sábado, 12 de maio de 2007

Lula afirma caráter laico do Estado

Lula afirma que Estado é laico. do G1

10/05/2007 - 16h07 - Atualizado em 10/05/2007 - 21h25
Em encontro com Papa, Lula fala sobre etanol e Bolsa Família
Reunião de 30 minutos ocorreu no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo. Lula afirmou ao pontífice que o Brasil vai preservar Estado laico.
Silvia Ribeiro Do G1, em São Paulo entre em contato
ALTERA OTAMANHO DA LETRA
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de lado o polêmico tema do aborto e, em reunião com o Papa Bento XVI na manhã desta quinta-feira (9), preferiu apresentar ao pontífice políticas do governo federal, como o Bolsa Família e o programa de biocombustíveis.

Ao lado da primeira-dama Marisa Letícia, o presidente reuniu-se com o Papa por cerca de 30 minutos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

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Lula descreveu o Bolsa Família, enfatizando a transferência de renda e o retorno aos estudos de jovens egressos da escola. De acordo com a embaixadora do Brasil no Vaticano, Vera Machado, o Papa demonstrou “um apreço muito grande” ao programa.

O presidente falou ao Papa do programa de biocombustíveis como forma de cooperação com os países da África. A proposta foi elogiada pelo Papa. Sobre o tema, Bento XVI discorreu sobre ações da Santa Sé voltadas a países africanos. Lula também defendeu a importância do biodiesel no combate ao aquecimento global.

O incentivo à agricultura familiar também foi comentado pelo presidente. Trabalhamos com as diretrizes de vida de Jesus. Precisamos cuidar de todos com atenção prioritária para os pobres”, disse Lula, segundo relato da embaixadora. Os dois falaram sobre a importância da família e do relacionamento da Igreja com o Estado para a construção da paz. O presidente Lula manifestou seus valores cristãos e o objetivo de alcançar essa meta.
Lula também defendeu a integração da América Latina no contexto da política externa brasileira. Para o presidente, o Conselho Episcopal Latino Americano (Celam) é um importante instrumento de reforço dessa união latino-americana.

Estado laico
O Papa manifestou o desejo de fechar - ainda durante seu pontificado e o mandato de Lula - o acordo proposto pelo Vaticano ao Brasil para regulamentar as atividades da Igreja Católica no país. A embaixadora do Brasil no Vaticano, Vera Machado, disse que a proposta está em estudo pelo governo brasileiro. Ela não deu detalhes, mas afirmou que o acordo trata de temas como preservação de patrimônio da Igreja no Brasil e formação de sacerdotes.

"(Sendo o Papa) conhecedor da qualidade religiosa do Brasil, quero dizer que nossa intenção é preservar e conservar o Estado laico e ter a religião como um instrumento para tratar do espírito e de problemas sociais", disse o presidente a Bento XVI.

Segundo a embaixadora, o acordo é negociado com base nos princípios fundamentais da Constituição, como Estado laico e liberdade religiosa.

Lula reafirmou a importância da família para a reestruturação dos valores éticos no país e no mundo. “Os valores morais na sociedade não poderão ser reforçados sem o reforço especial da família”, disse o presidente.

Bento XVI defendeu que a educação fosse estendida a todos. Ele enfatizou a educação profissionalizante, mas também a educação como instrumento de reforço dos valores espirituais e morais.

De acordo com a embaixadora, o diálogo entre Lula e o Papa foi caracterizado por “grande harmonia”. Houve agradecimentos recíprocos – o presidente agradeceu a escolha do país para a vista e o pontífice, a acolhida dos brasileiros.

Após o encontro, o governador José Serra se declarou contrário ao aborto. “Ninguém pode ser a favor do aborto, mas essa é uma questão que ainda vai ser debatida no Brasil”, afirmou o governador.
Depois da reunião, Lula carimbou o selo de comemoração à visita do Papa e entregou exemplares ao próprio pontífice, ao governador e ao ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Bento XVI deixou o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, em direção ao Mosteiro de São Bento, no Centro de São Paulo. Ao 12h30, o líder da Igreja Católica vai se reunir com representantes de outras religiões e, em seguida, vai almoçar com representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

No palácio, o sumo pontífice se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes. O pontífice chegou às 10h55 para o encontro. Ao descer do carro, ele foi cumprimentado pelo governador, que apertou suas mãos, e pela primeira-dama Monica Serra, que as beijou.

Na comitiva do Papa estavam Dom Claudio Hummes, prefeito da Congregação do Clero, Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e Dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil.

No caminho para a sala onde iria encontrar Lula, o Papa encontrou a filha do governador José Serra, Verônica, que estava com o neto do governador, Antônio, de 4 anos, no colo. O pontífice conversou rapidamente com a criança e a abençoou, fazendo o sinal da cruz em sua testa.

Assim como o neto de Serra, o neto de Lula, Axtar Alexandre, de 6 anos, também foi abençoado. Ashtar é filho de Sandro Luiz, o "Lulinha".

Serra e a primeira-dama do estado acompanharam o Papa até o Salão de Despachos, no segundo andar, onde ele encontrou o presidente e sua esposa. No salão, o Papa sentou-se à esquerda e o presidente Lula à direita, acompanhado da primeira dama, Marisa Letícia. Dois tradutores se posicionaram atrás do Papa e do presidente para intermediar a conversa.

O Papa, o presidente e o governador
Depois dos 15 minutos iniciais, o governador José Serra e sua esposa, Mônica Allende entraram na sala e integraram-se ao grupo. Com eles também entraram o núncio apóstólico no Brasil, Dom Lourenzo Baldisseri e a embaixadora do Brasil na Santa Sé, Vera Machado. Durante a audiência dos governantes com o Papa, os 40 cardeais que acompanharam o Sumo Pontífice na visita a São Paulo ficaram no Salão dos Pratos, no primeiro andar do Palácio dos Bandeirantes, onde visitaram uma exposição de arte sacra. A exposição será aberta ao público só no dia 14 de maio.

O presente oficial de Lula ao Papa foi uma coleção de 13 livros com a obra completa do pintor Candido Portinari, edição feita pela Petrobras. Já dona Marisa, presenteou o pontífice com um retrato feito pelo pintor Roberto Camasmie.

Selo que será lançado no Palácio do Planalto nesta manhã. (Foto: Divulgação)
Selo
A visita durou cerca de uma hora e, durante a passagem pelo palácio, foi lançado um selo postal criado pelos Correios com a figura do Papa em comemoração à primeira visita de Bento XVI ao país. O selo vai custar 90 centavos e terá a figura de Bento XVI em primeiro plano e da Basílica de Aparecida ao fundo. A tiragem inicial prevista é de 2,04 milhões.
Saudação
A primeira aparição pública do Papa Bento XVI nesta quinta-feira foi ainda no Mosteiro, da sacada, em resposta aos apelos dos fiéis reunidos no Largo. Pouco antes do pontífice deixar o Mosteiro, por volta das 10h, o público estava bastante agitado e havia começado a cantar: "Papa, cadê você? Eu vim aqui só para te ver." Bento XVI quebrou a programação oficial e decidiu acenar, da janela do Mosteiro, para as cerca de 500 pessoas que estavam no Largo de São Bento aguardando a saída do pontífice

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