terça-feira, 13 de março de 2012

Parlamento do Egito pede que governo revise acordos com Israel

12/03/2012 - 17h59

Parlamento do Egito pede que governo revise acordos com Israel

Folha São Paulo - DA EFE, NO CAIRO
A Assembleia do Povo do Parlamento do Egito pediu ao governo do país a revisão de todas as relações e acordos com o Estado de Israel, a primeira medida do gênero após a renúncia do ditador Hosni Mubarak, em janeiro de 2011.
Os congressistas da câmara baixa da casa, equivalente à Câmara de Deputados brasileira, qualificaram o país judeu como "inimigo número um do Egito e do mundo árabe". Após as eleições de janeiro, a casa ganhou maioria de militantes islâmicos, especialmente da coalizão formada pelo grupo Irmãos Muçulmanos.
Os parlamentares também aprovaram uma resolução que pede a expulsão do embaixador israelense no Cairo e a retirada do corpo diplomático egípcio de Israel. Apesar das aprovações, a Junta militar ainda possui o poder na política internacional e afirmou em diferentes ocasiões que não pretende reavaliar os tratados internacionais.
ENTIDADE SIONISTA
O documento, que chama Israel de "entidade sionista", contém oito pontos que marcam uma mudança na política egípcia no Oriente Médio.
Além de considerar Israel o principal inimigo do país e pedir a interrupção das relações diplomáticas, exige o fim imediato do envio de gás ao país e a revisão do acordo de não proliferação de armas nucleares enquanto o país judeu não assinar o documento.
A resolução também menciona os Estados Unidos, pedindo que os americanos e a comunidade internacional atuem "com seriedade" ante o perigo nuclear israelense da mesma forma que fazem com o Irã e diz que Israel é "extensão natural" americana.
O motivo apontado para a aprovação da moção contra Israel são os bombardeios israelenses contra a faixa de Gaza que, desde sexta-feira, já provocaram a morte de pelo menos 23 pessoas e ferimentos em outras 70.
A paz entre Egito e Israel foi assinada em 1978, através do contrato de Camp David. Com a queda de Mubarak, aumentou a hostilidade contra Israel e os ataques aos gasodutos que ligam os dois países.

Assad rejeita propostas da ONU e tropas atacam Idlib


10/03/2012 - 18h40

Assad rejeita propostas da ONU e tropas atacam Idlib

Folha de São Paulo DA REUTERS, EM BEIRUTE
O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse neste sábado ao enviado especial conjunto da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que não há nenhuma possibilidade de uma solução política na Síria enquanto grupos "terroristas" estiverem tentando desestabilizar o país.
"A Síria está pronta para garantir o êxito de qualquer esforço honesto para encontrar uma solução para os acontecimentos que ela está testemunhando", afirmou Assad, de acordo com a agência de notícias estatal SANA.
"Nenhum diálogo político ou atividade política poderão ser bem sucedidos enquanto houver grupos terroristas armados operando e espalhando o caos e a instabilidade", disse o líder sírio depois de cerca de duas horas de reunião com o ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas.
Um porta-voz da ONU disse que Annan havia feito propostas a Assad para acabar com a violência e os assassinatos, permitir o acesso das agências humanitárias, libertar os detidos e iniciar um diálogo político na Síria.
As conversações foram "sinceras e abrangentes", teria dito Annan. Ele vai se encontrar com o presidente Assad novamente no domingo, antes de deixar a Síria para visitar o Catar. Mais tarde neste sábado, Annan se encontrou com líderes da oposição, jovens ativistas e empresários.
Milhares de pessoas já morreram na Síria desde que uma revolta popular contra Assad começou há um ano. Segundo a ONU, esse número já passa de 7.500 vítimas.
Enquanto Annan e Assad discutiam a crise, tropas sírias atacavam a cidade de Idlib, um reduto rebelde.
"Forças do regime acabaram de entrar em Idlib com tanques e bombardeios pesados estão ocorrendo agora", disse um ativista local por telefone. O barulho das explosões podia ser ouvido durante a chamada.
Dezesseis combatentes rebeldes, sete soldados e quatro civis foram mortos durante o combate em Idlib, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que afirmou que outras 15 pessoas, incluindo três soldados, morreram devido à violência em outra localidade.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que se encontrou com Annan no Egito mais cedo neste sábado, disse à Liga Árabe que o seu país "não estava protegendo nenhum regime", mas que não acreditava que a crise Síria fosse culpa de apenas um dos lados.
Ele pediu um cessar-fogo e o acesso de ajuda humanitária, mas o Catar e a Arábia Saudita criticaram fortemente a posição de Moscou.
Annan, que também se reuniu com Hassan Abdulazim, um antigo oponente de Assad, pediu que se encontrasse uma solução política, mas muitos líderes da oposição dizem que o momento para o diálogo já passou há muito tempo.
"A violência precisa cessar e os presos devem ser libertados para que um período de transição seja negociado", disse Abdulazim depois da reunião. "Não haverá nenhuma solução para a crise enquanto houver violência, matanças, prisões e ameaças."
O Conselho Nacional Sírio que está no exílio disse em um comunicado no seu site que qualquer diálogo está descartado enquanto Assad estiver no poder.
A visita de Annan a Damasco aconteceu depois de um dia violento em que, segundo ativistas, as forças de Assad mataram pelo menos 72 pessoas ao bombardear partes da cidade rebelde de Homs, além de tentar dissuadir manifestantes e esmagar rebeldes em outras partes do país.