quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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Entenda a polêmica envolvendo o programa nuclear do Irã - O Estado de SP


Conheça o lado iraniano e as suspeitas de outros países quanto ao programa de Teerã 17 de maio de 2010


O Brasil e a Turquia anunciaram nesta segunda-feira em Teerã um acordo para que o Irã envie urânio para o exterior e receba, em troca, urânio com grau maior de enriquecimento.



O acordo pode ajudar a evitar que o Conselho de Segurança da ONU aprove novas sanções contra o Irã, como defendem os Estados Unidos.



A BBC preparou uma série de perguntas e respostas que ajudam a explicar a complexa situação e a importância do acordo.



O que prevê o acordo?


O Irã enviará 1,2 tonelada de urânio com baixo grau de enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de 120 kg de combustível enriquecido a 20%.



A troca deverá ter o acompanhamento da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU).



Para que o Irã quer o combustível?



Para um pequeno reator de pesquisas médicas em Teerã, instalado pelos Estados Unidos há muitos anos. Ele está sofrendo com a falta de combustível, que antes era fornecido pelo exterior.



Qual seria o problema de permitir que o Irã enriquecesse o próprio urânio?



O argumento contrário é de que, com isso, o Irã poderia desenvolver mais sua capacidade de enriquecimento.



Muitos países temem que o país possa evoluir nesse campo até ter condições de construir um dispositivo nuclear, que requer urânio com um alto grau de enriquecimento, de cerca de 90%.



Por outro lado, especialistas ocidentais acreditam que o Irã ainda não tem capacidade de fabricar sozinho as varetas de combustível necessárias para o reator de Teerã.



Isso os leva a questionar a necessidade de o país ter acesso a urânio enriquecido a 20%, usado nas varetas.



O Irã contesta isso e diz que simplesmente precisa de combustível.



Qual era a situação antes do acordo?



No ano passado, os Estados Unidos, a Rússia e a França propuseram retirar do Irã urânio com baixo grau de enriquecimento em troca de combustível com urânio enriquecido a 20%.



A proposta era que o material fosse enviado para a Rússia e a França - onde seria enriquecido e transformado em varetas para uso no reator de Teerã - antes de ser devolvido ao Irã.

O Irã queria a troca de seu urânio pouco enriquecido por urânio mais enriquecido em pequenas quantidades e em seu próprio território, temendo a possibilidade de não receber de volta seu urânio.

Após meses de incerteza, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, parecia aprovar a ideia original em outubro, mas posteriormente voltou atrás e ordenou aos seus cientistas nucleares que seguissem adiante com o enriquecimento de urânio no próprio país.



O Irã diz que, se receber de outro país o urânio enriquecido a 20% para seu reator de pesquisas, não teria a necessidade de enriquecer o urânio.



Governos ocidentais também argumentam que fornecer ao Irã mais combustível não eliminaria a possibilidade de novos enriquecimentos.



Por que o Conselho de Segurança ordenou que o Irã interrompesse o enriquecimento?



Porque a tecnologia usada para enriquecer urânio para ser usado como combustível na produção de energia nuclear também pode ser usada no enriquecimento de urânio ao nível mais alto.



Há receio de que o Irã esteja ao menos tentando adquirir a experiência necessária para que possa, um dia, se quiser, fabricar uma bomba.



O Irã escondeu seu programa de enriquecimento por 18 anos, então, o Conselho de Segurança disse que, até que as intenções pacíficas do programa nuclear do país possam ser estabelecidas por completo, o país deve interromper o enriquecimento e algumas outras atividades nucleares.



O que o Irã diz sobre a produção de armas nucleares?



O país diz que não descumprirá suas obrigações estabelecidas pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT, na sigla em inglês) e não usará a tecnologia para fabricar uma bomba nuclear.



No dia 18 de setembro de 2009, o presidente Ahmadinejad disse à rede de televisão NBC: "Não precisamos de armas nucleares (...) isso não é parte dos nossos programas e planos".



Ele também disse à ONU, no dia 3 de maio de 2010, que armas nucleares são "um fogo contra a humanidade".



Pouco depois, o supremo líder religioso do Irã, Ali Khamenei, que, segundo relatos, teria baixado um fatwa (decreto religioso islâmico) contra armas nucleares, disse: "Nós rejeitamos fundamentalmente as armas nucleares". Ele já havia dito isso em fevereiro deste ano.



