torna o coração da teoria de Freud sobre a origem da neurose em todos os seus pacientes.
Nos primeiros anos do século XX, são publicadas suas obras A Interpretação dos Sonhos e A Psicopatologia da Vida Cotidiana. Nesta época, Freud já não mantinha mais contato nem com Josef Breuer, nem com Wilhelm Fliess. No início, as tiragens das obras não animavam Freud, mas logo médicos de vários lugares — Eugen Bleuler, Carl Jung, Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi — mostram respaldo às suas idéias e passam a compor o Movimento Psicanalítico.[2]
Freud morre de câncer na mandíbula (passou por trinta e três cirurgias). Supõe-se que tenha morrido de uma overdose de morfina. Freud sentia muita dor, e segundo a história contada, ele teria dito ao médico que lhe aplicasse uma dose excessiva de morfina para terminar com o sofrimento, o que seria eutanásia.
[editar] Inovações de Freud
Freud inovou em dois campos. Simultaneamente, desenvolveu uma teoria da mente e da conduta humana, e uma técnica terapêutica para ajudar pessoas afetadas psiquicamente. Alguns de seus seguidores afirmam estar influenciados por um, mas não pelo outro campo.
Provavelmente a contribuição mais significativa que Freud fez ao pensamento moderno é a de tentar dar ao conceito de inconsciente um status científico (não compartilhado por várias áreas da ciência e da psicologia). Seus conceitos de inconsciente, desejos inconscientes e repressão foram revolucionários; propõem uma mente dividida em camadas ou níveis, dominada em certa medida por vontades primitivas que estão escondidas sob a consciência e que se manifestam nos lapsos e nos sonhos.

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