sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Crise nos mercados Norte Americanos

10/08/2007 - 15h33
Bovespa cai 1,6% e dólar avança para R$ 1,94; mercado modera nervosismo
EPAMINONDAS NETOda Folha Online
Os bilhões de dólares anunciados por alguns dos principais bancos centrais do planeta refrearam parte do nervosismo dos mercados de capitais com a crise dos créditos imobiliários americanos.
O Ibovespa, principal indicador da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), sofre perdas de 1,60%, aos 52.577 pontos, nesta sexta-feira. No pior momento da crise, a Bolsa brasileiro chegou a amargar queda de 3,27%. O dólar comercial é negociado a R$ 1,940 para venda, em alta de 0,83%.
O risco-país, medido pelo indicador Embi+ (JP Morgan), marca 192 pontos, número 2,67% superior à pontuação final de ontem.
Analistas têm afirmado que a volatilidade dos mercados ainda deve permanecer nos próximos dias. "Sem respaldo dos fundamentos econômicos e com bancos centrais atuantes, a racionalidade aponta para uma redução das tensões, ainda que sujeita à volatilidade de curto prazo. No médio prazo, os fundamentos devem voltar a imperar", avalia a economista-chefe do banco Fibra, Maristella Ansanelli.
As autoridades monetárias da Ásia, Europa e Estados Unidos foram a mercado para oferecer uma centena de bilhões ao sistema bancário para fazer frente a uma possível crise de liquidez (oferta de crédito). O BC americano, o Federal Reserve, divulgou nota e afirmou que agiria para garantir "funcionamento ordenado" do sistema financeiro --ja foram três liberações de fundos só nesta sexta.
Apesar de desacelerar a queda, as Bolsas americanas ainda operam em forte baixa. Às 15h30, a Bolsa de Valores de Nova York estava em queda de 1,06%, operando com 13,130.45 pontos no índice Dow Jones Industrial Average (DJIA).
Na Europa, o BCE (Banco Central Europeu) injetou no mercado 61,05 bilhões de euros (US$ 83,3 bilhões), com vencimento de três dias, em um leilão adicional de financiamento rápido para injetar liquidez no sistema financeiro --ontem já havia liberado 94,8 bilhões de euros, a maior já feita pelo órgão. Também fizeram liberações os bancos do Japão, Austrália e Canadá.
Mesmo assim, as Bolsas européias fecharam em baixa. A Bolsa de Londres caiu 3,71% (maior recuo entre as européias hoje) e fechou com 6.038,30 pontos; a Bolsa de Paris registrou baixa de 3,13%, fechando com 5.448,63 pontos; a Bolsa de Frankfurt teve queda de 1,48% e fechou com 7.343,26 pontos; e a Bolsa de Milão encerrou o dia com perda de 2,48% e 30.418 pontos.
No Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou os últimos dias concedendo entrevistas para tranquilizar investidores e reforçar a tese de que o país tem fundamentos econômicos mais sólidos para enfrentar uma nova crise do sistema financeiro mundial.
Crise
O mercado já monitorava há meses os problemas com as hipotecas americanas, principalmente no caso de empréstimos de mais alto risco (os chamados "subprime"). Quando a inadimplência dessas operações superou as expectativas, empresa após empresa nos EUA começou a relatar problemas de caixa. Ontem, parece que finalmente esses problemas atravessaram as fronteiras americanas.
O banco francês PNB Paribas , um dos mais importantes da Europa, anunciou o congelamento de saques de três fundos "lastreados" nesses papéis. No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos financeiros que vão render juros para investidores na Europa.
Sob a perspectiva de problemas de liquidez (oferta de crédito) em mais fundos, os investidores se retraíram, no tradicional movimento de aversão ao risco, que afeta diretamente os mercados de economias emergentes. Com medo, os investidores fogem das ações e investem em títulos mais seguros.

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