Por que o Irã se recusa a obedecer as resoluções do Conselho de Segurança?




Segundo o NPT, países signatários têm o direito de enriquecer urânio para ser usado como combustível na geração de energia nuclear com fins civis.



Estes Estados devem permanecer sob inspeção da AIEA. O Irã está sendo inspecionado, mas não de acordo com as regras mais rigorosas, porque o país não concorda com elas.



Apenas os signatários que já tinham armas nucleares quando o tratado foi criado, em 1968, têm permissão de enriquecer urânio até o nível mais alto, necessário para a obtenção de armas nucleares.



O Irã dizia que estava simplesmente fazendo o permitido pelo tratado e que pretendia enriquecer urânio até o nível requerido para a produção de energia ou outros fins pacíficos. O país atribui as resoluções do Conselho de Segurança a pressões políticas dos Estados Unidos e seus aliados. E argumenta que precisa de energia nuclear e quer controlar o processo por conta própria.



O presidente Ahmadinejad disse várias vezes que seu país não vai ceder à pressão internacional: "A nação iraniana não sucumbirá a intimidações, invasões ou violações de seus direitos".



O que exatamente o Conselho de Segurança e a AIEA queriam que o Irã fizesse?



Eles queriam que o Irã suspendesse todas as atividades de enriquecimento, incluindo a preparação do urânio, a instalação de centrífugas nas quais o gás do urânio é circulado para separar as partes mais ricas e a inserção do gás nas centrífugas.



Os órgãos da ONU também queriam que o Irã suspendesse projetos envolvendo água pesada, particularmente a construção de um reator de água pesada. Este tipo de reator pode produzir plutônio, que pode ser usado como substituto do urânio em uma bomba nuclear.



A AIEA também pediu que o Irã ratifique e implemente um protocolo adicional permitindo inspeções mais minuciosas como uma forma de criar mais confiança.



Que sanções já foram impostas contra o Irã?



Em março de 2008, a ONU impôs uma última rodada de sanções, que incluem a proibição de viagens internacionais para cinco autoridades iranianas e o congelamento de ativos financeiros no exterior de 13 companhias e de 13 autoridades iranianas.


A resolução também impede a venda para o Irã dos chamados itens de "uso duplo" - que podem ter tanto objetivos pacíficos como militares.

Em 10 de junho de 2008 os Estados Unidos e União Europeia anunciaram que estariam dispostos a reforçar as sanções com medidas adicionais.


Treze dias depois, a EU concordou em congelar bens do maior banco iraniano, o Banco Melli, e estender a proibição de vistos para iranianos envolvidos no desenvolvimento do programa nuclear.



Ainda em junho daquele ano, o então representante da União Europeia para política externa, Javier Solana, apresentou, em nome de China, UE, Rússia e Estados Unidos, um pacote de incentivos econômicos ao Irã em troca de garantias de que o país não fabricaria armas nucleares.



A decisão de elevar o nível de enriquecimento de urânio para 20% provocou novas sanções?


Sim. Um dia depois do anúncio do Irã, o governo dos Estados Unidos anunciou novas sanções, passando a punir quatro empresas ligadas às Guarda Revolucionária do país asiático.



As companhias são ligadas a uma empresa de construção que pertence à Guarda Revolucionária, a Khatam Al-Anbiya, e ao diretor da empresa, general Rostam Qasemi. Os ativos no exterior de Qasemi e das quatro empresas foram congelados.



Segundo o governo americano, os lucros da Khatam Al-Anbiya ajudam a patrocinar os programas nuclear e de desenvolvimento de mísseis do Irã.



Além dos EUA, autoridades da França, da Rússia e da Alemanha também afirmaram que novas sanções seriam necessárias contra o país.


Quais novas sanções seriam possíveis?



A China continua relutante em concordar com novas sanções do Conselho de Segurança. Por isso, uma coalizão de países, que inclui a União Europeia, podem tomar algumas ações separadamente.


Já foi considerado parar a exportação de produtos de petróleo refinado para o país. Apesar da riqueza petroleira, o Irã não consegue produzir uma quantidade suficiente desses produtos sozinho. Apesar disso, há oposição a essa ideia porque poderia afetar a população geral.



Pode haver esforços para conseguir uma proibição para o investimento de petróleo e gás e em negócios financeiros.



Alguns incentivos estão sendo oferecidos ao Irã. Quais são eles?



Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha afirmam que se o Irã suspender o enriquecimento de urânio, podem começar as negociações para um acordo de longo prazo.



A oferta prevê ao reconhecimento do direito do Irã desenvolver energia nuclear para fins pacíficos e o diz ainda que o Irã será tratado "da mesma maneira" que outros Estados signatários do Tratado de Não-Proliferação.



O Irã teria ajuda para desenvolver usinas de energia nuclear e teria garantias de combustível para as usinas. Além disso, receberia concessões comerciais, inclusive o possível fim das sanções dos EUA, que proíbe o país, por exemplo, de comprar novas aeronaves civis e equipamentos para os aviões.



Quais são as chances de um ataque contra o Irã?



O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, já falou diversas vezes do que acredita ser uma ameaça em potencial do Irã. Há relatos de que Israel tenha realizado um grande exercício aéreo, considerado um teste para uma eventual ofensiva contra o território iraniano.



O governo de Israel não acredita que os meios diplomáticos forçarão o Irã a suspender o enriquecimento de urânio e não quer Teerã sequer desenvolva capacidade técnica para produzir uma bomba nuclear.



Portanto, a possibilidade de um ataque de Israel permanece.


Afinal, o que, na prática, impede o Irã de fazer uma bomba nuclear?



Especialistas acreditam que o Irã poderia enriquecer urânio suficiente para construir uma bomba em alguns meses. Entretanto, o país aparentemente ainda não detém o domínio da tecnologia para criar uma ogiva nuclear.



Em teoria, o Irã poderia anunciar que está abandonando o Tratado de Não-Proliferação das armas nucleares e, três meses depois de fazê-lo, estaria livre para fazer o que bem entendesse. Mas ao fazer isso, o país estaria sinalizando suas intenções e ficaria vulnerável a ataques.



Se o Irã tentasse obter secretamente o material para fazer uma bomba e o plano fosse descoberto, o país estaria vulnerável da mesma forma. Por isso, alguns acreditam que a ameaça de que o Irã desenvolva uma bomba atômica tem sido exagerada.



Os países que já têm armas nucleares e são signatários do tratado de Não-Proliferação nuclear não se comprometeram a acabar com esses armamentos?


O artigo 6º do Tratado obriga os signatários a "fazer negociações de boa-fé sobre medidas que levem ao fim da corrida armamentista nuclear em uma data próxima e ao desarmamento nuclear". As potências nucleares alegam que têm feito isso ao reduzir seus arsenais, mas críticos alegam que eles, na verdade, não tem seguido no caminho do desarmamento. Analistas também argumentam que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha violaram o tratado ao transferirem tecnologia nuclear de um para o outro.


E Israel, inimigo do Irã na esfera internacional, tem bombas nucleares?


Israel nunca confirmou isso. Contudo, como Israel não é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, então não é obrigado a obedecê-lo.

O mesmo pode ser dito da Índia ou do Paquistão, dois países que têm armamentos nucleares. A Coreia do Norte abandonou o tratado e anunciou que também tem a capacidade de ter bombas atômicas.



Em 18 de setembro de 2009, a AIEA pediu a adesão de Israel ao NPT ou que o país permita que suas instalações nucleares sejam inspecionadas.



Israel se recusa a aderir ao acordo ou permitir a supervisão. Acredita-se que o país tenha até 400 ogivas nucleares, mas Israel se nega a confirmar ou confirmar isso. BBC Brasil -

“Sinto-me honrado, nessa milenar cidade do Cairo(...)Agradeço a hospitalidade dessas universidades e a hospitalidade do povo egípcio. Trago-lhes com orgulho a boa-vontade do povo americano, e um voto de paz das comunidades muçulmanas em meu país..(...) Nos reunimos num momento de tensão entre os EUA e muçulmanos em várias partes do mundo – tensão que brota de forças históricas e vão além do atual debate político. Vim até aqui em busca de um recomeço, entre os EUA e os muçulmanos de todo o mundo; recomeço baseado em interesse mútuo e mútuo respeito; e baseado na verdade de que os EUA e o Islã não são exclusivos e não precisam viver em competição.” Barack Obama, Discurso na Universidade do Cairo, 4/6/2009

Obama sepulta oficialmente a 'doutrina Bush'


Nova estratégia de segurança dá prioridade à diplomacia em relação ao poder militar

28 de maio de 2010
Patrícia Campos Mello - O Estado de S.Paulo

CORRESPONDENTE / WASHINGTON
O nova doutrina de segurança nacional dos EUA amplia o conceito de segurança para incluir aquecimento global, guerra cibernética e endividamento como ameaças, ao lado de terrorismo doméstico e proliferação nuclear.
A chamada "doutrina Obama" é uma ruptura drástica com a abordagem de George W. Bush, que pregava intervenções militares unilaterais. No relatório de Estratégia de Segurança Nacional, divulgado ontem, o presidente Barack Obama enfatiza a necessidade de agir com apoio de outros países e de instituições multilaterais, além de sublinhar a importância da diplomacia, em vez do militarismo.

Na doutrina Obama, a luta não é mais contra o terrorismo islâmico, como se definia no governo Bush. Obama determina de forma mais exata o adversário dos EUA: a Al-Qaeda e seus aliados. "Nosso inimigo não é o terrorismo, porque o terrorismo é uma tática", disse John Brennan, conselheiro da Casa Branca. "E nós não descrevemos nossos inimigos como islâmicos ou jihadistas."
No relatório, a Casa Branca reconhece a emergência de outras potências e as limitações dos EUA, "endurecidos pela guerra" e "punidos por uma crise econômica devastadora". Essa também é uma diferença marcante em relação a Bush, que não admitia a emergência de novas potências. "Precisamos encarar o mundo como ele é", afirma Obama na introdução do relatório.

A secretária de Estado Hillary Clinton apresentou a nova estratégia em evento e afirmou que os EUA não podem depender de uma "diplomacia militarizada". "Estamos saindo de uma forma mais direta de exercício do poder para uma mistura mais sofisticada e difícil de poder indireto e influência. Por isso, o chamado smart power não é apenas um slogan", disse Hillary.

O documento, de 52 páginas, é usado para estabelecer as prioridades do governo e comunicá-las ao Congresso, aos americanos, e aos estrangeiros. No relatório, Obama volta a prometer que fechará a prisão em Guantánamo, mas não especifica quando ou como.

Na doutrina Obama, não há menção a ataques preventivos, propostos por Bush. Mas Obama não exclui a possibilidade de iniciar um ataque contra um inimigo. "O uso da força às vezes é necessário, mas vamos esgotar as possibilidades antes de recorrer à guerra, e cuidadosamente pesar os riscos e custos da ação, comparada à inação", diz o relatório. Se for necessário agir, "vamos buscar amplo apoio internacional, trabalhando com instituições como a Otan e o Conselho de Segurança da ONU".

NOVAS DIRETRIZES
Ampliar a cooperação
Diplomacia multilateral e reconhecimento de uma nova ordem mundial, com a ascensão do G-20
Fim da guerra preventiva

Conter a violência extremista, sem ligá-la ao Islã, e reconhecer a Al-Qaeda e os radicais em território americano como os grandes inimigos dos EUA

Bem-estar econômico

Crescimento da economia e redução do déficit fiscal para garantir a segurança do país, além do uso de energia limpa

29/10/2002 - 02h51 A Doutrina Bush A nova doutrina americana
MARCIO AITH  da Folha de S.Paulo, em Washington

A Doutrina Bush é o conjunto de princípios e métodos adotados pelo presidente George W. Bush para proteger os EUA depois dos atentados de 11 de setembro, consolidar a hegemonia americana no mundo e perpetuá-la indefinidamente.



Ela parte do pressuposto de que os EUA, única superpotência global, têm o papel de proteger o mundo civilizado de terroristas que vivem nas sombras, se superpõem aos Estados e planejam ataques "iminentes" com armas de destruição em massa.



Se necessário, a doutrina reserva aos EUA a prerrogativa de lançar ataques preventivos contra países ou grupos terroristas antes que eles ameacem interesses americanos.



Para entender melhor esse conjunto de idéias, vale a pena relembrar como a palavra "doutrina" foi usada para definir feições, linhas de conduta e métodos de alguns presidentes americanos no século 20.



O dicionário Aurélio define doutrina como o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico ou científico. Doutrinas não são ações isoladas, mas diretrizes feitas para orientar políticas por períodos que, supõe-se, sejam mais longos que dias, semanas e meses. No passado, coube a historiadores, e não a governos, definir quais idéias e ações tiveram consistência ou duração suficientes para serem chamadas de doutrinas.



Foi assim com a Doutrina Truman, que formou o pilar da Guerra Fria em 1947 e acabou derrotando a União Soviética quatro décadas depois, e com a Doutrina Monroe , de 1823, que garantiu aos EUA a ascendência sobre a América Latina e afastou a influência européia sobre a região. Essas doutrinas foram batizadas como tais anos depois, pelas mãos de observadores independentes.




Diferentemente, quem primeiro cunhou a expressão Doutrina Bush foram autoridades do próprio governo Bush, enquanto a divulgavam. Mais especificamente, foi a assessora de segurança nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, que primeiro a mencionou, durante conversa com jornalistas, em novembro de 2001.



Essa distinção é importante não só porque constata a rapidez com a qual idéias são embaladas em doutrinas atualmente, mas porque indica a intenção de Bush de projetar suas idéias no futuro, não deixando que morram com o fim de sua administração.



Isso não significa que a Doutrina Bush não mereça ser chamada de doutrina. Ao contrário, ela mudou radicalmente o parâmetro da política externa dos EUA, substituindo os princípios da contenção e da dissuasão, típicos da Doutrina Truman, pela possibilidade de ataques preventivos.



A grande dúvida é saber se, como as duas outras doutrinas aqui citadas, a de Bush se projetará no futuro. Ou se, fugaz, será revogada pelo próximo presidente americano e ficará registrada na história como uma espécie de "soluço".



A doutrina é composta por três pilares básicos:



1- "Todas as nações, em todas as regiões, agora têm uma decisão a tomar: ou estão conosco ou estão com os terroristas" (discurso de Bush ao Congresso norte-americano no dia 20 de setembro de 2001). Com essa afirmação, a Casa Branca prometeu caçar terroristas em todo o mundo e ameaçou países que abrigam terroristas ou que optaram pela neutralidade. Nesse discurso, Bush definiu o terrorismo como o principal inimigo da humanidade e condicionou qualquer apoio financeiro e diplomático dos EUA ao engajamento de outros países.



2- "A guerra contra o terror não será ganha na defensiva. Dissuasão —a promessa de retaliação maciça contra nações— nada significa contra esquivas redes terroristas sem nações ou cidadãos para defender. A contenção é impossível quando ditadores desequilibrados, com armas de destruição em massa, podem enviá-las por mísseis ou transferi-las secretamente para aliados terroristas" (discurso de Bush a cadetes da academia militar de West Point em 2 de junho passado). Esse discurso introduziu a opção de ataques militares preventivos como figura central de uma nova ordem mundial. Segundo o presidente, é necessário "levar a batalha ao inimigo e confrontar as piores ameaças antes que venham à tona". Em suma: durante a Guerra Fria, os EUA continham seus inimigos com ameaças. Agora, passarão a destruí-los antes que eles ataquem.



3- "Nossas forças serão firmes o bastante para dissuadir adversários potenciais de buscar uma escalada militar na esperança de ultrapassar ou se equiparar ao poderio dos Estados Unidos" (trecho do documento "A Estratégia de Segurança Nacional dos EUA", enviado por Bush ao Congresso em 20 de setembro de 2002). O significado dessa afirmação é que os EUA não pretendem nunca mais permitir que sua supremacia militar seja desafiada.



Existem outros aspectos da Doutrina Bush que, embora menos importantes, têm relevância. Um deles é o econômico. O mesmo documento enviado ao Congresso no dia 20 de setembro diz que "comércio e investimento são os motores reais do crescimento" e que "livre comércio e livre mercado são prioridades-chave da estratégia de segurança nacional".



Os EUA sinalizam também oposição a qualquer tipo de modelo econômico baseado na intervenção estatal, "com a mão pesada do governo". Esse aspecto é importante para países como o Brasil, pois os EUA prometem usar sua influência em instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) para obter esses e outros objetivos.

Marcio Aith, 35, é correspondente de Folha em Washington desde 1999. Foi, no passado, advogado e craque de futebol.


Links Crise Petróleo Opep

http://www.brasilescola.com/geografia/a-crise-do-petroleo.htm

http://pe360graus.globo.com/educacao/educacao-e-carreiras/geografia/2010/08/16/NWS,518843,35,595,EDUCACAO,885-PROFESSOR-GEOGRAFIA-EXPLICA-CRISE-PETROLEO-1973.aspx

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